A Açaí Concept, rede de lojas de produtos à base da fruta, que nasceu em Maceió (AL), em 2014, anunciou uma parceria com a aceleradora de franquias 300 Franchising: agora são sócias no negócio. A marca acredita em uma receita de R$ 140 milhões para este ano, repetindo igual desempenho de 2020, que foi um ano desafiado pela pandemia de Covid-19. A aceleradora vem pela pressa em crescer, à medida que a economia dá sinais de voltar aos trilhos. “Até 2022 acreditamos poder dobrar o que somos hoje”, diz o português Miguel Teixeira da Silva, fundador e CEO da marca. “A aceleradora vai fazer o comércio da franquia, o restante fica com a gente.”
A meta são 1.500 lojas franqueadas, ante as atuais 330. Neste ano, estão em processo de abertura, ou já em funcionamento, mais 120 unidades. “Queremos ser o McDonald’s do açaí”, afirma Silva. Do ponto de vista da produção, o executivo reconhece a fragilidade da cadeia da fruta, embora ela venha conquistando pontos em sua formalização. “Na cadeia do açaí há uma informalidade muito grande. Nos preocupamos desde o início em trabalhar com quem nos dê tranquilidade de poder ter a segurança de vender o açaí”, diz ele. A marca tem como fornecedora de matéria-prima e produtos, como os cremes da fruta, a Frooty Brasil, fundada em 1994, a maior empresa de açaí processado do país a partir da fruta colhida na região amazônica. “Com essa parceria não precisamos nos preocupar porque há vários produtos processados, orgânicos e não orgânicos e sabemos a procedência”, afirma Silva.
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O estado do Pará é o maior produtor da fruta no país, com cerca de 95% da produção. Somente do conjunto formado pelos municípios de Igarapé-Miri, Portel, Abaetetuba, Cametá e Breves saem, por ano, quase 1 milhão de toneladas. Todo o estado produz 1,4 milhão, em 190,5 mil hectares. Outros estados produtores são Amazonas, Acre, Maranhão, Amapá e Rondônia.
De acordo com o Sindifrutas (Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará), o movimento da cadeia do açaí é de US$ 1,5 bilhão por ano. O potencial de crescimento do mercado está encostando em 15% anuais. A organização da agroindústria da fruta, com 20% colhida no primeiro semestre e 80% no segundo semestre, é fundamental para o amadurecimento desse mercado. Na ponta do consumo, Teixeira acredita que o crescimento da marca está baseado no tipo de modelo de negócio escolhido e claro, na confiança de que por trás tem um cadeia formalizada de fornecimento. Enquanto muitas marcas optaram pelos shoppings como carro chefe da expansão, a Açaí Concept investiu nas lojas de rua. “Cerca de 90% das lojas estão na rua e o delivery foi importante”, diz ele. O executivo afirma que o açaí pode fazer parte das mais frequentes escolhas do consumidor, entre elas o sushi, o hot dog ou o hambúrguer.
Teixeira também salienta que um dos pilares da expansão da cadeia do açaí está na socialização do consumo, com um público alvo heterogêneo, já muito descolado da imagem do açaí das academias de ginástica da primeira onda nacional dos anos 1990. “Acredito que 80% das nossas vendas têm um componente lúdico, por exemplo como os cremes da fruta, uma experiência de consumo”, afirma Teixeira. Nos anos 2000, o consumo estimado per capita da fruta no país era de 60 gramas por ano. Não há dados atualizados, mas uma estimativa da Embrapa mostra que “somente no estado do Pará sejam consumidas cerca de 300 mil toneladas de açaí anualmente. Para fora do mercado paraense, cerca de 150 toneladas de açaí são consumidas anualmente no estado de São Paulo, 500 toneladas no Rio de Janeiro e 200 toneladas nos demais estados brasileiros”.
É justamente nos novos polos que o consumo cresce, aposta Silva. Não por acaso, um robusto braço de crescimento atual da rede está na região Sul, com Santa Catarina e Rio Grande do Sul em um processo contínuo de abertura de lojas, muitas delas em médias cidades. Os mercados mais consolidados estão no Nordeste, com Sergipe Bahia e Paraíba, mais São Paulo, com 50 unidades, e o Rio de Janeiro. “Nossa missão é crescer”, diz o executivo. A marca tem presença internacional, com lojas em Portugal, EUA, Chile, Suíça, Canadá e França – inaugurada no mês passado – mas a maior força de crescimento está mesmo no Brasil. “Sim, o Brasil é nosso alvo principal. O mercado é aqui e o próximo alvo será Minas Gerais.”
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