O programa PRO Carbono, da multinacional Bayer, será expandido em mais de quatro vezes na safra 2021/22, alcançando cerca de 1.800 produtores brasileiros e buscando incentivar práticas agrícolas mais sustentáveis, ao mesmo tempo em que pode ajudar o agricultor em futuras negociações de créditos de carbono.
A agricultura – considerada um importante vetor de emissões na atmosfera – pode também sequestrar de 1,5 a 2 toneladas de carbono por hectare, dependendo das práticas utilizadas, disse à Reuters o diretor do negócio de Carbono da Bayer para a América Latina, Fábio Passos.
Mas o problema, segundo ele, é que ainda faltam modelos científicos que validem como isso funciona, especialmente na agricultura tropical do Brasil – uma situação que o programa PRO Carbono quer ajudar a amenizar.
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Enquanto esse processo – cuja comprovação pode levar cerca de três anos e inclui análises criteriosas de solo – é desenvolvido, o programa bancado pela Bayer incentiva produtores de grãos e oleaginosas a melhorar suas práticas agrícolas para obter maiores produtividades e renda.
“Estamos entendendo que o crédito de carbono é o final, é a consequência, não é a causa. Então começamos a atuar para que o agricultor tenha mais práticas sustentáveis e produza mais; esse é o agricultor que vai ter perfil de solo melhor para sequestrar esse carbono”, afirmou o executivo da gigante do setor de agroquímicos, antecipando dados da segunda fase do programa.
O processo de assistência técnica aos produtores tem a participação da Embrapa, universidades como a Esalq/USP, 70 consultorias e startups.
Além disto, o programa acaba de ganhar um parceiro de peso, a produtora de fertilizantes Mosaic, uma vez que o uso otimizado de adubos é uma das recomendações previstas nas melhores práticas de manejo, revelou o executivo da Bayer.
Além dos conhecimentos técnicos da UniMosaic, por meio de cursos, os agricultores participantes também deverão ter acesso a soluções de financiamento com condições mais vantajosas. O Itaú BBA também participa do programa.
Na mesma linha, a Bayer negocia a integração de seguradoras ao PRO Carbono.
“A parte importante é: precisamos valorizar o agricultor antes do carbono; [ele] vai produzir mais com mais sustentabilidade, produzindo mais com menos risco. Para isso, conectamos ele com banco, seguradora e empresa de fertilizante, para ele ter benefícios de curto prazo…”, disse o executivo.
Passos disse que, uma vez que todas as aferições no solo relativas ao carbono sejam comprovadas, aí o agricultor poderá ter, no longo prazo, também acesso ao mercado de créditos.
“Este modelo gera 10% a mais de produtividade e 6% a mais na rentabilidade… Então não é só o carbono que estamos discutindo”, disse, chamando a atenção aos benefícios de curto prazo.
O executivo disse que não ter como precisar o investimento no projeto.
AVANÇO NA ARGENTINA
O PRO Carbono, desenvolvido em dez países atualmente, começou no ano passado no Brasil e nos Estados Unidos, e está sendo expandido na safra atual para a Argentina, disse o executivo.
Mas é no Brasil que ele reunirá o maior número de participantes. No momento, o projeto prevê assistência técnica e monitoramento de solo em 670 municípios de 16 Estados.
O programa envolverá mais de 215 mil hectares no Brasil, sendo que cada propriedade poderá participar com apenas um talhão. Nos EUA, o PRO Carbono reúne 600 agricultores, e na Argentina ele iniciará com cerca de 140 produtores rurais.
Os agricultores estão dentro do chamado escopo 3 de emissões de gases do efeito estufa da Bayer e de outras empresas da cadeia alimentar. A companhia tem compromisso global de reduzir em 30% as emissões até 2030, e de apoiar 100 milhões de agricultores por meio de parcerias e inovações. (Com Reuters)
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