A exportação de café verde do Brasil em agosto atingiu 2,33 milhões de sacas de 60 kg, queda de 27,9% ante o mesmo mês de 2020, informou ontem (13) o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), que atribuiu o recuo principalmente a entraves logísticos devido à insuficiência de contêineres para embarques.
A exportação de café do tipo arábica atingiu 2,1 milhões sacas, queda de 23,8% na mesma comparação, enquanto os embarques de grãos robusta somaram 228,5 mil sacas, queda de 51,9%.
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De acordo com a entidade, a reviravolta no desempenho das exportações brasileiras de café, que eram positivas até o acumulado de julho, reflete a continuidade dos gargalos logísticos no transporte marítimo, “um problema estrutural que extrapola as fronteiras do Brasil e do produto”, disse o presidente do Cecafé, Nicolas Rueda.
“Essa grave crise operacional gerou disparada no valor dos fretes, constantes cancelamentos de bookings – espaço dos contentores nos navios -, dificuldade para novos agendamentos e disputa por contêineres e lugares nos navios”, afirmou ele, em nota.
Segundo apuração do conselho junto aos exportadores, os entraves fizeram com que o Brasil deixasse de exportar cerca de 3,5 milhões de sacas entre maio e agosto de 2021, o que, considerando os preços médios dos embarques, equivale ao não ingresso de aproximadamente US$ 500 milhões em receitas ao país.
“O levantamento também mostrou que a média das rolagens de carga variou entre 10% e 20% de janeiro a abril de 2021, saltou para entre 20% e 30% em abril e maio, chegando aos patamares médios de rolagens de 40% a 50% nos últimos três meses, o que explica o significativo volume de café que o Brasil deixou de embarcar”, disse.
Rueda explicou que, com o avanço da vacinação e a reabertura das principais economias globais, especialmente Estados Unidos e Europa, houve um aumento “monumental” na demanda por alimentos, bens e serviços, gerando intensa procura por navios, oriundos principalmente da China e de outros países da Ásia, para essas regiões.
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Além dos entraves logísticos, o presidente do Cecafé apontou que foi no terceiro trimestre que o fluxo do comércio exportador começou a fazer a transição da grande safra 2020/21 para a 2021/22, que é menor em função do ciclo bienal negativo e dos impactos da estiagem.
Segundo o Cecafé, o volume colhido pelo Brasil neste ano contrasta de maneira significativa com a temporada anterior, “que será lembrada como uma das maiores da história”.
O Brasil responde por quase 40% do comércio mundial de café. Atrasos podem interromper as operações de algumas torrefadoras nos Estados Unidos e na Europa, seus maiores clientes.
Falhas na cadeia de suprimentos e escassez varreram o mundo na esteira da pandemia da Covid-19 em meio a um aumento nos pedidos on-line e interrupções no sistema de transporte, porque os trabalhadores adoeceram ou decidiram abandonar esses empregos.
Os contêineres têm sido mais procurados em destinos como os EUA e têm permanecido lá por mais tempo do que o normal, causando uma escassez em rotas como a América do Sul para os EUA ou da Ásia para a Europa.
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A Datamar, agência de informações marítimas, disse ontem (13) que o Brasil recebeu 604 navios porta-contêineres em agosto, 10% a menos que no mesmo mês do ano anterior.
“Há muita demanda (de embarque) e a infraestrutura demora para reagir. Os portos estão no limite de capacidade”, disse Rueda. (Com Reuters)
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