As usinas a partir de bagaço de cana–de-açúcar lideraram as vendas no leilão de energia nova A-5, com entrega a partir de 2026, respondendo por mais de 32% do total comercializado, com a fonte térmica também apresentando o maior deságio entre os geradores participantes.
As térmicas, incluindo um projeto de cavaco de madeira, negociaram 9,3 milhões de MWh, ou cerca de 37% do total de 25,14 milhões de MWh vendidos no leilão, de acordo com dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), que realizou o leilão juntamente com a reguladora Aneel.
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Esses empreendimentos a biomassa viabilizados no leilão terão 301,2 MW de potência, de um total 860,7 MW, que incluem também outras fontes, como parques eólicos, solares, uma hidrelétrica e uma usina a partir de resíduos sólidos urbanos.
“A biomassa é uma fonte tradicional na matriz brasileira e que apresentou uma boa competitividade neste leilão, o que potencializou seus resultados, além do preço inicial mais elevado ser atrativo para os empreendedores”, avaliou o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri, após ser consultado pela Reuters.
“Avaliamos como positiva a contratação destas usinas e das outras fontes, mantendo a diversificação do nosso parque gerador”, completou.
Em nota à imprensa, ele disse ainda que o resultado vai “ao encontro do nosso objetivo de modernizar o parque brasileiro e substituir usinas mais caras por empreendimentos mais baratos”.
Para o gerente de bioeletricidade da Unica (União da Indústria de Cana–de-Açúcar), Zilmar Souza, a liderança da biomassa no A-5 mostra que está havendo um processo de melhorias na forma de contratação dessa fonte.
“Com o reconhecimento efetivo dos atributos dessa fonte no futuro, a biomassa poderá responder rapidamente e positivamente nos próximos leilões de energia elétrica, entregando uma energia não intermitente e renovável ao sistema”, disse ele.
O preço médio de venda dos projetos termelétricos a biomassa foi de R$ 271,26 por MWh, ante valor inicial de R$ 365, o maior deságio do leilão, de 25,7%.
No caso do empreendimento a partir de resíduos sólidos, que marcou a estreia da fonte como vendedora no leilão, a negociação foi de 2,1 milhões de MWh, e o preço ficou em R$ 549,35, deságio de 14%.
Os projetos de geração solar venderam quase 4 milhões de MWh, viabilizando projetos de 236,4 MW de potência, seguidos pelos empreendimentos eólicos (3,66 milhões de MWh, em projetos de 161,3 MW) e um hidrelétrico, com venda de cerca de 6 milhões de MWh (141,9 MW).
Segundo o presidente-executivo da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), Rodrigo Sauaia, o volume arrematado de fontes mais caras (biomassa) ainda foi maior no certame, o que traz um sinal de alerta para o governo federal e para os consumidores.
Ele disse que volume contratado de energia solar foi “muito baixo em comparação com o número elevadíssimo de projetos participantes do leilão”. A solar ofertou mais de 800 projetos.
“Isso ocasionou uma alta competição entre os empreendedores, produzindo preços-médios abaixo da referência para a fonte solar fotovoltaica no Brasil, o que demonstra uma alta capacidade competitiva da fonte, mesmo em momentos de turbulência macroeconômica”, comenta.
Os menores preços fechados foram para os projetos eólicos, a R$ 160,36 por MWh, com deságio de 16%, enquanto os solares tiveram valor de R$ 166,89 por MWh (deságio de 12,6%). O projeto hidrelétrico negociou energia a R$ 174,27 por MWh.
O leilão, que movimentou R$ 5,99 bilhões, deverá gerar investimentos de R$ 3,067 bilhões, viabilizando obras de 40 usinas, segundo dados da CCEE.
DEMANDA ATENDIDA
Este foi o terceiro leilão de energia nova organizado em 2021, disse a CCEE em nota, destacando que o deságio médio das negociações, incluindo todas as fontes, foi 17,48%.
Com contratos fechados abaixo do valor nominal, a economia obtida foi de R$ 1,269 bilhão.
As distribuidoras que declararam demanda para o leilão, segundo a CCEE, foram a Celpa, Cemar, CPFL Jaguari, CPFL Paulista e Light. Elas serão abastecidas pelos empreendimentos contratados por até 25 anos, a depender do tipo de fonte.
“O leilão teve sucesso porque conseguiu contratar toda a demanda declarada pelas distribuidoras”, avaliou o gerente-executivo da Secretaria Executiva de Leilões da Aneel, André Patrus, em entrevista online a jornalistas. (Com Reuters)
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