Que iniciativas vêm sendo tomadas pela Embrapa para se chegar a uma produção de proteína mais sustentável?
O melhor exemplo é a carne carbono neutro, que colocamos no mercado junto com uma grande empresa de proteína animal (a Marfrig). Ela é produzida dentro do sistema chamado de integração lavoura-pecuária-floresta. Nossos pesquisadores verificaram que o carbono emitido pelo gado durante o crescimento do animal é neutralizado, ou seja, retirado do ambiente, pelas árvores que estão ali. Já fizemos o cálculo: para cada animal precisamos de 20 árvores para neutralizar. E agora estamos lançando projetos em outras frentes. Temos um de leite de baixo carbono, parceria com a Nestlé, e um de soja de baixo carbono.
Vê um bom potencial de disseminação dessas tecnologias?
O potencial é enorme. Estamos em um ano de COP26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) e o mundo todo está preocupado com essa questão da sustentabilidade, com gases de efeito estufa, com a descarbonização da economia. Para nós, não é uma agenda nova. A Embrapa e seus parceiros vêm desenvolvendo, há mais de três décadas, tecnologia para reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
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Como a produção de proteína está lidando e vai lidar com a questão do desmatamento?
Precisamos trabalhar forte para coibir o desmatamento ilegal. Também precisamos comunicar e esclarecer no mercado interno e no externo que o Brasil hoje utiliza 70 milhões de hectares para produzir grãos e frutas e temos mais 100 milhões de pastagens plantadas onde há produção de proteínas. Temos outros 70 milhões de hectares de pastagens degradadas em várias partes do território brasileiro, sobretudo no Nordeste, que podemos incorporar no processo produtivo. O Brasil não precisa derrubar mais nenhuma árvore para aumentar a produção de alimentos ou a produção de proteína animal ou vegetal. Podemos aumentar essa produção melhorando a eficiência dos sistemas agrícolas e incorporando pastagens degradadas.
Reportagem publicada na edição 89, lançada em agosto de 2021.