Em evento realizado hoje (8), a DSM, empresa global de saúde e nutrição animal, divulgou o seu balanço do ano para a pecuária de corte e leiteira e também indicou algumas de suas previsões para o setor em 2022. O destaque do encontro foi a divulgação do censo de confinamento de 2021.
Desenvolvido ao longo do ano, com atualizações trimestrais, o “Censo de Confinamento DSM 2021” foi levantado por uma equipe técnica de cerca de 800 pessoas e revelou que a pecuária brasileira possui 6,5 milhões de bovinos confinados. Representando um crescimento de 2% em comparação ao ano passado, o número de bovinos é o maior desde que o levantamento foi iniciado em 2015, quando a empresa contabilizou 4,7 milhões nesse sistema intensivo. Contudo, o crescimento de 2020 para 2021 foi menor do que a média de crescimento entre 5% ou 6%, registrada em censos anteriores.
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A queda pode ser explicada por desafios enfrentados pelo setor em 2021, período considerado pelos executivos da empresa como um “ano dinâmico”.
“Se, por um lado, os preços recordes da arroba e do leite beneficiaram os pecuaristas, por outro, a alta dos custos produtivos desafiou a gestão e a resiliência dos produtores que tiveram de lidar com a variação do dólar, aumento de preços do milho, da soja e de outros insumos”, afirma Sergio Schuler, vice-presidente do negócio de Ruminantes da DSM para a América Latina.
Apesar do aumento no custo de produção e com os consumos interno e externo apertados (principalmente, após embargo da China), os preços do boi gordo e bezerro atingiram níveis recordes. Segundo dados do Cepea, o preço do boi gordo avançou 35% desde o ano passado, chegando a R$ 322,40 por arroba em novembro.
DE OLHO EM 2022
Para 2022, a DSM enxerga continuidade do atual cenário, mas entende que o ano, marcado pelo período de eleições no Brasil, pode aguardar surpresas. Uma das principais apostas da companhia para o próximo ano é o início da comercialização de um de seus produtos no Brasil e no Chile.
Com o nome de Bovaer, o composto químico 3NOP (3-Nitrooxipropanol) será utilizado na alimentação de ruminantes para inibir a enzima responsável pela produção de metano pelos animais. Embora não traga benefícios zootécnicos, a empresa promete que a aplicação do composto nas dietas da pecuária de corte e leiteira pode reduzir em até 30% a emissão do metano — a alimentação de 1 milhão de animais com o produto seria o equivalente ao plantio de 45 milhões de árvores.
A empresa já busca a autorização da comercialização do produto na Europa, o que deve acontecer até o próximo ano, e também está investindo em uma fábrica na Escócia para impulsionar a produção do composto em escala industrial. Atualmente, o custo do produto sai em torno de US$ 40 por animal, mas o aumento da produção com o início das operações da fábrica poderá diminuir o custo e aumentar a escala.
“Sabemos do desafio do metano, que é um gás bastante nocivo, mas a pecuária brasileira é predominantemente a pasto, que fixa e recupera o carbono. Então, se a gente for ver o ciclo total, não vejo os bovinos como grandes vilões ao meio-ambiente, mas temos que trabalhar para reduzir as emissões”, afirma Schuler. “Também é importante que o Brasil trabalhe na conscientização sobre o tema. Não só do pecuarista, mas também do governo e do consumidor. Temos que mostrar os projetos que estão sendo feitos, pois acredito que deve haver muita propriedade carbono eficiente.”
Para auxiliar o entendimento sobre o impacto no setor, Schuler adianta que em 2022 a empresa trabalhará em um levantamento sobre o carbono na pecuária. “O mercado todo está trabalhando em métricas para mensurar a pegada de carbono nas propriedades. A DSM também tem um programa, não só para a pegada de CO2, mas também para entender o ciclo de nitrogênio e o impacto nas águas. Temos os contatos e uma equipe numerosa para facilitar esse tipo de levantamento.”