O Brasil, principal produtor e exportador global de soja, deve assistir na safra 2021/22 a maior quebra da história na colheita da oleaginosa, estimada em 122 milhões de toneladas, após efeitos da seca sobre estados do Sul e Mato Grosso do Sul, disse hoje (14) a consultoria Pátria AgroNegócios.
A nova previsão considera um corte de 14,2 milhões de toneladas sobre a projeção de janeiro e está 23,64 milhões de toneladas abaixo do potencial produtivo esperado pela consultoria em dezembro, quando foi feito o primeiro levantamento de campo nas áreas da cultura.
“A variação no ano a ano está em apenas 10,8%, porém o mercado não olha isso, o mercado olha qual era a oferta projetada inicialmente e qual é a produção que se estima agora”, disse o diretor da Pátria, Matheus Pereira, em vídeo a clientes.
“Aqui no Brasil estamos presenciando a maior quebra produtiva de safra, em valores absolutos, da história. A gente nunca teve tanta quebra de soja aqui no nosso país”, completou.
VEJA TAMBÉM: Brasil, maior exportador de soja do mundo, quer importar esse grão. O que aconteceu?
As previsões iniciais para esta temporada eram otimistas porque houve um aumento de 7% na área, para 41 milhões de hectares, segundo a Pátria. Além disso, o plantio foi iniciado no período ideal.
“Começamos com projeções estatísticas de produtividade e com base no aumento de área, indicando 138 milhões de toneladas. Depois, fizemos nosso levantamento de campo e aumentamos a estimativa para 145 milhões em dezembro, que foi a máxima, antes dos cortes pelo La Niña”, acrescentou Pereira à Reuters.
Atualmente, o Rio Grande do Sul é onde estão concentradas as principais perdas, com quebra de 52,3% ante o potencial estimado pela Pátria no começo da temporada, para 10,3 milhões de toneladas.
No Paraná, a quebra está projetada em 43,4%, para 12,06 milhões de toneladas, mostraram os dados.
Pereira também disse que como a soja ainda está em fase de colheita e a produtividade de todos os estados não foi mensurada totalmente, há possibilidade de novas quedas nas projeções de produção.
“Tanto para o Brasil, quanto para a Argentina ainda temos ajustes finos para serem feitos. Então, os 122 milhões esperados para a safra brasileira têm um viés de baixa.”
América do Sul
Em relação à Argentina e ao Paraguai, igualmente afetados pelo fenômeno climático La Niña, o diretor ressaltou que somando as perdas destes países às do Brasil, estaria configurada a maior quebra de safra de soja para a América do Sul.
De acordo com a Pátria, ao todo, os três países deixarão de colher 40,9 milhões de toneladas do grão em 2021/22, ante o potencial inicial para a safra.
“O cenário em solo argentino é de catástrofe generalizada… O grande padrão das lavouras que visitamos na Argentina ou era ruim ou era péssimo”, afirmou o especialista.
Neste contexto, Pereira disse que “quebras recordes exigem patamares recordes de preço” e cortes de demanda, citando que este seria o desenho do mercado para a temporada atual.