O Walmart, o maior varejista do mundo, está levando a integração a um novo nível, investindo na agricultura vertical [praticada no mercado norte-americano]. Sim, a varejista, que já opera seu próprio banco, está entrando no ramo agropecuário. É um grande negócio para eles, ou pelo menos para a agricultura vertical. O Walmart, com 2,2 milhões de funcionários, recentemente assumiu uma participação na Plenty Unlimited (empresa de agricultura vertical indoor baseada em menos espaço e menos recursos para cultivar produtos, nos Estados Unidos) como parte de uma rodada de financiamento de US$ 400 milhões que lhe deu um assento no conselho da Plenty – e na mesa da fazenda.
O Walmart está apostando na agricultura vertical, dizendo que a tecnologia pode fornecer “o frescor e a qualidade que os clientes do Walmart esperam durante todo o ano”. Suas lojas na Califórnia serão abastecidas com produtos da fazenda Plenty’s Compton, localizadas em ambientes fechados onde o clima está…., bem, do jeito que eles desejarem. Em outras palavras, será tanto cliente quanto investidora.
E o Walmart parece estar otimista com esse setor, que usa metragem quadrada em vez de área cultivada, para cultivar alimentos. O diretor de merchandising do Walmart nos EUA, Charles Redfield, anunciou o acordo como parte de “uma nova era da agricultura” que, segundo ele, “oferece produtos sem pesticidas e com sabor na sua máxima plenitude aos compradores todos os dias do ano”. Não há necessidade de se preocupar com um vento frio repentino nesses climas controlados, onde os dados controlam o clima.
O Walmart, com 10.500 lojas em 24 países [ no Brasil, com o nome Big, são 550 unidades e 50 mil funcionários em 18 estados] e receita de US$ 559 bilhões no ano fiscal de 2021, agora faz parte de uma mudança na qual as empresas estão investindo em fazendas de alta tecnologia.
“Esta parceria não apenas acelera a inovação agrícola, mas reforça nosso compromisso com a sustentabilidade”, diz Redfield.
O Walmart afirma que a agricultura vertical “suplementa as práticas agrícolas tradicionais para ajudar a aumentar a oferta de alimentos e aliviar os desafios atuais no sistema alimentar de maneira sustentável”. Embora a agricultura vertical, com locais que incluem telhados urbanos, não substitua a agricultura tradicional, é uma indústria em crescimento que é necessária não apenas para a sustentabilidade, mas para a capacidade de alimentar o mundo no futuro.
A agricultura vertical está levando as fazendas dentro e perto das cidades. Fazendas estão sendo abertas com endereços em grandes novas capitais agrícolas, como Chicago, Baltimore e Nova York. Mesmo que algumas prateleiras das lojas fiquem vazias, algumas empresas estão recorrendo à agricultura vertical como parte da solução.
E se você acha que a agricultura tem mais a ver com terra do que com tecnologia, não tenha tanta certeza. A Revisão de Investimentos em Tecnologia AgriFood 2020, da Finistere Ventures, encontrou mais dinheiro sendo investido na agricultura de alta tecnologia. O investimento global em empresas de tecnologia agroalimentar em 2020 subiu para US$ 22,3 bilhões, incluindo US$ 5 bilhões em agtech e US$ 17,3 bilhões em foodtech. Ainda sem números fechados, a Finistere espera que 2021 ultrapasse esse ano recorde, à medida que a agricultura se torna de alta tecnologia. “Esperamos que 2021 supere os números de 2020, pois o capital continua a inundar as categorias de tecnologia sem interrupção e de forma massiva, como a agricultura indoor …” de acordo com Arama Kukutai, cofundador e sócio da Finistere Ventures.
Quão verde é este negócio? O mercado global de agricultura vertical foi de US$ 3 bilhões em 2020 e deve ser de cerca de US$ 3,6 bilhões em 2021 e cerca de US$ 17,6 bilhões até 2028, de acordo com a Fortune Business Insights. Isso, no entanto, pode ser uma gota no balde à medida que os fundos fluem para esse negócio.
“Com a população crescente e os desenvolvimentos contínuos nos mercados globais de alimentos, as abordagens para o cultivo de culturas mais robustas precisam ser aproximadas dos ambientes urbanos”, observa a Fortune Business Insights, que vê a agricultura vertical como parte de “uma solução agrícola potencial”.
Para frente e para cima
Tudo isso está levando ao financiamento inicial para startups, bem como a investimentos de empresas como o Walmart. A empresa de consultoria Agritecture descobriu que pelo menos 74 empresas de agricultura indoor foram fundadas em 2020, nos Estados Unidos, de acordo com a Associated Press. As empresas estão aumentando sua participação de mercado e não apenas seus produtos.
A Gotham Greens, que opera 500.000 pés quadrados de estufas, diz que usa 95% menos água e 97% menos terra do que as fazendas convencionais, economizando energia e resíduos.
“Nossas mais recentes estufas são instalações avançadas, controladas por dados e climatizadas”, de acordo com Gotham Greens, que se descreve como “agricultores que vivem em apartamentos”.
A empresa, que foi lançada no Brooklyn e instalou sua segunda estufa em um telhado do supermercado Whole Foods, no Brooklyn, pode abastecer empresas próximas, incluindo restaurantes. Ao construir estufas em cidades como Chicago, Baltimore e Nova York, esta empresa de agricultura urbana pode eliminar longas viagens refrigeradas. Você não precisa sair da cidade para encontrar esses hectares verdes. “Nossos verdes chegam mais rápido, permanecem frescos por mais tempo (tipo, muito mais), retêm mais nutrientes e reduzem o desperdício de alimentos”, segundo a empresa.
Outras empresas estão avançando e subindo quando se trata de agricultura. O TechCrunch.com informou que a Upward Farms, com sede no Brooklyn, planeja construir uma fazenda vertical de 250.000 pés quadrados no nordeste da Pensilvânia. Cultivará microgreens, que o TechCrunch.com descreve como “uma escolha popular para agricultura interna, devido à sua flexibilidade e requisitos espaciais limitados”. Upward usará um sistema chamado aquaponia.
Horizontes verdes
Os investidores estão vendo se eles de fato têm um polegar verde, esperando que a agricultura vertical lhes pague dividendos. A McCain Foods anunciou em fevereiro um “investimento substancial” na empresa agrícola vertical canadense Truleaf Sustainable Agriculture, de acordo com a Fortune Business Insights.
A Kalera, operadora de fazendas verticais com sede em Orlando, Flórida, anunciou recentemente planos de abrir o capital na Nasdaq por meio de uma fusão com a Agrico Acquisition Corp. “Existe uma tremenda necessidade de alimentos saudáveis, sustentáveis e surpreendentemente acessíveis”, disse o CEO interino da Kalera, Curtis McWilliams. “Acreditamos que temos um modelo de negócios que pode trazer nutrição para todo o mundo, ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental”.
Enquanto isso, o Walmart está testando o negócio agrícola investindo nele. O Walmart pode estar errado? É sempre possível, mas a empresa não cresceu até aqui fazendo tantas apostas perdidas. Poderia este ser o início de um negócio ainda maior, já que as empresas apostam (na) fazenda? “O Walmart é o primeiro grande varejista dos EUA a investir significativamente na agricultura vertical”, segundo a empresa, que está em parceria com a Plenty “para entregar produtos frescos às lojas de varejo do Walmart”. Em tempo: e se as coisas derem certo, isso também pode ajudar a gerar lucros para os investidores.
Louis Biscotti é colunista na Forbes USA, líder nacional do grupo Marcum’s Food and Beverage Services.