Os preços dos fertilizantes iniciaram o ano em queda, com destaque para os produtos nitrogenados, tornando a relação de troca mais favorável ao agricultor que vê alta nas cotações de grãos, embora os custos com insumos ainda sejam considerados elevados, disse nesta quinta-feira o Itaú BBA em análise.
Os nitrogenados –amônia e seus derivados, como a ureia e o ácido nítrico– tiveram um menor volume adquirido pela Índia no último leilão de compra, o que acentuou a redução dos preços nestas semanas.
“A redução nas cotações dos adubos, somada à valorização dos preços de soja, milho, café e algodão neste início de ano, melhoram as relações de troca, mesmo que levemente, sobre os níveis do fim do ano passado”, afirmou o banco em relatório.
Entre os fatores baixistas no mercado, o Itaú BBA ressaltou que os preços dos macronutrientes em patamares elevados podem reduzir a demanda por fertilizantes.
Além disso, com o final do inverno no Hemisfério Norte, a tendência é de que os preços de gás natural arrefeçam e as plantas paralisadas voltem a produção, aumentando a disponibilidade dos macronutrientes, principalmente dos nitrogenados.
A ureia (CFR Brasil) está em torno de 600 dólares por tonelada, ante mais de 800 dólares no final do ano passado.
Por outro lado, alguns fatores altistas limitam a queda dos preços globais dos insumos.
“Entre o final de janeiro e o início de fevereiro, os EUA e a Europa sazonalmente aumentam o volume de compras para as aplicação para a safra de primavera e sustentam o preço até o final do 1º trimestre”, disse o banco.
A instituição também ressaltou que a China, principal produtora de fosfatados e nitrogenados do mundo, apresentou avanço do contágio da variante Ômicron do coronavírus no país, o que deve manter o mercado atento caso haja paralisação na indústria ou nos portos para evitar o disseminação do vírus.
Tensões geopolíticas na Rússia (segundo maior produtor de nitrogenados) e Ucrânia têm se intensificado, e as incertezas em relação à disponibilidade de produtos podem impulsionar os preços, acrescentou o levantamento.
“No Brasil, mesmo com a ligeira redução da relação de troca, as compras de fertilizantes seguem sazonalmente lentas pois os patamares de preço ainda seguem elevados.”
A relação de troca para aquisição de ureia que será utilizada na safra 2022/23 está em 23,76 sacas de milho por tonelada de produto, contra 20,58 sacas no ciclo anterior.
Também para o milho, o fosfato monoamônico (MAP) tem relação de troca de 59,05 sacas por tonelada de insumo em 2022/23, ante 40,21 sacas por tonelada um ano antes.
No caso da soja, são necessárias 31,5 sacas para aquisição de uma tonelada de MAP, versus 24,56 sacas por tonelada em 2021/22.
A relação de troca com menor disparidade, segundo a análise, está no cloreto de potássio (KCl), com 20,48 sacas de soja por tonelada de produto para 2022/23, ante 20,32 sacas por tonelada no ciclo anterior.