As exportações brasileiras de carne para o porto chinês de Xangai estão sendo tolhidas por um lockdown na cidade, disse uma pessoa com conhecimento do assunto à Reuters, em um exemplo de como as medidas de Pequim para combater a Covid-19 afetam os mercados globais de commodities.
Pelo menos um armador deixou de enviar carne brasileira por Xangai nos últimos dias, disse a fonte. Em vez disto, a empresa oferece aos clientes a alternativa de transportar as cargas para os portos de Xingang e Ningbo.
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Um grande exportador brasileiro de carne cancelou o embarque de três contêineres, enquanto outro parou de reservar espaço para novas cargas, acrescentou a fonte.
Desde que o lockdown em Xangai começou no final de março, os contêineres de alimentos congelados começaram a se empilhar no porto, reflexo da interrupção das inspeções de entrada, disse a fonte, que não estava autorizada a falar publicamente sobre o assunto.
Xangai é o principal ponto de entrada das importações brasileiras de carne para a China continental, que é o maior parceiro comercial do Brasil.
A China importou 723.370 toneladas de carne bovina e 640.469 toneladas de frango do Brasil em 2021, segundo dados da indústria, e é de longe o principal comprador da carne brasileira.
As importações gerais da China caíram inesperadamente em março, com as restrições do Covid-19 em partes do país pesando sobre a demanda doméstica e prejudicando o comércio.
A situação aumenta os problemas dos exportadores de carne do Brasil, que já estavam impedidos de enviar cargas para a Rússia depois que transportadoras globais de contêineres suspenderam temporariamente o serviço de e para portos daquele país.
Murillo Barbosa, diretor-presidente da ATP (Associação de Terminais Portuários Privados), disse à Reuters que os armadores interromperam o serviço para a Rússia em resposta às sanções ocidentais a Moscou, após a invasão da Ucrânia.
Não está claro qual o volume de carga vem sendo afetado pelo lockdown de Xangai e pelas restrições ao envio de mercadorias para a Rússia.
Associações como Abiec e ABPA, que representam processadores de carne bovina, de aves e suína no Brasil, não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.