No intuito de garantir oferta de insumos para a safra 2022/23, que começa em setembro, os agricultores elevaram o fechamento de negócios com a plataforma de varejo AgroGalaxy, fazendo com que a carteira de pedidos da companhia saltasse 144% no primeiro trimestre, para R$ 3,4 bilhões, conforme balanço divulgado hoje (16).
“Isso mostra que houve um movimento muito forte do agricultor… nos ajuda muito a garantir que vamos ter um bom ano”, disse à Reuters o CEO da companhia, Welles Pascoal.
A corrida por fechamento de pedidos ocorre em momento de incerteza sobre a oferta global de fertilizantes, causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, e preocupações com a logística para entrega de defensivos ao longo do ano, devido ao lockdown contra Covid na China.
“No caso de fertilizantes, a gente tem conseguido adquirir os volumes que também estamos fechando com os clientes, mas vemos um potencial problema logístico para os agricultores que colocarem seus pedidos a partir de julho”, afirmou Pascoal.
“A gente tem estimulado os clientes a colocar os pedidos o quanto antes”, acrescentou.
Ainda assim, o executivo acredita que pode haver uma redução no uso de fertilizantes na safra 2022/23, entre 10% e 15%, motivada pelo estoque de nutrientes no solo brasileiro. Além disso, ele disse que os produtores podem trabalhar com mais precisão para utilizar somente as quantidades necessárias em cada talhão, o que também geraria uma economia de produto.
No caso dos defensivos, o CEO disse que a limitação de produtos é menor do que a verificada no ano passado. Para a companhia, até o momento, o lockdown na China não afetou as entregas, mas ele considera que “pode ter algum atraso mais para frente”.
A diversificação de países fornecedores foi uma das alternativas adotadas pela empresa para mitigar o risco para a entrega de produtos.
“Não temos somente fonte China, temos vários países, Europa, Índia, EUA, e com isso podemos complementar bem nosso uso para a safra”, ressaltou.
“De tudo que tiramos de pedido (em agroquímicos), temos 100% contratado com o fornecedor.”
No balanço financeiro, a AgroGalaxy reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 45 milhões para os três primeiros meses de 2022, 131% maior que o obtido em igual período do ano anterior, com impacto relevante da disparada da taxa Selic nas despesas financeiras.
Em contrapartida, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi recorde para o período, com R$ 130 milhões, aumento de 356% em relação ao primeiro trimestre de 2021.
O CFO e diretor de Relações com Investidores da empresa, Mauricio Puliti, disse que o recorde no Ebitda se deve a uma combinação de fatores: crescimento orgânico na operação, elevação em torno de 70% nos preços praticados (por repasse de custo) e retorno em função das fusões e aquisições realizadas.
Pela primeira vez, foram consolidados ao balanço da AgroGalaxy os resultados das empresas Boa Vista, Ferrari Zagatto e Agrocat.
A receita líquida totalizou R$ 3,1 bilhões, aumento de 161% em relação ao primeiro trimestre de 2021. A receita com o segmento de insumos registrou alta de 171%, resultando em R$ 1,7 bilhão, sendo que 92% são de acréscimo orgânico, destacou a companhia.