As vendas de fertilizantes no Brasil deverão cair 4% em 2022 ante o ano passado, para 44 milhões de toneladas, com uma disparada dos preços dos adubos reduzindo o apetite dos agricultores brasileiros, afirmou o sócio-diretor da consultoria MacroSector à Reuters, Fabio Silveira, hoje (19).
Ele observou que o preço médio projetado dos fertilizantes para 2022 é de US$ 750 a tonelada, 130% maior do que o de 2021, em meio a preocupações com a oferta devido à guerra na Ucrânia e com o aumento do valor de matérias-primas como o gás, utilizado na produção de adubos nitrogenados.
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“As vendas domésticas vão cair. Não tem como”, disse Silveira, ao ser questionado sobre os motivos.
A redução nas entregas de fertilizantes em 2022 deverá ocorrer, segundo a MacroSector, após um resultado recorde em 2021, de 45,86 milhões de toneladas, quando o mercado aumentou em 13% ante 2020.
Ele explicou que os mercados de commodities agrícolas não estão tão remuneradores como ano passado, quando houve aumento de rentabilidade muito significativo do produtor brasileiro.
“Esse aumento que teve no ano passado é o que vai ajudar o produtor este ano, a ter um volume de compra (de fertilizante) satisfatório para poder ter um desempenho também satisfatório do negócio em 2023”, disse.
“O produtor está comprando fertilizante agora com vistas à produção e comercialização ao ano que vem”, afirmou, em referência à próxima safra de grãos, com plantio a partir de setembro de 2022.
A MacroSector apontou ainda que os estoques iniciais de fertilizantes em 2022 somaram 7,27 milhões de toneladas, 1 milhão acima de 2021, um colchão razoável para enfrentar um ano de preocupações com oferta.
Já a produção brasileira de fertilizantes deve aumentar para 7,6 milhões de toneladas, versus 6,99 milhões em 2021.
As importações do Brasil, que devem atingir mais de 85% das vendas no país em 2022, estão estimadas em cerca de 37,5 milhões de toneladas, recuo de 4,5% ante 2021, quando atingiram patamares históricos acima de 39 milhões de toneladas.
A MacroSector também avalia que, apesar das preocupações do mercado com a oferta, o Brasil deverá terminar 2022 com estoques finais de aproximadamente 7 milhões de toneladas de fertilizantes, próximos aos de 2021, quando atingiram os maiores níveis desde pelo menos 2017.
“Está havendo uma antecipação de compras com medo de faltar o produto lá na frente, só que com esse preço é muito difícil manter o mesmo ritmo de compra, se o preço da soja ainda estivesse explodindo…”, disse.
As importações de fertilizantes químicos foram crescentes no primeiro quadrimestre e seguem mais fortes no acumulado de maio, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que apontam aumento de 33% na média diária de desembarques no início do mês ante 2021.
Mas o consultor vê um ajuste para baixo das importações no segundo semestre, “porque não dá pra continuar comprando um produto que tem relação de troca desfavorável, porque o preço agrícola não tem subido”.
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