Nesta semana, o 21º Congresso da Abag, a Associação Brasileira de Agronegócio, entidade que reúne grandes empresas do setor — como Cargill, Bayer, Basf, CNH Industrial, Corteva, Coteminas, Jacto e Agroceres, entre outras —, colocou em pauta uma série de temas que desembocaram, via de regra, nas tarefas que o Brasil têm até novembro.
Neste mês, entre os dias 6 e 18, representantes de governo e de empresas estarão no Egito para a COP27 (27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). É nesta seara que o Brasil deve apresentar o que considera ser as principais tarefas para a continuidade de ações destinadas a mitigar ou reduzir as emissões de GEEs (gases de efeito estufa) que vem sendo intensamente debatidas desde o Acordo de Paris, em 2015.
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“Começamos uma conversa alguns meses atrás, em encontros com os ministros da Agricultura, Meio Ambiente, mais as relações exteriores, sobre a nossa realidade”, diz Luiz Carlos (Caio) Corrêa Carvalho, presidente da Abag. “A gente vai enfrentar, daqui para frente, com relação às questões de sustentabilidade, qual a solução para o desmatamento ilegal.”
Segundo dados do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais), o desmatamento na Amazônia continua em alta e é para onde o mundo coloca seu foco. Nos cinco primeiros meses de 2022, o número de alertas foi o maior para o período desde 2016. Foram 2.744,41 km² de áreas sob alerta. No Estado do Amazonas, o maior número de alertas (34%), foram em áreas de Florestas Públicas Não Destinadas, seguido por assentamentos e áreas com CAR (Cadastro Ambiental Rural), com 27% dos alertas.
Para o engenheiro agrônomo André Guimarães, diretor-executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), é possível reverter esse quadro. “Em anos anteriores, o Brasil já fez esse serviço de combate ao desmatamento e com resultado positivo. É preciso aplicar políticas nesse sentido”, diz Guimarães, que coordenou um dos painéis do congresso sobre meio ambiente e mercados.
No caso, as potencialidades do mercado de carbono para o Brasil. “O Brasil é um caso de sucesso na produção agropecuária. Não há nenhum país que nos últimos 40-50 anos passou de importador de alimentos para ser um dos maiores exportadores de commodities agrícolas e fibras do mundo. Não há paralelo na história da humanidade. Entretanto, a gente está em um momento na história da humanidade de mudança de paradigmas, e aí as mudanças climáticas vêm nos trazer isso com clareza, um momento de buscar formas novas de continuar produzindo e ao mesmo tempo conservar.”
Para Caio Carvalho, também é preciso clareza dos países, o que pode ajudar nas negociações globais. Ele cita o que ocorre na União Europeia e nos Estados Unidos, com o governo “estimulando o agricultor a entrar em áreas de preservação ambiental, dada a realidade da insegurança alimentar e da insegurança energética”.
Aliás, energia é um segundo tema que, para o executivo, vai integrar fortemente a agenda da COP27. “São temas muito relevantes que acabam na OMC, na OCDE, ou em ambos, e também nas reuniões da COP”, afirma Carvalho. “Uma tendência forte mais voltada para energias pode favorecer o Brasil.”
A matriz energética brasileira, com detalhes de alta tecnologia na transformação de matéria orgânica residual e energia, mostra exemplos para o mundo que servem a outros mercados. Entre eles estão os produtos e subprodutos da cana-de-açúcar, que vão do etanol de segunda geração à torta de filtro do etanol, composto de 70% de água, 18% de matéria orgânica e 12% de outros sólidos usados como combustível em plantas de biogás, como é o caso da Raízen.
“E ainda temos os CBios”, diz Carvalho. O CBio (Crédito de Descarbonização) é um título do mercado regulado de carbono que representa uma tonelada de CO2 (dióxido de carbono) que deixou de ser lançada na atmosfera. Hoje ele é comercializado na B3 e para Carvalho o Brasil precisa intensificar os mecanismos para a sua valorização. “É um tipo de exemplo positivo de liderança, de protagonismo do país para marcar posição na COP27”, afirma.
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