A produção de café do Brasil deverá crescer ao menos 8% em 2023, para cerca de 68,5 milhões de sacas de 60 kg, com os cafezais se recuperando após uma safra menor que a esperada em 2022, estimou nesta quarta-feira (9) o Rabobank, notando que o número ainda está sujeito ao clima no verão.
O analista Guilherme Morya disse que “boas floradas” foram registradas com as chuvas que atingiram os cafezais das principais regiões produtoras do maior exportador e produtor global de café. Mas a meteorologia indica um tempo mais seco em dezembro e janeiro, o que demanda cautela com a projeção preliminar.
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“Os mapas de longo prazo, dezembro e janeiro, estão indicando pontos secos que colocam em risco…”, afirmou Morya, em evento online com jornalistas.
A recuperação da safra ocorreria principalmente nas lavouras de arábica, que respondem pela maior parte da produção nacional, acrescentou.
Isso acontecerá após a colheita de arábica ter ficado abaixo das projeções iniciais, com produtores indicando menor oferta após as lavouras ainda sofrerem impacto da seca e geadas de 2021.
A safra total do Brasil deste ano está estimada em 63,2 milhões de sacas, sendo 40,1 milhões de sacas de arábica e 23,1 milhões de conilon/robusta.
Anteriormente, a produção havia sido estimada pelo Rabobank em cerca de 64,5 milhões de sacas, sendo 41,4 milhões de sacas de arábica.
“Importante salientar que a gente talvez possa fazer nova revisão, estamos vendo que no campo é percebido que quebrou mais, mas não é isso que estamos vendo nas exportações”, ponderou.
Com uma safra maior esperada para 2023, Morya disse que o Rabobank estima exportações do Brasil entre 42 milhões e 43 milhões de sacas, versus aproximadamente 40 milhões de sacas em 2022.
Já o consumo de café no Brasil em 2023/24 deve crescer para 22 milhões de sacas, ante 21,5 milhões em 22/23.
Cana
O Rabobank também apresentou números para a moagem de cana do centro-sul do Brasil em 2023/24 (abril/março), que foi estimada em 575 milhões de toneladas, ante 540 milhões de toneladas em 22/23.
Esse crescimento de 6,5% para a principal região canavieira do mundo, segundo o analista Andy Duff, ocorrerá com uma recuperação das produtividades nos canaviais.
Mas ele ponderou que o total de cana direcionado para açúcar ou etanol dependerá de questões tributárias no próximo ano no Brasil, assim como será influenciado pela política da Petrobras no novo governo para a gasolina, que compete como etanol hidratado nas bombas.
Considerando a possibilidade de prorrogação do retorno dos impostos federais na gasolina e etanol para 2024, ele estimou um crescimento na produção total de etanol (cana e milho) do centro-sul para 31,1 bilhões de litros em 23/24, ante 28,6 bilhões no ciclo anterior.
A produção de etanol de cana cresceria para 25,2 bilhões de litros, ante 24,1 bilhões na temporada anterior, enquanto a fabricação do combustível de milho avançaria para 5,9 bilhões de litros em 23/24, de 4,5 bilhões.
Já a produção de açúcar do centro-sul do Brasil foi estimada em 35 milhões de toneladas em 23/24, versus 32,5 milhões na temporada atual.