A produção de etanol em Mato Grosso pode chegar a 5,3 bilhões de litros na safra 2023/24, um crescimento de 23% na comparação com a safra 2022/23, ciclo em que foram produzidos 4,3 bilhões de litros. A estimativa foi apresentada ontem (29), pela BioindMT (Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso). O total estimado é para o biocombustível gerado por meio de cana-de-açúcar e de milho.
O estado de Mato Grosso se consolida, cada vez mais, como um dos principais produtores de etanol do país e já ocupa o terceiro lugar no ranking de maior fabricante do biocombustível, ficando atrás de São Paulo e Goiás. Para comparação, faz somente 10 anos que a produção de Mato Grosso ultrapassou 1 bilhão de litros. Esse crescimento da última década está sendo sustentado pelo aumento da produção de etanol de milho, que hoje responde por cerca de 75% da produção de etanol do estado.
Enquanto, desde a safra 2013/14, a produção de etanol de cana tem oscilado próximo de 1 bilhão de litros, o biocombustível saiu do zero para 3,2 bilhões de litros na safra 2022/23. Para o ciclo 2023/24, a estimativa é de 4,2 bilhões de litros.
“Esse momento gera o fortalecimento de toda nossa cadeia industrial, que trabalha constantemente pela inovação e para oferecer mais opções para o mercado”, diz Sílvio Rangel, presidente da BioindMT. Ele se refere ao bom desempenho do setor, apesar do momento de incertezas na safra 2022/23, após uma política de estímulo ao consumo de combustíveis fósseis, quando houve baixa de impostos favoráveis à gasolina.
Mesmo assim, os investimentos anteriormente planejados pelas indústrias do etanol de milho sustentaram a elevação da produção. Em 2023/24, o setor deve anunciar o início das operações de uma nova unidade de produção em Primavera do Leste e a finalização da ampliação de outra unidade, em Nova Mutum, municípios com uma forte presença de grãos, como soja e milho.
Para a produção de etanol, a moagem de milho em Mato Grosso deve ficar em 7,29 milhões de toneladas para o ciclo 2022/23. Para a safra 2023/2024, a estimativa é moer um total de 9,35 milhões de toneladas. Em relação à cana, respectivamente, são 15,9 milhões de toneladas na última safra, indo para 16,6 milhões de toneladas na próxima.
Além disso, na safra 2022/23, as indústrias apostaram no desenvolvimento do co-produtos o que trouxe maior valor agregado para ambas as matérias-primas. “No caso do etanol de milho, por exemplo, com a mesma matéria-prima é possível gerar também o DDG (Grãos Secos de Destilaria), que são utilizados para nutrição animal, energia elétrica e óleo de milho”, afirma Rangel. Em DDGs, um co-produto cada vez mais valioso, as usinas processaram 1,6 milhão de toneladas nesta safra 2022/2023 e para a próxima a estimativa é de que o volume chegue a 1,8 milhão. “Já no caso da cana de açúcar, a diversificação de produtos vem com energia elétrica, biogás, levedura seca e biofertilizantes”, afirma o executivo.
A produção de etanol de Mato Grosso foi comercializada com dezessete estados brasileiros em 2022, sendo os principais: São Paulo, Amazonas, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul e Paraná. O setor mato-grossense conseguiu diversificar para além da geração de energia e biofertilizantes, o que estimula o crescimento de outras cadeias industriais e agrícolas. Não por acaso, a arrecadação de impostos com etanol rendeu ao governo R$ 1,639 bilhão. “Com esse perfil mais arrojado, a nossa indústria está agregando mais e isso traz um impacto grande para toda a nossa sociedade”, diz Rangel.