Outrora uma plantação de cana-de-açúcar e uma fazenda industrial de goiaba, a Common Ground, em 33 hectares de terra escondida em um bairro de Kilauea, na costa norte de Kauai, ilha localizada no Pacífico Central que faz parte do arquipélago havaiano, é uma exemplo de agrofloresta regenerativa cuja equipe sonha em criar um modelo de “fazenda do futuro.” O Common Ground foi inaugurado em 2018 como um “campus criativo”, destinado a ser o tecido conectivo entre agricultura, agricultores e chefs de cozinha, cujos dons abundantes reuniriam a comunidade em uma infinidade de formas, desde residentes locais a visitantes sazonais. É também uma espécie de centro educacional tendo o prazer no centro.
Quando se olha para essa parte do continente dos EUA raramente se leva em consideração essa região, mas a cadeia de ilhas do Havaí é um ecossistema delicado, com grande abundância em algumas áreas e total fragilidade em outras. O presidente da entidade, Oliver Niedermaier, chama o Common Ground de “placa de Petri” nos crescentes esforços do Havaí para reinventar sua economia e se tornar um epicentro para a inovação dos sistemas alimentares.
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O Common Ground é uma parte do complexo e integrado Plano de Sustentabilidade 2050 do estado, que, conforme definido pela força-tarefa, incorpora o respeito pela cultura de todas as comunidades da ilha, equilibra de forma justa as prioridades econômicas, ambientais e sociais e administra a capacidade das futuras gerações para atender às suas próprias necessidades.
No centro desse esforço na Common Ground estão Jennifer Luck, COO, e Adam Watten, diretor de food systems, que trabalham juntos para projetar uma ampla variedade de programação. Embora os visitantes de Kauai sejam uma grande parte da economia da ilha, uma das principais missões da Common Ground é criar uma fazenda sustentável que inclua turistas, mas que não dependa deles – e oferecer aos visitantes uma experiência imersiva da vida na ilha enquanto ensina sobre comidas locais (e, por extensão, cultura e história).
Watten diz: “Quanto mais da cadeia de valor pudermos manter aqui no Havaí por meio de sistemas alimentares, mais todos ganharemos”. E uma dessas vitórias para o visitante é uma deliciosa experiência da verdadeira vida na ilha.
A melhor maneira de experimentar o Common Ground pela primeira vez é se inscrever para um passeio pela fazenda, onde o visitante será guiado pela floresta de alimentos regenerativos, projetada pelo diretor de agroecologia, John Parziale, e aprenderá sobre permacultura e sistemas de plantio biodinâmico que também dialogam com os objetivos de sustentabilidade.
O visitante também pode caminhar até a histórica Barragem de Pedra, construída em 1880 e destinada a garantir água suficiente para a operação de plantação de goiaba. Agora é um local exuberante, tranquilo e meditativo para todos desfrutarem.
As Lounge Nights, no Common Ground, rapidamente se tornaram uma atração, o que inclui coquetéis e um menu degustação de quatro pratos preparados com ingredientes de uma agricultura regenerativa e cultivada na fazenda, além de música ao vivo. O chef Watten traz chefs convidados rotativos de todas as ilhas e de outros lugares, permitindo uma dança criativa de pessoas, tradições de receitas e intercâmbio cultural.
Parziale diz: “Acho que uma das coisas que a maioria das pessoas não percebe é que basicamente não havia comida nesta terra antes da chegada dos humanos. Quando as primeiras canoas apareceram, realmente não havia nada para comer”.
E continua: : “Tudo o que pensamos como “alimentos nativos havaianos” – taro, fruta-pão, banana, batata-doce – são chamados de “plantas de canoa” porque foram trazidos para cá pelas pessoas. Então, realmente, não estamos tentando replicar uma condição pré-humana. Na agrofloresta, a sucessão é basicamente só essa comunidade de plantas e animais que evoluem com o tempo e se substituem ciclicamente, e o ápice disso é uma floresta.”
E, claro, não se trata apenas de comida, por meio da agricultura regenerativa. É sobre a capacidade desta comunidade local de ter seu próprio ecossistema sustentável que não dependa da cadeia de suprimentos global – vimos a necessidade disso de forma muito clara quando a pandemia de Covid-19 começou.
Não importa por onde se chega a esse local, o importante é que o Common Ground é um lugar para se reunir, desfrutar, comer e aprender sobre alimentos.
* Kim Westerman é colaboradora da Forbes EUA, escreve sobre viagens de luxo, destinos gastronômicos, tendências de vinhos e cafés e outras aventuras.