Será anunciado o Plano Safra, que é uma política agrícola adotada pelo estado visando estimular o fomento e crescimento da produção rural no Brasil. O plano safra estabelece diretrizes, norteando como os recursos serão utilizados dentro da cadeia do agronegócio, dando prioridade aos pequenos e médios produtores rurais. Os recursos são destinados ao custeio e investimento e são divididos em diversos programas de modernização, inovação e sustentabilidade.
O Plano Safra, ao que tudo indica, será utilizado como um instrumento para promover a adoção de práticas mais sustentáveis, como agropecuária de baixo carbono, reforçando o Plano ABC+. Se a ideia que vem sendo alardeada, de premiar os produtores que já adotam boas práticas, for realmente implementada, será muito positivo, desenvolvendo desta maneira uma cultura de estímulo, ao invés de uma cultura de punição e multas. Até o momento, o que tem sido discutido é que os produtores que adotam práticas sustentáveis serão contemplados com taxas mais atrativas para custear suas operações agropecuárias.
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O agro tradicionalmente se financia através de instituições financeiras privadas e mais recentemente também através do mercado de capitais, conforme falamos em aqui nesta coluna, entretanto, pequenos e médios produtores rurais, se apoiam nos recursos disponibilizados pelo plano safra para custear suas operações de plantio, colheita e investimentos em melhorias de infraestrutura e comercialização. Desta maneira, o Plano Safra desempenha papel importante na inclusão financeira de milhares de produtores de médio e pequeno porte que também ocupam importante papel na produção agrícola nacional.
Conforme discutimos também na última coluna, o agro foi o grande responsável por puxar o PIB (Produto Interno Bruto) do país para o positivo produzindo uma safra recorde de 305 milhões de toneladas de grãos. A negociação do plano safra veio neste momento, onde os bons resultados do agro impactarão positivamente o PIB nos próximos trimestres, entretanto, não é certo que este resultado se repita em 2024.
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Alguns fatores devem ser levados em consideração, produzimos uma safra recorde, entretanto esta foi a safra mais cara da nossa história, além disto, devido ao aumento da oferta, os preços das commodities caíram, mas os custos de produção não acompanharam na mesma proporção. Aliado a isto ainda temos o gargalo de estrutura e logística, devido a falta de infraestrutura de armazenagem, muitos produtores se viram forçados a vender a soja que estava estocada quando começaram a colher o milho.
O valor do plano safra ainda não foi definido, mas o montante deve ficar acima de R$400 bilhões de acordo com as mais recentes declarações do ministro da Agricultura.
Existe questionamento do porquê estimular a produção agrícola, isto faz parte de um projeto de governo, Tudo começou a mudar na década de 1970, quando o Brasil, um país em desenvolvimento, que dependia do mercado internacional para comprar até alimentos básicos, teve o desafio de equilibrar a nossa balança comercial, mudando do modelo industrial. A melhor solução a curto prazo, foi o desenvolvimento do setor agrícola. O Brasil desde então se tornou líder na agricultura sustentável tropical, exportando técnicas e tecnologia para outros países do cinturão tropical
O plano safra estimula não só a economia agropecuária, quando levamos em consideração a participação do agro no PIB, é fácil entender que quando o setor que é a locomotiva da economia vai bem, estimula a economia do país como um todo. Através de uma agropecuária forte, garantimos a segurança alimentar de nosso país, geramos emprego, renda e de sobra equilibramos a balança comercial brasileira.
Os produtores e a economia do país precisam de um plano safra robusto, pois com o câmbio que está aparecendo no horizonte, el niño, o preço das commodities, além das demandas internacionais quanto a área ambiental, este ano poderá ser desafiador para nosso agro, precisamos estar fortalecidos, olhando em frente, pensando em produzir com sustentabilidade para manter a trajetória de crescimento do país.
*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.
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