O mercado de sementes da soja do Brasil pode ter novo avanço na safra 2023/24, após ter registrado um salto de 18% para 24,5 bilhões de reais na última temporada (2022/23), de acordo com avaliação da Kynetec, empresa global de análises de dados agropecuários e insumos agrícolas.
O forte crescimento do setor de sementes de soja no maior produtor e exportador global da oleaginosa aconteceu em meio a um aumento da área cultivada em 2022/23, de 6%, e maiores preços dos grãos utilizados no plantio, com alta de cerca de 12%, disse o especialista da Kynetec, Millôr Mondini, à Reuters.
Para a nova safra (2023/24), que começa a ser plantada em setembro, o mercado pode “ver um leve incremento ou estabilização” do valor em relação ao ciclo passado, avaliou Mondini.
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“Como temos visto os preços de insumos (agrícolas) em geral recuando, assim como o preço da commodity nesse primeiro semestre, provavelmente a semente deve seguir um movimento similar”, explicou.
Mas ele ponderou que a alta do mercado de sementes ainda poderia ocorrer considerando a tendência de expansão de área cultivada de soja e adoção de novas biotecnologias, que “é crescente”.
O custo da semente para o produtor representa cerca de 15% dentro da composição dos principais insumos (defensivos, sementes e fertilizantes).
De acordo com o especialista, os dados sobre o faturamento do setor que constam do estudo FarmTrak Soja 2022-23, da Kynetec, ratificam a “força” do segmento sementeiro dentro do processo produtivo da mais importante safra do país.
Segundo ele, o crescimento desde 2020/21, quando o setor transacionou 15,6 bilhões de reais, chegou a 57%.
LAGARTICIDAS
O estudo confirma também novo aumento na adoção de tratamentos com lagarticidas. Estes produtos alcançaram quase 80% do plantio em áreas com biotecnologias Bt (resistente a insetos), contra cerca de 50% de cinco safras atrás.
Os lagarticidas corresponderam em 2022/23 a 30%, ou 3,7 bilhões de reais, do total de 12,2 bilhões do mercado de inseticidas, disse Mondini.
O FarmTrak também destacou a evolução acelerada do mercado de biolagarticidas. Conforme o especialista, tais produtos já movimentam 186 milhões de reais na sojicultura.
“Dados indicam tendência de novos saltos relacionados a lagarticidas biológicos nas próximas safras. Estão cada vez mais presentes nas lavouras, enquanto ferramenta complementar ao Manejo Integrado de Pragas.”
TIPOS DE RESISTÊNCIA
Conforme a consultoria, as sementes transgênicas de segunda geração, com tecnologias de resistência a insetos conjugadas com tolerância a herbicidas, estão presentes em 86% da área de soja, enquanto as de primeira geração (herbicidas) ocupam 8% do total plantado.
A pesquisa revelou também adesão menos representativa do produtor às biotecnologias de terceira geração, que somaram pouco mais de 2 milhões de hectares ou 5% da área cultivada, enquanto as sementes convencionais (não transgênicas) ocupam 2% da safra.
As sementes transgênicas de última geração, além de terem uma proteína Bt a mais que as de segunda geração, conferem tolerância ou resistência a outros herbicidas adicionais.