Uma em cada cinco amostras de leite coletadas nos EUA continha vestígios do vírus da gripe aviária, disse ontem (25) a FDA (Food and Drug Administration), destacando a extensão do problema poucos dias depois de ter anunciado que encontrou resquícios de H5N1 em amostras de leite no mercado.
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Em uma atualização do seu site, o órgão americano informa que as descobertas foram os resultados iniciais de um estudo conduzido em amostras de leite, “nacionalmente representativas”, no varejo. A agência disse que uma proporção maior de resultados positivos para a presença de restos do vírus vieram de leite amostrado em áreas com rebanhos infectados.
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Ainda segundo a FDA, os resultados positivos dos testes não significam que haja um risco imediato para os consumidores. O trabalho realizado por investigadores financiados pelo NIH (Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, na sigla em inglês) “indica ausência de vírus infecciosos”, acrescentando que “o fornecimento comercial de leite é seguro”.
No Brasil, Geraldo Borges, o presidente da Abraleite (Associação Brasileira dos Produtores de Leite), disse à Fobres Agro que o tema é de relevância global e exigirá um posicionamento das autoridades brasileiras. “O controle de qualidade do leite nas indústrias brasileiras é extremamente rigoroso e garante a oferta de um alimento seguro. O leite e seus derivados passam pela pasteurização onde são eliminados os possíveis microrganismos contaminantes e isso nos traz segurança”, observou o representante, destacando o protagonismo dos órgãos sanitários do país em casos de surtos internacionais de doenças como, além da gripe aviária, a vaca louca.
Entenda o que está acontecendo
Na noite de quinta-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) anunciou a detecção de 33 rebanhos de vacas leiteiras com infecções por gripe aviária em oito estados: Texas, Kansas, Novo México, Michigan, Idaho, Carolina do Norte, Dakota do Sul e Ohio.
No entanto, as últimas descobertas da FDA sugerem que a extensão das infecções pode ser significativamente maior – algo que os cientistas e especialistas em saúde já haviam alertado. Na quarta-feira (24), o USDA emitiu uma ordem exigindo testes de gripe aviária para bovinos leiteiros antes de serem transportados entre dois estados. A agência também reembolsará os produtores de leite pela realização de testes em seus rebanhos, incluindo animais assintomáticos.
A FDA relatou pela primeira vez a descoberta de restos do vírus da gripe aviária em amostras de leite pasteurizado no início desta semana. A agência disse que os vestígios virais não representam uma ameaça para os consumidores, uma vez que a pasteurização (processo de fervura do leite) mata bactérias e vírus nocivos.
A agência também reiterou o seu alerta contra o consumo de leite cru não-pasteurizado, observando que as informações disponíveis sobre a transmissão do vírus H5N1 por meio do leite cru são limitadas. Embora o H5N1 tenha sido detectado em animais de criação, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, na sigla em inglês), outro órgão sanitarista americano, afirma que o risco de propagação aos seres humanos permanece, contudo, baixo.
Até agora, apenas dois casos de infecções pelo H5N1 foram relatados nos EUA, incluindo uma pessoa no Texas no início deste mês e outra no Colorado em 2022.