A safra de soja do Brasil em 2024/25 foi estimada em um recorde de 169,9 milhões de toneladas, em um cenário base apontado nesta segunda-feira pela consultoria Céleres, o que implicaria em crescimento de 11,8% na comparação com a temporada passada, afetada por problemas climáticos.
O aumento da produção no novo ciclo, com plantio a partir deste mês e colheita concentrada na primeira parte de 2025, aconteceria mais em função de uma recuperação das produtividades, já que a área plantada em 2024/25 deve contar com “ligeiro aumento” de 1,6% em relação à safra anterior, alcançando os 46,2 milhões de hectares (+700 mil hectares na comparação), segundo a Céleres.
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“O crescimento de área é menor que os últimos anos, devido à expectativa de margens operacionais positivas mas abaixo da média observada na última década”, disse o analista de Agronegócio da Céleres Gabriel Santos.
Em um cenário base, a Céleres projeta margem operacional de 1.349 reais/hectare (21% sobre a receita bruta na média nacional) em 2024/25, considerando principalmente uma possível recuperação na produtividade.
Na safra anterior, a produtividade média nacional sofreu com o tempo seco no Centro-Oeste e partes do sul e também com enchentes no Rio Grande do Sul.
Em um cenário mais otimista para a safra cujo plantio deve começar neste mês, na hipótese de a área plantada crescer para 46,5 milhões de hectares e de produtividades mais altas, a produção teria potencial para aumentar para 178,2 milhões de toneladas, segunda a consultoria.
Num cenário mais pessimista, por outro lado, a área cresceria para 45,9 milhões de hectares, e a produção ainda aumentaria para 161,4 milhões de toneladas, ainda contando com um aumento da produtividade.
Já as exportações do Brasil, maior produtor e exportador global de soja, poderiam avançar para um recorde de 107 milhões de toneladas, em um cenário base, versus 102,4 milhões em uma visão mais pessimista e 112,3 milhões na expectativa mais otimista.
Na temporada anterior, a projeção da exportação indica 97 milhões de toneladas.
“Apesar da desaceleração econômica chinesa, não deve haver recuo da demanda local nem global por soja”, disse Santos.
Na demanda interna, a Céleres estima um crescimento de 3,3% no esmagamento, somando 55 milhões de toneladas em 2025 e suportado pelo crescimento do uso de óleo de soja para biodiesel.
Segundo o analista, mesmo num cenário pessimista de oferta, os estoques ao fim de 2025 deverão ser maiores que o estimado para 2024.
“Aliado aos níveis recordes de estoque de soja no mundo, o cenário esperado para 24/25 no Brasil reforça a leitura da Céleres de continuidade do ciclo de baixa para os preços de soja no mercado interno no decorrer de 2025”, afirmou o especialista.
Segundo ele, o cenário reforça a necessidade de eficiência do produtor “dentro da porteira”, que também precisa aproveitar oportunidades de mercado, sobretudo com a desvalorização do real.
Milho
Segundo a Céleres, para a safra de milho verão, a consultoria espera continuidade de queda na área plantada observada nos últimos anos, com uma redução de cerca de 100 mil hectares, ou 2,5%, projetando-se cerca de 4,3 milhões de hectares.
“O cenário de custos e preços para a safra de milho verão 24/25 sugere margens médias positivas, embora abaixo da média histórica e inferiores às da soja, disse Santos.
A produção de milho para a primeira safra 2024/25 foi estimada em 27,1 milhões de toneladas, um aumento de 1,1 milhão de toneladas (4%) em relação à safra anterior.
“A expectativa de um fenômeno La Niña de baixa intensidade pode ter um impacto mais significativo na safra de milho verão, especialmente na região centro-sul, que é mais susceptível a sofrer com menores precipitações, mesmo que o fenômeno seja de baixa intensidade”, disse o especialista.
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Considerando todas as três colheitas de milho do Brasil, que cultiva a maioria do cereal segunda safra, a oferta total nacional deverá aproximar-se de 134,1 milhões de toneladas, aumento de 5 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior, segundo avaliação da Céleres.