O Dia Mundial da Alimentação, hoje (16), é uma data que marca a importância de garantir a segurança alimentar e nutricional para todos, reforçando a luta contra a fome e a necessidade de sistemas alimentares cada vez mais mais sustentáveis.
Criado em 1979 pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o dia busca conscientizar sobre os desafios globais relacionados ao abastecimento de alimentos e destaca o papel dos países na construção de um mundo mais justo e sem fome. O Brasil ocupa uma posição central, sendo um dos maiores protagonistas no cenário da produção agroalimentar global.
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1. Produtor Global de Grãos
O Brasil é um dos maiores produtores de grãos do mundo, com destaque para a soja e o milho. O país se consolidou como o principal exportador de soja, abastecendo mercados como China, Europa e outros países da Ásia. A safra de soja encerrada em 2024, por exemplo, superou 154 milhões de toneladas, colocando o Brasil como líder global na produção dessa commodity essencial para a alimentação humana e animal.
2. Produção Sustentável de Carne
A Brasil produz bovinos, suínos e aves. O país é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, abastecendo mais de 150 países. Iniciativas voltadas para a rastreabilidade e sustentabilidade, como o programa de Carne Carbono Neutro, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), por exemplo, reforçam o compromisso do país com uma produção mais responsável e de menor impacto ambiental.
3. Agricultura Tropical de Alta Tecnologia
O Brasil também se destaca pela adoção de tecnologias agrícolas que permitem uma produção eficiente em regiões tropicais, onde o clima desafiador exige inovação constante. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é referência mundial em pesquisa e desenvolvimento, contribuindo para a adaptação de culturas como a soja e o milho ao Cerrado brasileiro, um bioma que se tornou um dos mais produtivos do país.
4. Frutas Tropicais para o Mundo
A fruticultura brasileira é outro setor de relevância, sendo o país o maior exportador de suco de laranja e um dos principais fornecedores de frutas tropicais como manga, melão e mamão. Regiões como o Vale do São Francisco, no Nordeste, têm se destacado pela produção irrigada de frutas, que são exportadas para Europa e Estados Unidos, levando o sabor tropical brasileiro para o mundo.
5. Protagonismo em Agricultura Regenerativa
Nos últimos anos, o Brasil tem se consolidado como um dos líderes globais em práticas de agricultura regenerativa e, novamente aqui, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Essas práticas ajudam a restaurar solos degradados, aumentar a produtividade e melhorar o sequestro de carbono, demonstrando que o país busca equilibrar produção em larga escala com a conservação ambiental.
6. Segurança Alimentar e Exportações para Alimentos Essenciais
Além de exportador de grandes volumes de commodities, o Brasil tem um papel estratégico no abastecimento de produtos básicos, como arroz e feijão, garantindo a segurança alimentar de sua população e de países vizinhos na América Latina. Em tempos de crise global de abastecimento, o Brasil tem contribuído para a estabilidade do mercado mundial de alimentos, mesmo diante de desafios como mudanças climáticas e questões geopolíticas.
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Os Desafios para um Futuro de Protagonismo
O futuro da segurança alimentar global depende de uma colaboração entre os países produtores e consumidores, e o Brasil segue sendo um elo fundamental nesse equilíbrio. Mas, alimentar uma população global crescente é um desafio complexo que envolve diversos fatores interconectados. Esses desafios exigem soluções coordenadas entre governos, setor privado, organizações internacionais e a sociedade civil para garantir que todos tenham acesso a alimentos suficientes, seguros e nutritivos. Entre eles estão:
1. Mudanças Climáticas e Eventos Climáticos Extremos
As alterações no clima afetam diretamente a agricultura e a pecuária, causando secas, inundações e temperaturas extremas que prejudicam colheitas e reduzem a produtividade agrícola. Mudanças nos padrões de chuva e o aumento da temperatura também afetam a distribuição de pragas e doenças, ameaçando a produção de alimentos em várias regiões.
2. Desigualdade no Acesso a Alimentos
Apesar de a produção global ser suficiente para alimentar a população mundial, a distribuição dos alimentos é desigual. Regiões mais pobres enfrentam dificuldades no acesso a alimentos nutritivos e de qualidade.
Desigualdades econômicas, conflitos e deslocamentos forçados agravam a insegurança alimentar em países vulneráveis.
3. Crescimento Populacional e Urbanização
A população global está projetada para atingir 10 bilhões de pessoas até 2050, aumentando a demanda por alimentos. Esse crescimento se concentra especialmente em áreas urbanas, o que demanda novas infraestruturas para transporte e armazenamento de alimentos. A urbanização também reduz áreas agricultáveis e pressiona os sistemas de produção para se adaptarem a um ambiente mais urbano.
4. Perda e Desperdício de Alimentos
Estima-se que cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo é desperdiçado, seja durante a colheita, transporte ou consumo. O desperdício ocorre principalmente nos países mais ricos, enquanto nos países em desenvolvimento, a perda de alimentos está mais associada a problemas de armazenamento, transporte e infraestrutura.
5. Pressão sobre os Recursos Naturais
A agricultura moderna depende fortemente de recursos como água e solo fértil. O uso excessivo desses recursos tem levado à degradação de solos e à escassez de água em várias regiões. A expansão da fronteira agrícola e a necessidade de aumento da produtividade também aumentam a pressão sobre a biodiversidade, desmatando florestas e reduzindo habitats naturais.
6. Conflitos e Instabilidade Política
Conflitos armados, instabilidade política e crises econômicas podem interromper a produção agrícola, destruir infraestruturas de transporte e deslocar populações, tornando o acesso a alimentos ainda mais difícil. Regiões como o Oriente Médio e partes da África enfrentam crises humanitárias que pioram a segurança alimentar local.
7. Sistemas Alimentares Insustentáveis
A forma como os alimentos são produzidos, processados, transportados e consumidos tem um grande impacto ambiental. A agricultura intensiva contribui para a emissão de gases de efeito estufa, degradação do solo e perda de biodiversidade. Transformar os sistemas alimentares em modelos mais sustentáveis e resilientes, com menor impacto ambiental, é um desafio urgente para garantir a segurança alimentar no longo prazo.
8. Acesso à Tecnologia e Inovação
Em muitas regiões, agricultores de pequeno porte não têm acesso a tecnologias avançadas, financiamento e insumos que poderiam aumentar sua produtividade e resiliência. A transferência de tecnologia para melhorar práticas agrícolas, aumentar a eficiência no uso da água e combater pragas e doenças é essencial, mas ainda há uma disparidade no acesso a essas inovações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.