Carmen Perez, uma das vozes mais pulsantes na defesa do bem-estar animal (BEA) e dos humanos que os circundam, está com um novo projeto para a pecuária que pratica. Ela está lançando o filme “Um Outro Olhar”, terceiro longa do projeto chamado “Quando Ouvi A Voz da Terra”. Carmen está comprometida com essa causa desde que entrou no mundo da pecuária, aos 22 anos.
Apresentado nesta semana em São Paulo, o documentário segue para Goiânia em março de 2025. Estão na agenda a exibição em outros locais, como a capital mato-grossense Cuiabá, mas o ponto alto esperado é exibir o filme em Belém, no Pará, durante a COP30 (30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas) da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorrerá em novembro de 2025 . Em São Paulo, ele foi exibido no Museu da Imagem e do Som (MIS) e recebeu cerca de 150 convidados.
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“O filme é muito importante, porque fala da prática do bem-estar animal com grandes pesquisadores e especialistas, ao mesmo tempo que conscientiza as pessoas sobre a realidade da produção na agropecuária atual brasileira”, diz Carmen, que também é colunista da Forbes Agro e integra o grupo Forbes MulherAgro. “É uma obra para conectar o campo à cidade, de forma muito verdadeira.”
O documentário conta a história da viagem que ela e o zootecnista e professor, Matheus Paranhos, fizeram aos Estados Unidos, em maio de 2023. Ele é a mais respeitada figura acadêmica do país em etologia animal, a ciência que estuda seu comportamento, doutor em psicobiologia e pós-doutorado em Bem-Estar Animal pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Foi ele que criou em 1992 o Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (Grupo ETCO), na Unesp em Jaboticabal (SP). “Estou muito satisfeito em ter feito parte do projeto, tratando de um tema que movimenta a minha vida profissional”, diz ele.
Carmen é dona da Agropecuária Orvalho das Flores, localizada em Araguaiana, município a 50 quilômetros de Barra do Garças (MT), onde cria gado da raça nelore. Graças aos anos de dedicação e de estudo ao tema, ela aplica práticas como massagens em bezerros e métodos alternativos à marcação a fogo, como tatuagens e brincos de identificação e bóttons eletrônicos, que minimizam o estresse do animal. “Ela quer conquistar e mudar a concepção de que animal não precisa sentir dor”, diz Tereza Perez, a mãe de Carmen, que sempre apoiou o projeto da filha.
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“Um Outro Olhar” explora as práticas em andamento nas pesquisas de BEA para trazer uma nova perspectiva ao agronegócio. Entre os especialistas ouvidos está Temple Grandin, uma psicóloga e zootecnista mundialmente conhecida pelas técnicas que revolucionaram o tratamento racional de animais em propriedades rurais e abatedouros nos Estados Unidos. Pessoa autista, ela usou a sensibilidade causada por esse transtorno para entender e mudar a vida dos animais em fazendas. Hoje, é referência mundial no tema e responsável pelo design de muitos dos currais e frigoríficos nos EUA e muitos outros países, inclusive no Brasil.
No Brasil, Carmen e Paranhos também conversaram com Aldo Rebelo, atual secretário municipal de Relações Internacionais de São Paulo e relator, em 2012, do Novo Código Florestal. “Admiro o esforço e o trabalho que a Carmen faz de combinar a atividade pecuária no Brasil com a proteção animal e do meio ambiente”, diz Rebelo. O engenheiro agronômico e ex-ministro da Agricultura e Pecuária, Roberto Rodrigues complementa. “O filme deve causar uma reação forte na pecuária brasileira”.
O documentário também traz contribuições sobre a temática das mudanças climáticas por meio da voz de Caio Penido, pecuarista fundador do movimento Liga do Araguaia, em 2015, composta por cerca de 60 fazendas que praticam a pecuária sustentável com baixa pegada de carbono. Penido também é presidente do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac).
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O projeto tem em sua equipe Flávia Tonin, jornalista e especialista em bem-estar animal, e Nando Dias Gomes, diretor brasileiro que há uma década se dedica a narrar histórias do agronegócio para o cinema e a televisão. O primeiro filme, de 2021, foi indicado a nove festivais internacionais, além de receber a “Menção Honrosa de Impacto Social” na premiação estadunidense Latino And Native American Film Festival (LANAFF), e levar a prata em sua categoria na 20ª Mostra de Comunicação do Agro da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA).