Alejandro Couce é uruguaio. Sua esposa, Graziela Padoin, é brasileira. E seus filhos são argentinos. Couce veio do mundo corporativo e tecnológico, onde as viagens de negócios por quase 70 países, as longas esperas em aeroportos e as noites em hotéis faziam parte de sua rotina. Em um ano, chegou a fazer 130 voos. Mas um dia teve, como costuma dizer, uma epifania. Diante de uma situação limite, em um hospital, disse Graziela, uma especialista em terapias de alto impacto, que queria se dedicar a produzir vinhos de alta gama.
E seria com ela, em Mendoza, na Argentina, uma das regiões mais badaladas do país para a produção de vinhos e famosa como ponto turística. O casal conseguiu o que Couce desejava com a Couce Vineyards, uma vinícola de vanguarda que começou com menos de 2.000 garrafas e hoje comercializa seus vinhos nos Estados Unidos e na Argentina, com consumidores de vários países levando o produto para outras regiões.
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Mas o desejo vinha de muito antes. “Já em 1998, tínhamos a visão de criar vinhos ultra premium nas melhores latitudes. Em 2003, a ideia começou a tomar forma, mas foi só em 2011 que nosso vinhedo produziu as melhores uvas Malbec. Lançamos a Couce Vineyards junto com minha esposa há quatro anos, em 2020, após uma viagem turística a Mendoza, durante a qual, além de comprar alguns vinhos como souvenir, adquirimos um vinhedo onde hoje colocamos toda nossa paixão e inovação, dedicando-nos exclusivamente à elaboração de vinhos Malbec ultra premium”, diz Couce, que também é coautor de dois livros sobre gestão.
Localizada em Los Chacayes, no Vale de Uco, a Couce Vineyards produz dois tipos de vinhos Malbec de alta gama para exportação, envelhecidos em barricas de carvalho francês, vendidos nos Estados Unidos e em outros países das Américas. “Quando cheguei a esta região, vi o lote do nosso vinhedo na encosta da montanha, a 1.100 metros de altitude, com tudo o que isso significa para a produção de vinho. E quando notei que o vinhedo era de 2011, o mesmo ano em que tive meu sonho, compartilhei isso com Graziela, e para mim foi uma epifania. Lembro de pensar: ‘Essa uva não é uva, não é fruta, é outra coisa’, e disse: ‘É aqui que quero fazer’”, conta Couce.
Nas palavras de seu fundador, a Couce Vineyards “é muito mais do que a soma das partes. Nossos vinhos ‘AleGra’ são, por um lado, a mistura de culturas, sabores, aromas e sensações do mundo inteiro, em busca do equilíbrio entre a razão e a paixão. Com Graziela, criamos este vinho para celebrar momentos especiais da vida pessoal e dos negócios.”
A vinícola produz edições limitadas. Couce explica que os clientes se inscrevem em listas de pré-venda, antecipando-se à produção. “Observamos um aumento significativo no consumo dos nossos vinhos AleGra no ambiente corporativo e nas celebrações pessoais”, afirma.
“AleGra Reserva, envelhecido por 22 meses em barricas de carvalho francês de primeiro uso e mais 10 meses em garrafa, é único em seu tipo na América Latina, com 85% de Malbec e 15% de Cabernet Franc. De Los Chacayes para o mundo”, diz Couce. O AleGra Alamela, elaborado em homenagem aos filhos de Alejandro e Graziela, é um vinho mais jovem, envelhecido por 8 meses em barricas de carvalho francês. Esse vinho possui um trabalho especial, onde o sabor da fruta prevalece sobre a madeira, algo muito difícil de alcançar.
Couce não fala qual foi seu investimento inicial para lançar a Couce Vineyards, mas a estimativa é que ele vai a uma soma de seis dígitos, ou seja, alguns milhões. O casal espera recuperar o investimento nos próximos dois anos, mas por enquanto continua reinvestindo anualmente. “É um negócio de longo prazo, cujo legado será administrado pelas próximas gerações da família”, afirma Couce.
O ano que está prestes a terminar foi positivo para a vinícola. “2024 apresentou um crescimento exponencial, com 3x (298%) do volume comercializado em 2023. Algumas safras, como as de 2020 e 2021, já se esgotaram na Argentina, mas ainda estão disponíveis nos Estados Unidos”, diz Couce. Apenas 30% da produção foi destinada ao mercado doméstico, enquanto 70% foi exportado para os EUA.
Os planos continuam. “No dia 24 de novembro, no Dia Internacional do Vinho Argentino, lançaremos no mercado local um vinho cofermentado, blend de 85% Malbec e 15% Carménère, aproveitando que nesse mesmo dia também se celebra o Dia do Carménère no mundo”, afirma.
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Para 2025, as expectativas são otimistas: esperam dobrar o tamanho da operação e expandir para mais um ou dois destinos na América ou Europa, possivelmente incluindo o México. Além disso, a partir de 2026, a vinícola planeja lançar vinhos brancos e rosés de Malbec, ampliando seu portfólio ultra premium.
Projeto de Vida e Vinho em Marcha
Couce e Graziela se conheceram durante uma viagem a Buenos Aires. Na época, ele vivia a maior parte do tempo nos Estados Unidos e ela, em seu Brasil natal. Graziela, especialista em terapias de alto impacto e inovação, coautora de um livro sobre Destination Marketing, foi a primeira latino-americana certificada como Executiva de Marketing de Destino. Eles se encontraram no Hotel Faena, na capital argentina, durante reuniões de negócios de suas respectivas empresas.
“Nos conhecemos graças a uma cantora que interpretava músicas de Amy Winehouse. Incrível, mas real, o sobrenome da cantora começava com ‘Wine’. E hoje nosso filho se chama Alan, em parte por Alan Faena”, diz Couce. Juntos, descobriram que ambos valorizam estar presentes em momentos memoráveis, entendendo a felicidade como uma coleção de experiências. O setor vitivinícola permite que participem de diversas situações onde o vinho reúne pessoas.
“Na Argentina, temos vinhos de qualidade entre os melhores do mundo, principalmente Malbec, ideal para devolver ao mundo as alegrias que recebemos. Celebramos acordos ao globalmente e aprendemos qual tipo de garrafa os executivos do mundo gostam de abrir para comemorar. Participamos de eventos de escala mundial, onde os vinhos são escolhidos com o maior cuidado. Nossos vinhos estão presentes nesses momentos que as pessoas desejam reviver”, afirma.
A Couce Vineyards conta com um canal de e-commerce para vendas em toda a Argentina e em 42 estados dos Estados Unidos, oferecendo serviço de entrega porta a porta. Na Argentina, seus vinhos também podem ser encontrados em vinotecas como Bebidamente, em Buenos Aires, e Unidos por el Vino, além de restaurantes renomados como Siete Fuegos, de Francis Mallmann, e outros estrelados pelo Guia Michelin. “Vários restaurantes estão criando cartas especiais de alta gama para incluir nossos vinhos”, diz Couce.