O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) começará a exigir que o leite cru seja testado para a gripe aviária como parte de esforços intensificados para combater o surto da doença em gado leiteiro iniciado em março, anunciou a organização na sexta-feira (6) — enquanto o leite cru continua a ser promovido pelo indicado a secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr.
A nova ordem federal está exigindo que amostras de leite cru sejam compartilhadas com o Usda, se solicitadas; que os proprietários de rebanhos cujos animais testem positivo para gripe aviária forneçam informações para rastreamento de contatos; e que laboratórios privados e veterinários estaduais relatem resultados positivos ao Usda.
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A nova orientação foi emitida após a Califórnia suspender a venda de leite cru da Raw Farm, uma fazenda de laticínios em Fresno, nesse estado, no início desta semana, depois que o vírus da gripe aviária foi encontrado em amostras de leite.
A ordem federal segue uma outra, emitida em abril — ainda em vigor — que exige testes obrigatórios em vacas leiteiras em lactação antes do transporte interestadual, com a obrigação de relatar resultados positivos.
A primeira rodada de testes começará na semana de 16 de dezembro e incluirá testes de leite na Califórnia, Colorado, Michigan, Mississippi, Oregon e Pensilvânia, informou o The New York Times.
O número de estados que têm gado infectado pelo vírus da gripe aviária chegou 15 nos EUA, segundo o The New York Times. A doença se espalhou por 720 rebanhos, embora alguns especialistas acreditem que esse número seja subestimado por causa da falta de testes obrigatórios.
O surto de gripe aviária em gado leiteiro começou em março, de acordo com o USDA, e em abril a Food and Drug Administration (FDA) anunciou que algumas amostras de leite pasteurizado testaram positivo para vestígios de H5N1 — embora tenha afirmado que esses resultados positivos não apresentavam risco aos consumidores, pois o processo de pasteurização elimina ou inativa bactérias.
No entanto, o leite cru não passa pelo processo de pasteurização, o que torna seu consumo mais arriscado. O Departamento de Alimentos e Agricultura da Califórnia alertou no final de novembro que surtos de “Salmonella, Listeria monocytogenes, E. coli produtora de toxinas, Brucella, Campylobacter e muitas outras bactérias” têm sido associados ao consumo de produtos lácteos crus.
Apesar desses riscos, vários influenciadores de mídia social, como Joe Rogan, além de personalidades e sites de direita, continuam promovendo o consumo de leite cru. Kennedy, um dos maiores defensores do leite cru, afirmou que só consome leite cru e acusou a FDA de suprimir agressivamente o produto.
A notícia sobre a nova orientação federal surgiu um dia após o diretor executivo da Raw Farm, Mark McAfee, afirmar que foi convidado pela equipe de transição de Kennedy para se candidatar a um cargo na FDA. McAfee disse ao The Los Angeles Times que atendeu ao pedido e se candidatou para ser “assessor da FDA em políticas e desenvolvimento de padrões para leite cru”. As vacas de McAfee foram colocadas em quarentena e suas vendas foram suspensas na terça-feira (3), após seu leite cru testar positivo para H5N1. Ele também está no centro de vários processos judiciais relacionados a doenças.