As exportações de soja do Brasil em janeiro estão estimadas em 1,71 milhão de toneladas, queda de quase 30% em relação ao mesmo mês do ano passado, mas uma esperada safra recorde pode elevar os embarques em 2025 para um recorde de até 110 milhões de toneladas, acordo com previsões da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), divulgadas nesta terça-feira (8).
O volume previsto para janeiro, se confirmado, ficaria abaixo das 2,4 milhões de toneladas embarcadas em igual mês de 2024, conforme o relatório da Anec. Mas poderia significar um aumento de cerca de 300 mil toneladas ante dezembro, quando a redução da oferta na entressafra impactou os embarques.
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Agora a colheita da nova safra do maior produtor e exportador global de soja está começando, devendo se intensificar a partir de fevereiro.
“Em relação às exportações, nossa estimativa é que há um potencial de se exportar até 110 milhões de toneladas, o que representa um verdadeiro desafio a ser cumprido em termos logísticos”, afirmou a Anec.
Isso representaria um crescimento de cerca de 13 milhões de toneladas em relação a 2024, e também superaria a marca histórica de 2023, de 101,3 milhões de toneladas, segundo a Anec.
Em 2024, a China se manteve, com folga, como o maior comprador de soja do Brasil, com 74 milhões de toneladas, ou 76% das exportações totais do Brasil. Em segundo lugar veio a Espanha, com 4,1 milhões de toneladas (4%), seguida pela Tailândia, com 3 milhões de toneladas (3%).
Para o farelo de soja, a estimativa da Anec é de 1,43 milhão de toneladas, ante 1,75 milhão em janeiro do ano passado e 2,17 milhões de toneladas em dezembro, quando o Brasil fechou o ano com um recorde histórico.
As exportações de farelo de soja do Brasil somaram 23,2 milhões de toneladas em 2024, superando as 22,4 milhões de toneladas em 2023. No ano passado, os principais destinos foram a União Europeia e países asiáticos como Indonésia, Tailândia e Vietnã.
A decisão da União Europeia, maior comprador de farelo de soja do Brasil, de adiar em um ano a entrada em vigor da lei antidesmatamento “trouxe alívio ao mercado, que agora terá mais tempo para ajustar suas operações e atender às exigências da nova lei”, disse a Anec.
“Mesmo assim, a regulamentação continua a gerar preocupação sobre a continuidade do fornecimento de soja e farelo para a UE. Estima-se que o custo do produto em conformidade com a EUDR tenha um aumento de 5% a 10% para o consumidor europeu, enquanto o produto que não atender aos critérios poderá ser destinado ao mercado interno ou a países asiáticos”, afirmou a Anec.
Recuperação do Milho
Já a exportação de milho foi prevista em 2,9 milhões de toneladas neste mês, também abaixo das 3,5 milhões registradas um ano antes e inferior a dezembro do ano passado (3,62 milhões de toneladas).
Mas, assim como na soja, a Anec espera um aumento das exportações de milho do Brasil em 2025 em relação a 2024, apesar de um consumo interno aquecido, em meio ao avanço de usinas de etanol produzido a partir do cereal.
“O mercado interno continuará em expansão, o que aumentará a demanda pelo cereal, e é possível que experimentemos o maior consumo interno da história, considerando que os preços seguem atrativos para os produtores”, disse a Anec.
“Os volumes excedentes serão destinados à exportação, que deverá ter o potencial de chegar a 42 milhões de toneladas.”
A exportação de milho do Brasil, segundo exportador global de cereal, encerrou 2024 em 37,8 milhões de toneladas, abaixo do recorde de 55,6 milhões de toneladas de 2023.
“Por outro lado, com o crescimento do consumo de milho para a produção de etanol, haverá mais subprodutos a serem exportados e deverá resultar em um aumento nas exportações de DDG (farelo de milho, coproduto da indústria de etanol). Resumindo, o cenário para o milho é positivo”, disse a Anec.
A associação previu a exportação de trigo em janeiro em 519.290 toneladas, contra 685.171 no mesmo mês de 2024 e 305,4 mil toneladas em dezembro.