
A Amaggi, uma das principais empresas do agronegócio brasileiro, com sede em Cuiabá (MT), alcançou um marco inédito ao se tornar a primeira produtora e trader de grãos e fibras do país a ter três metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) aprovadas pela iniciativa global Science Based Targets Initiative (SBTi). A notícia veio na semana passada e, segundo a empresa, o reconhecimento reforça seu compromisso com a sustentabilidade e a descarbonização do setor.
“Com o desafio das mudanças climáticas e a importância do setor de grãos e fibras no Brasil, é essencial que as empresas assumam compromissos sérios e validados para garantir que as metas de redução de emissões sejam eficazes e alinhadas às recomendações científicas”, afirma Juliana Lopes, diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi.
De capital nacional controlado pelos sucessores de André Maggi – entre eles o ex-governador de Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi –, a Amaggi comercializa cerca de 20 milhões de toneladas de grãos e fibras globalmente, além de produzir em fazendas próprias mais de 1,5 milhão de toneladas de soja, algodão e milho. Com receita próxima de R$ 50 bilhões (o faturamento de 2024 ainda não é público), a Amaggi tem figurado entre as tope 10 no ranking Forbes Agro100, que lista as empresas mais relevantes do setor no Brasil.
A SBTi é uma iniciativa global que orienta e certifica empresas no estabelecimento de metas de redução de emissões alinhadas com o Acordo de Paris, garantindo que suas estratégias estejam em conformidade com as recomendações científicas para limitar o aquecimento global a 1,5°C. No Brasil, por exemplo, a BRF se tornou a primeira agroindústria validade pela SBTi. Outros grandes nomes globais estão na lista, como Microsoft, Procter & Gamble, Unilever e Walmart.
Metas Estabelecidas pela Amaggi
A Amaggi traçou um plano de ação para reduzir suas emissões, dividindo suas metas em curto e longo prazo. No curto prazo, a meta é reduzir em 50,4% as emissões nos escopos 1 e 2 e em 30% no escopo 3 até 2032, com base no ano de 2022. Já no longo prazo, a meta de Net Zero prevê uma redução de 90% das emissões nos três escopos até 2050.
Além disso, a Amaggi estabeleceu metas para a categoria FLAG (Floresta, Terra e Agricultura), reduzindo as emissões de escopo 1 e 3 em 17% até 2032 e em 72% até 2050. Em área plantada, atualmente a empresa trabalha na faixa próxima de 400 mil hectares plantados, por safra.
Reduzir as emissões de escopo 3, que incluem aquelas associadas à soja comprada de terceiros, é um dos maiores desafios para a empresa. Para enfrentá-lo, a Amaggi lançou o programa Amaggi Regenera, que se tornou uma certificação em agricultura regenerativa.
“Essa iniciativa busca garantir a saúde do solo, a biodiversidade e a disseminação de conhecimento técnico para os produtores rurais e agricultores familiares”, explica Juliana. A empresa também trabalha com entidades de pesquisa, como a Embrapa, para monitorar os impactos e incentivar a adoção dessas práticas entre os produtores parceiros.
Outra estratégia-chave para a redução de emissões é a transição para uma matriz energética mais limpa. O programa B100 da Amaggi é uma iniciativa pioneira que visa a substituição do diesel convencional pelo biodiesel puro em caminhões, maquinários agrícolas e embarcações.
Segundo Juliana, essa mudança pode reduzir em até 99% as emissões de CO₂ em comparação ao diesel convencional, conforme as diretrizes do GHG Protocol. “A Amaggi experimenta em suas próprias fazendas essas práticas e avança no monitoramento dos seus impactos, atuando em conjunto com entidades renomadas de pesquisa para engajar o produtor rural parceiro na adoção dessas soluções.”
A empresa também estabeleceu um compromisso para garantir uma cadeia produtiva livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa até 2025. “Esse compromisso é fundamental não apenas para reduzir as emissões do setor, mas também para proteger a biodiversidade e os ecossistemas”, afirma Juliana.
A Amaggi tem adotado uma política de expansão agrícola restrita a áreas já abertas, evitando novas conversões de vegetação nativa. A companhia acredita que a preservação ambiental é um dos principais pilares para garantir a perenidade da atividade agrícola e reforça que iniciativas como o monitoramento rigoroso de sua cadeia de fornecedores são fundamentais para assegurar o cumprimento dessas metas.
Juliana também ressalta que, para avançar na agenda climática, é essencial que todo o setor de grãos e fibras adote metas de curto e longo prazo. “A descarbonização é um desafio coletivo. Precisamos trabalhar em conjunto para garantir que as metas de redução de emissões sejam atingidas e que possamos contribuir para um agronegócio mais sustentável no Brasil e no mundo”, diz ela.