Atenção, Starbucks: a China representa uma dupla ameaça com uma marca de chá e uma rival de café de baixo custo, agora que a Chagee e a Luckin Coffee estão intensificando suas investidas contra a gigante norte-americana do setor cafeeiro.
Enquanto a cadeia chinesa de chá premium Chagee se prepara para abrir sua primeira loja nos Estados Unidos, no shopping Westfield Century City, em Los Angeles, prometida até o mês de junho, a empresa também entrou com pedido de oferta pública inicial de ações (IPO) na Nasdaq.
Ao mesmo tempo, há relatos de que a também gigante chinesa de bebidas Luckin Coffee estaria planejando levar seu café de baixo custo aos EUA, começando com uma loja em Nova York. Os preços das bebidas ficariam entre US$ 2 e US$ 3, com foco inicial em cidades com grandes populações de estudantes e turistas chineses.
Se a Chagee for bem-sucedida e abrir capital na Nasdaq, se juntará a um grupo cada vez menor de empresas chinesas que buscaram listagem nos Estados Unidos, em meio ao esfriamento contínuo das relações entre a Casa Branca e Pequim — mais geladas do que um chá com gelo.
Notavelmente, a tão aguardada abertura de capital nos EUA da varejista de moda rápida Shein não se concretizou, por causa de questionamentos regulatórios e de conformidade levantados por parlamentares. A queridinha da Geração Z agora planeja um IPO em Londres ainda este ano, embora o processo não tenha sido concluído.
IPO da Luckin Coffee
Os investidores americanos em potencial podem estar mais do que cautelosos após a trajetória turbulenta da primeira listagem da Luckin Coffee. Fundada em 2017, a empresa cresceu rapidamente, superando o número de lojas da Starbucks na China em apenas dois anos e então abriu capital na Nasdaq.
No entanto, em 2020, a Luckin informou que havia inflado seus dados de vendas, o que levou à sua exclusão da Nasdaq. As American Depositary Shares da empresa foram negociadas na Nasdaq até 13 de julho de 2020. Posteriormente, a Luckin concordou em pagar uma multa de US$ 180 milhões (R$ 1 bilhão na cotação atual) para encerrar as acusações de fraude.
A empresa entrou com pedido de recuperação judicial sob o Capítulo 15 da lei de falências dos EUA e saiu da administração em 2022, já sem os executivos responsáveis pelas fraudes contábeis originais. Desde então, a Luckin vem crescendo de forma consistente e superou a Starbucks — cuja segunda maior operação global é na China — tornando-se a maior rede de cafeterias do país em vendas.
A operadora sediada em Pequim abriu 6.066 novas lojas líquidas na China no ano passado, totalizando 22.284 unidades, sendo 65% delas operadas diretamente pela empresa. A Luckin também abriu 21 novas lojas líquidas em Singapura, chegando a 51 unidades, e estreou em Hong Kong com cinco lojas. Em janeiro, inaugurou sua primeira unidade na Malásia.
Chagee expande atuação na Ásia
A Chagee também foi fundada em 2017 e cresceu rapidamente, totalizando cerca de 6.400 casas de chá na China, Malásia, Singapura e Tailândia até 31 de dezembro de 2024. Atualmente, cerca de 97% de suas unidades estão no mercado chinês.
A empresa afirmou que gerou lucro líquido de US$ 344,5 milhões (R$ 2 bilhões) a partir de uma receita de US$ 1,7 bilhão em 2024. Caso o IPO seja bem-sucedido, a Chagee será listada sob o código de negociação CHA.
O fundador e CEO, Junjie Zhang, afirmou que criou a rede com o objetivo de modernizar o hábito de tomar chá, inspirado pelo sucesso de empresas internacionais de café. Segundo o site da empresa, a Chagee pretende “atender amantes de chá em 100 países, gerar 300 mil oportunidades de emprego em todo o mundo e entregar 15 bilhões de xícaras de chá fresco por ano”.
Zhang declarou em um fórum realizado no início deste ano, no Dia Internacional do Chá: “Nos últimos anos, temos explorado maneiras de restaurar técnicas de preparação de chá de 900 anos atrás, utilizando tecnologia moderna, permitindo assim que o chá retorne à sua essência. Por um lado, estamos promovendo produtos mais saudáveis e, por outro, buscamos difundir a cultura chinesa, com o objetivo de estabelecer uma marca de chá oriental de classe mundial.”
Os consumidores dos EUA poderão conferir tudo isso em breve, à medida que a Starbucks enfrenta a perspectiva de uma Chagee e uma Luckin Coffee aquecendo ainda mais um mercado já saturado.
