Em 1992, no texto final da Convenção da Diversidade Biológica, intitulado “Nairobi Final Act of the Conference for the Adoption of the Agreed Text of the Convention on Biological Diversity”, estava escrito que o “Dia Internacional da Biodiversidade” seria lembrado em todo 22 de maio. No Brasil, um país continental e diverso, os biomas são retratos da riqueza que cada vez mais movimentará a bioeconomia global. Essa riqueza é uma vantagem que passa pela função das propriedades rurais em produzir alimentos para a população local e mundial.
Um artigo escrito pelos pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Elisio Contini e Adalberto Aragão, aponta que a agropecuária brasileira alimenta cerca de 800 milhões de pessoas no mundo. E que até 2030 serão 1 bilhão de pessoas. Os dados foram elaborados a partir da definição do que é alimento, segundo o Food Price Index, do Banco Mundial.
LEIA TAMBÉM: Dia Mundial das Abelhas: Pará entra para a Rota do Mel
Na Declaração da Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o Meio Ambiente, onde estão os 19 princípios do que é chamado Manifesto Ambiental, está escrito que “o homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente”. Entidades e produtores rurais têm batido na tecla, insistentemente, de que quem planta e cria dentro de preceitos legais são os maiores interessados em proteger o ambiente e a biodiversidade, justamente porque seus negócios dependem dos serviços da natureza.
Saiba quais são os cinco argumentos mais utilizados pelos produtores:
1 – Proteção da biodiversidade começa nas fazendas
Dados da Embrapa Territorial mostram que, em um universo de 4 milhões de propriedades rurais no Brasil, há um total de 176,8 milhões de hectares de áreas preservadas com vegetação nativa dentro desses estabelecimentos. Essa área equivale a 20,5% do território brasileiro. São áreas que vão de 25% a 80% das propriedades rurais, contando as reservas legais e as APPs (áreas de preservação permanente).
No primeiro caso, a área precisa estar coberta por vegetação natural, podendo ser explorada com o manejo florestal sustentável. As APPs são áreas cobertas ou não por vegetação nativa, em geral cursos d’água, para dar estabilidade geológica e manter a biodiversidade,
2- Plantio Direto coloca o Brasil na vanguarda
O Plantio Direto, técnica que começou a ser desenvolvida nos anos 1970, no mundo, é utilizado em quase 34 milhões de hectares no Brasil, segundo a Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto. Nesse sistema há um mínimo ou nenhum revolvimento do solo, é necessária a permanência de uma cobertura morta sobre o solo (a palhada) e também realizar a rotação de culturas.
Já na Conferência Eco-92 ou Rio-92, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro no ano de 1992, o Plantio Direto era considerado a mais importante ação ambiental brasileira que atendia os preceitos recomendados pela Agenda 21, documento assinado por 179 na ocasião. Hoje, o Brasil é um dos países que mais utilizam o Plantio Direto no mundo.
3 – Sistema integrado é o caminho da produção
Os sistemas integrados de produção agropecuária, termo científico para técnicas como ILP (integração lavoura-pecuária) e ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) vêm sendo desenvolvidos desde os anos 1980 pela Embrapa.
Atualmente, a estimativa é que em 2021 o sistema, com algum grau de aplicação, esteja em 17 milhões de hectares. Para 2030, a previsão é chegar a 30 milhões de hectares em sistemas integrados. Estudos da Embrapa mostram uma maior diversidade de espécies, como insetos por exemplo, nesses sistemas produtivos contribuindo com a biodiversidade dessas áreas, além do sequestro de gases de efeito estufa. A instituição desenvolveu metodologia para medir o balanço de carbono e já colocou no mercado as regras para a produção de Carne Carbono Neutro. As próximas metodologias devem ser para leite e soja, mas a meta é chegar à certificação de propriedade carbono neutro.
4 – Um novo potencial mercado para os biomas
O Programa Bioeconomia Brasil, iniciativa que reúne o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) já identificou 26 produtos nos biomas Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado com potencial de mercado, como plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias.
Esses produtos podem ser processados e comercializados como azeites, chás, colírios, repelentes e hidratantes. O mapeamento apresentado em março deste ano começou em 2105 e envolveu agricultores familiares, extrativistas, representantes da indústria, do comércio e de instituições públicas, com metodologia desenvolvida pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão).
5 – Ciência preservada para o futuro
A biodiversidade é a matéria-prima da biotecnologia. A Embrapa mantém instrumentos para resguardar os recursos genéticos visando preservar a biodiversidade. Como Portal Alelo, com dados e informações de germoplasma das vertentes animal, vegetal e de microrganismos.
A instituição também mantém parcerias com plataformas globais, que servem para unificar bancos de dados da biodiversidade em todo o mundo. Entre elas está a Wiews (World Information and Early Warning System for PGRFA), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.