A tendência é amiga do investimento. Em tempo de pandemia, os ventos favoráveis criados pela tecnologia e as tendências geográficas são fundamentais para os resultados dos negócios: uma empresa que se beneficia desses ventos favoráveis tem quatro a oito vezes mais probabilidade de chegar ao topo da economia, dados da Mckinsey.
Antes de 2020, era fácil perder de vista as tendências de longo prazo em meio as oscilações de curto prazo. Porém, os anos de 2020 e 2021 aceleraram a percepção do que seja longo prazo, sendo bons exemplos de que há momentos em que a natureza e a direção dessas tendências se tornam mais claras.
Hoje, por exemplo, a tecnologia está proporcionando avanços surpreendentes, nunca antes experimentados.
Os líderes empresariais e os seus investimentos precisam repensar onde e como competir, e também devem cooperar na elaboração de um novo acordo social que ajude os indivíduos a lidar com mudanças tecnológicas disruptivas centradas nas pessoas e nos seus territórios.
Há um novo aprendizado centrado na narrativa de uma competição compartilhada, bem como na necessidade crescente de cooperação. Essa direção contém desafios, mas também grandes oportunidades.
Como as mudanças nas expectativas dos consumidores e da sociedade afetarão seus modelos de negócios? Uma boa pergunta para os investidores entenderem as mudanças em andamento e as converterem num impulso positivo para seus negócios.
Como identificar essas oportunidades? Repito, a pandemia acelerou tudo! Percebem-se espaços nos quais forças interagem de modo mais concentrado e onde a direção das reações em curso é clara. São espaços, leia-se negócios, centrados nas pessoas, no ambiente e nas condutas de governança nos quais a “temperatura” da inovação é alta.
Até porque a equação dos recursos naturais do mundo está mudando conforme a tecnologia aumenta a produtividade dos recursos. Vive-se um olhar ético aos gargalos e necessidades sociais e ambientais.
Qual a capacidade do mundo de sustentar bilhões de pessoas emergindo da pobreza, comendo mais proteínas, dirigindo automóveis que emitem toneladas de carbono diariamente?
A tecnologia tem transformando a produção de recursos. Avanços em análises, automação e Internet das Coisas, junto com inovações em áreas como ciência de materiais, já estão se mostrando uma grande promessa na redução do consumo de recursos.
Porém, não estamos apenas sendo invadidos por tecnologias, mas vivendo uma explosão de consumo com valor compartilhado, agregando mudanças sociais e financeiras. As pessoas estão buscando mais benefícios positivos, a noção de entrega de valor do negócio está mudando. Além disso, o conceito de competição também está mudando: conforme as redes interconectadas de parceiros, plataformas, consumidores e fornecedores se tornam mais importantes do que o lucro, vivencia-se uma revolução do ecossistema de negócios.
A tecnologia está se combinando de novas maneiras, basta que se veja, por exemplo, a tendência exponencial voltada para os carros elétricos, compartilhamento de viagens, carros sem motorista e as comunicações de veículo a veículo, investimento reunido para rapidamente reduzir o peso do automóvel e os seus impactos negativos, mudar os padrões de direção e melhorar a utilização dos carros. É bom que se diga que tal tendência resultará num achatamento da demanda global por petróleo e que até 2025 haverá um cenário plausível em relação à adoção de tecnologias de veículos não poluidores e uma grande desaceleração do consumo de plásticos.
Por incrível que pareça, a pandemia tem nos apresentado a maior oportunidade de todas e, provavelmente, apontado as maiores necessidades da humanidade pós-contemporânea.
O investimento ESG é mola propulsora para criar um novo acordo social sustentado num futuro mais brilhante para todos. Os valores éticos são caros e devem ser preservados para superar as forças que minam o ESG como lugar de uso comum – o que é intolerável – e devem impulsionar a prosperidade e corrigir a desigualdade e assimetria social e ambiental.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Ceará.
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