O live-action da Disney, “Cruella”, conta a história da famosa vilã de “101 Dálmatas”. Além do carisma do personagem, o filme está sendo elogiado por apresentar o primeiro personagem gay de suas produções.
É um marco familiar para a empresa, já que a Disney anunciou seu “primeiro” personagem gay pelo menos sete vez nos últimos anos: “Avante”, “A Bela e a Fera”, “Cruzeiro na Selva”, “A Ascensão do Skywalker”, “Zootopia”, “Toy Story 4” e “Vingadores”. Todos esses longas apresentam personagens coadjuvantes que fizeram algumas referências sutis ao fato de sentirem atração pelo mesmo sexo.
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Convenientemente, essas representações LGBTQIA+ são tão breves e tão irrelevantes para o enredo dos filmes que podem ser facilmente editadas para públicos conservadores, como foi o caso do rápido beijo lésbico de “A Ascensão Skywalker”.
Ávidos por representação, os grupos pró-LGBTQIA+ irão aplaudir os avanços da Disney em direção à inclusão, ou quem sabe criticar o cinismo da empresa.
Nenhum desses personagens coadjuvantes permanece na memória coletiva por tempo suficiente para causar uma boa impressão, portanto, cada vez que a Disney usa o mesmo truque, é anunciado como o “primeiro”.
Pode-se argumentar que a empresa nunca se comprometeu o suficiente com a representação para justificar a palavra; até mesmo a suposta representação LGBTQ de Cruella parece ser mais uma provocação, ao invés de um compromisso.
O ator John McCrea, que interpreta Artie, o amigo obcecado por moda de Cruella, afirmou: “Depende de quem você está perguntando, eu suponho – mas para mim, sim, é oficial: ele é homossexual. Mas não vemos seus casos amorosos: não há aspecto social no personagem. Não é algo que dê para afirmar em cheio”.
Parece estranho que, em 2021, a Disney ainda esteja tentando agradar os dois lados simultaneamente quando se trata de representação LGBTQIA+, especialmente quando outras mídias infantis animadas, como Steven Universe, Adventure Time, The Owl House e Kipo and the Age of Wonderbeasts, apresentam personagens abertamente queer.
No entanto, mesmo as tentativas modernas de representação do estúdio conseguiram incomodar grupos intolerantes, atraindo boicotes e censuras agressivas. E a Disney, como qualquer outra instituição de mídia, busca evitar polêmicas que ameacem seu lucro.
A questão é: quando a Disney se sentirá confiante o suficiente para realmente se comprometer? A comunidade LGBTQIA+ não pode comemorar os “primeiros” personagens para sempre, e a representação mostrada até agora só está alimentando a frustração.
Certamente, uma guerra cultural está em jogo, e a Disney, como uma gigante do mundo do entretenimento, será vista como uma peça importante no campo de batalha.
Pelo lado positivo, Kevin Feige prometeu que “Os Eternos” e “Thor 4” terão representação da comunidade, então há pelo menos mais dois “primeiros” para esperar.
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