Aos 28 anos, Hóttmar Loch é CEO e cofoundador da Nohs Somos, startup de impacto social que tem o propósito de garantir o bem-estar da comunidade LGBTQI+ e auxiliar as empresas a melhorarem sua gestão inclusiva por meio de consultorias.
Formado em arquitetura e urbanismo na Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) com graduação sanduíche (quando o universitário brasileiro faz parte de seu curso em uma ou mais universidades no exterior) na University of Limerick, na Irlanda, Loch iniciou sua carreira como empreendedor no final de 2018. A motivação veio após receber uma mensagem de uma pessoa trans que dizia estar com medo de sair na rua, ameaçada de morte.
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“Também vi pessoas próximas comentando sobre vivências de LGBTIfobia. Estes acontecimentos começaram a gerar uma mistura de indignação e vontade de fazer algo”, conta. Decidiu, então, utilizar a tecnologia como ferramenta de impacto positivo para criar soluções voltadas à insegurança no meio urbano para estes grupos sociais, fomentando a criação de ambientes mais inclusivos.
Os desafios para criar o novo negócio estiveram relacionados, principalmente, à realidade financeira. Entre algumas dívidas e falta de dinheiro para bancar os investimentos, Loch contou com a ajuda de amigos que acreditaram, desde o início, na jornada do empreendedor. Ainda assim, ele concorda que o fato de ser gay contribui para um certo isolamento social, acompanhado do sofrimento com a discriminação.
“Nasci em Orleans (SC), em um interior machista e opressor. Vivi episódios de bullying, agressões verbais, preconceito velado e toda a construção mental de não ser bom o suficiente e de não pertencimento”, diz. Quando põe sua carreira em retrospectiva, Loch enxerga as dificuldades como um processo fundamental para que aprendesse sobre resiliência. “Não foi fácil romper com o posicionamento pré-estabelecido de quem eu deveria ser. Para mim, quebrar com o estado atual das coisas, que parecem estar presas no tempo, significou aprender a inovar.”
Essa inovação surgiu como um ato de autoconhecimento coletivo diante de uma situação que gera consciência inédita sobre algo, de maneira criativa e com resultados diferentes do que vistos anteriormente. “Inovar é ressignificar. É ter uma ideia aliada a uma prototipação realista, com várias pessoas diferentes e possibilidades a serem validadas. Inovar é a coragem de ser imperfeito, de se conhecer o suficiente para se permitir fazer e errar”, reflete.
No que diz respeito à inclusão da comunidade LGBTQIA+ no mundo corporativo, Loch vê avanços positivos, com um aumento importante de empresas investindo em diversidade. No entanto, considera que ainda há muito trabalho de conscientização a ser feito. “Ao falar de empregabilidade, precisamos entender que a realidade para pessoas lésbicas, gays e bissexuais está muito mais voltada às boas condições de trabalho, segurança psicológica e retenção. Já para a comunidade trans e travesti, o foco é a própria contratação”, explica. Nesse sentido, o executivo acredita que o universo das startups tem forte potencial para o desenvolvimento de ações positivas para a comunidade, embora ainda não seja uma realidade para muitas empresas.
O maior sonho de Loch é que 100% das pessoas LGBTQIA+, com suas múltiplas interseccionalidades, sintam-se à vontade para falar de suas sexualidades e identidades no trabalho, caso queiram. “Para isso, acredito que diversidade e inclusão precisam ser, de fato, intencionais e um dos objetivos principais das empresas, com o foco verdadeiramente em pessoas. [Assim, teremos] lideranças diversas e engajadas na temática, e um time de colaboradores fazendo e vivendo aquilo que são – dentro e fora da empresa -, num sistema de integralidade e propósito evolutivo”, conclui.
Este perfil faz parte de um especial sobre fundadores de startups pertencentes à comunidade LGBTQIA+. Para ter acesso à matéria completa, clique aqui.
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