Por causa da pandemia, muitas empresas tiveram que alterar as rotinas de trabalho de seus funcionários e adotar o home office para praticar o isolamento social. Em meio a diversas adaptações, o dress code de muitos também foi impactado – o conforto de estar dentro do próprio lar, sem a necessidade de se deslocar pela cidade e encontrar outras pessoas, foi refletido também nas peças do vestuário. Cresceu a procura por roupas menos formais e mais básicas, como moletons.
E foi durante esse período que a Oficina Reserva lançou a linha Essenciais, formada por 12 peças-chave para qualquer guarda-roupa masculino. A marca estima 1.200 combinações com as calças, bermudas, camisetas, jaquetas, suéteres e camisas sem estampas e em tons básicos como preto, branco, azul e verde.
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A ideia é oferecer aos clientes itens básicos e versáteis, que combinem entre si e possam ser usados do trabalho ao lazer, um guarda-roupa cápsula, promovendo um consumo mais consciente. “Os itens foram escolhidos com muito cuidado. Como são peças básicas, assumimos o compromisso de nunca faltarem no estoque, o cliente sempre encontrará no e-commerce ou nas lojas físicas”, explica Gabriel Zandomênico, CEO e cofundador da Oficina Reserva.
Em 2019, a marca teve faturamento de R$ 25 milhões. Com a chegada da pandemia e a necessidade de fechar as lojas, Zandomênico afirma que chegaram a pensar que o faturamento seria zero em 2020, mas o comércio eletrônico acabou salvando a Oficina, com crescimento de 500% em vendas. “Houve uma migração natural de quem já comprava na loja e agora só tinha esse canal disponível, mas também tivemos novos usuários que nos descobriram”, pontua. Neste ano, com as lojas abertas, a marca já apresenta crescimento de 70% comparado com 2019.
Com exclusividade à Forbes, Zandomênico revelou o próximo passo da Oficina Reserva: um serviço de assinatura das peças compradas com maior recorrência pelos consumidores da marca, a camiseta e a cueca de algodão Pima. O cliente poderá escolher com qual frequência deseja receber os itens em casa (1, 2, 3 ou 6 meses), com preço diferenciado.
Para os fundadores da Oficina, ela se assemelha mais a uma empresa de tecnologia do que de moda. Isso se deve ao fato de investirem na solução dos problemas levantados pelos clientes e no uso de matérias-primas de qualidade para que os produtos durem, possibilitando assim fugir da periodicidade das coleções lançadas por outras marcas, principalmente do fast fashion. “A indústria da moda trabalha muito com esse conceito de coleções e pouco pratica a melhoria dos produtos porque o calendário não permite a correção do que deu errado. Como vendemos um mix de peças básicas que não saem de linha por escolha nossa, nos obrigamos a melhorar os produtos pelos feedbacks que recebemos”, explica.
A história da Oficina começou em 2014, quando Felipe Siqueira – um dos fundadores – decidiu fabricar roupas sob medida. Ele criou a alfaiataria digital Social Tailor em parceria com Zandomênico, engenheiro de formação, João Paulo Pesce e Arthur Bretas. “Tudo dependia 100% de tecnologia. Queríamos dar escala ao trabalho do alfaiate sem perder a qualidade. No início, só vendíamos camisa social sob medida, mas fomos crescendo. O sonho sempre foi oferecer o guarda-roupa completo”, relembra.
Desde essa época, os sócios já percebiam que o novo executivo estava deixando de usar terno e gravata, migrando para looks básicos, mas ainda assim elegantes. Notaram então um buraco no mercado para uma marca moderna que oferecesse esses produtos. Em 2016, depois de um ano de conversa, a Social Tailor entrou para o Grupo Reserva e passou por rebranding, tornando-se Oficina e chegando ao varejo. O banco de dados acumulado da época de fashion tech ainda é usado atualmente para acertar as modelagens, ainda que o foco não seja mais o sob medida.
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A consciência sobre o futuro vai além da proposta de guarda-roupa minimalista, com foco nas peças certas em vez de um armário lotado. Como parte do Grupo Reserva, a Oficina compartilha práticas corporativas, de governança e socioambientais, que são globais para as marcas. Segundo Zandomênico, o Grupo conta com um comitê de diversidade, que está atuando na capacitação antirracismo para todos os funcionários, além do programa Cara ou Coroa, que promove a contratação de pessoas acima dos 50 anos para os escritórios e as lojas das empresas do grupo. A preocupação também se estende para a cadeia de fornecedores: com produção majoritariamente nacional, a Reserva só trabalha com fábricas certificadas com o selo da ABVTEX, que garante a responsabilidade social das empresas.
Atualmente com três lojas próprias – além do e-commerce e das peças vendidas nas unidades da Reserva – a Oficina está com plano de expansão de dez novas lojas nos próximos dois anos. Duas delas estão perto de inaugurar, já em fase de obras: nos shoppings Pátio Higienópolis, em São Paulo, e RioSul, no Rio de Janeiro. O foco neste momento é seguir expandindo na capital paulista e no Sul do país.
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