É estratégico começar o ano de 2022 lembrando que a quantidade de capital disponível no ecossistema de ESG para enfrentar os desafios globais ainda é escassa, basta que se perceba a lacuna do financiamento para cumprir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Ou seja, é por questão de humanidade que se deve integrar impacto e ESG em toda a jornada do investimento.
O investidor de impacto trabalha sistematicamente para capitalizar os recursos disponíveis de alavancagem, mitigar os erros e garantir o retorno financeiro. Em outras palavras, a compreensão das lacunas de desempenho, das necessidades e das adicionalidades do impacto criado são essenciais para melhorar a eficácia do capital empregado.
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A medição e a gestão do impacto são fundamentais, pois orientam as partes interessadas e envolvidas na resolução do problema social, identificando o que funciona e o que não funciona.
Não é à toa que os investidores ESG são desbravadores na criação de processos de medição e gestão da mudança, pois, buscam constantemente maximizar os impactos positivos e mitigar os negativos. Como fazem isso? Apoiando ativamente suas investidas na construção e no aprimoramento de seus próprios sistemas de medição e gestão.
Conforme os ecossistema de ESG crescem e outros atores se juntam, é importante reconhecer o papel central que o impacto deve desempenhar nas abordagens dos investidores. Essa consciência é determinante também para abordar as questões relacionadas à integridade e lavagem do ESG, que correm o risco de se tornarem enormes devido à crescente participação daqueles que se identificam como investidores de impacto.
A medição e a gestão do impacto não devem ser percebidas como um requisito, um complemento útil ou uma prática adicional, mas sim como essenciais na tomada de decisão em todos os estágios da jornada de investimento. Como tal, medir e gerir os benefícios fazem parte do DNA da estratégia do investimento ESG.
Isto posto, não se pretende aqui sugerir uma nova abordagem para medir e gerir o impacto, nem apresentar um mapeamento detalhado de todos os diferentes princípios, padrões e dimensões existentes. Pelo contrário, visa sintetizar a relevância ética do dinheiro ESG e sua consequente transformação.
Dito isso, e inspirado na EVPA (European Venture Philanthropy Association), resumimos cinco elementos que devem ser levados em consideração para medir e gerir as mudanças ao longo do investimento, quais sejam:
Elemento 1: defina claramente os seus objetivos. Ao definir a estratégia de investimento, o investidor deve definir seu próprio objetivo de impacto. Então, durante a seleção do negócio e na estruturação, o investidor deve definir os seus objetivos de longo prazo.
Elemento 2: segmente e analise as partes interessadas e beneficiárias. O engajamento contínuo com as partes interessadas é pretendido.
Elemento 3: defina os produtos, os resultados, os impactos e os indicadores. Assim, fica mais fácil monitorar se os avanços estão alinhados com os objetivos durante a fase de gestão de investimentos.
Elemento 4: verifique e avalie as mudanças geradas.
Elemento 5: informe às partes interessadas as mudanças geradas.
É interessante anotar que cada elemento mencionado é mais ou menos relevante para o investidor ao longo da sua jornada de aplicação financeira, mas isso não significa que eles não sejam aplicáveis durante outras etapas também. Esses elementos demonstram que os investidores devem saber qual deles é mais relevante para cada fase da jornada de investimento.
Em vez de decidir por qual negócio, os investidores devem entender qual negócio poderia melhor apoiá-lo para aprender, melhorar e maximizar seu impacto. Eis a raiz da decisão, o coringa do baralho.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.
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