Delegados de quase 200 países iniciaram a cúpula climática da ONU no Egito hoje (6) com um acordo para discutir a compensação de nações pobres por danos crescentes ligados ao aquecimento global, colocando o tema controverso na agenda pela primeira vez desde que as negociações climáticas começaram décadas atrás.
O acordo deu um tom construtivo para a cúpula da COP27 na cidade litorânea de Sharm el-Sheikh, onde os governos esperam manter vivo o objetivo de evitar os piores impactos do aquecimento planetário, mesmo com uma série de crises – de uma guerra terrestre na Europa à inflação galopante – a distrair o foco internacional.
Por mais de uma década, as nações ricas rejeitaram as discussões oficiais sobre o que é chamado de perda e dano, o termo usado para descrever as nações ricas que pagam fundos para ajudar os países pobres a lidar com as consequências do aquecimento global, pelas quais têm pouca culpa.
Na COP26 do ano passado em Glasgow, nações de alta renda, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, bloquearam uma proposta de um órgão de financiamento de perdas e danos, apoiando um diálogo de três anos para discussões de financiamento.
Mas a pressão para resolver o problema tem aumentado à medida que as calamidades climáticas crescem, incluindo as enchentes deste ano no Paquistão, que causaram perdas econômicas de mais de US$ 30 bilhões (R$ 151 bilhões) e deixaram centenas de milhares de desabrigados.
“A inclusão desta agenda reflete um sentimento de solidariedade pelas vítimas dos desastres climáticos”, disse o presidente da COP27, Sameh Shoukry, na plenária de abertura.
Ele acrescentou que a decisão criou “um espaço institucionalmente estável” para discussão de financiamento para perdas e danos, e que as negociações pretendem levar a uma decisão conclusiva “o mais tardar em 2024”.