O Azerbaijão está bem cotado para sediar a cúpula climática da ONU no ano que vem, depois de fechar um acordo de última hora com a adversária de longa data Armênia sobre a candidatura.
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Embora alguns diplomatas tenham dito que outros países, incluindo a Rússia — que bloqueou outros candidatos a anfitriões — devem apoiar a candidatura de Baku, não houve confirmação oficial de Moscou nesta sexta-feira. A questão ainda está sendo negociada na cúpula climática COP28, em Dubai.
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A decisão sobre quem será o próximo anfitrião da cúpula do clima depois da COP28 nos Emirados Árabes Unidos enfrenta um impasse geopolítico sem precedentes, depois que a Rússia disse que vetaria qualquer candidatura de um país da União Europeia. A UE sancionou Moscou por sua invasão da Ucrânia. O Azerbaijão não é membro da UE.
O Azerbaijão confirmou na noite de quinta-feira que havia fechado um acordo com a Armênia que permite que Baku se candidate a sediar as negociações da COP29 sem a ameaça de um veto armênio.
A escolha do anfitrião da COP precisa do apoio de todos os países do grupo regional da Europa Oriental na ONU.
“Recebemos apoio especial da maioria dos países (do grupo regional da Europa Oriental). A Rússia também apoiou nossa proposta”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão, Aykhan Hajizada, nesta sexta-feira.
Um representante da delegação russa na COP28 não quis comentar. O Ministério da Energia da Rússia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O Azerbaijão é um produtor de petróleo e gás e membro da OPEP+.
Os Emirados Árabes Unidos enfrentaram críticas por terem nomeado Sultan al-Jaber, chefe da empresa estatal de petróleo Adnoc, como presidente da cúpula da COP28 deste ano.
Alguns delegados da COP28 levantaram preocupações sobre a realização das negociações climáticas mundiais em um país produtor de petróleo pelo segundo ano consecutivo.
“Eu entendo essas preocupações”, disse Hajizada. “Apesar do fato de que o Azerbaijão é rico em petróleo e gás, os objetivos estratégicos do Azerbaijão são a diversificação de energia e recursos, especialmente aplicados à energia eólica e solar”, disse.
A Armênia concordou em apoiar a candidatura do Azerbaijão para sediar a COP em troca de sua participação no escritório da COP do grupo do leste europeu.
Os dois países do Cáucaso estão em conflito há décadas, principalmente por causa da região de Nagorno-Karabakh, reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, mas amplamente povoada e controlada por armênios étnicos. A região era controlada por sua maioria armênia até ser recapturada pelo Azerbaijão em setembro.
A Bulgária, membro da UE, retirou na sexta-feira sua própria candidatura para sediar a COP29 e, em uma declaração, saudou a “abordagem construtiva” da Armênia e do Azerbaijão. A Rússia já havia bloqueado a candidatura da Bulgária.
Fontes diplomáticas da COP28 disseram à Reuters que se espera que outros países do leste europeu apoiem a candidatura de Baku como anfitrião, apesar de a Moldávia também ter lançado sua candidatura e de a Sérvia estar pensando em se apresentar.
Os diplomatas estão correndo para chegar a um acordo antes do fim da COP28, previsto para 12 de dezembro.
O impasse deixou o anfitrião da COP29 do próximo ano com pouco tempo para se preparar para o grande encontro, que pode trazer prestígio diplomático à nação anfitriã, bem como um exame minucioso de seu próprio histórico no combate às mudanças climáticas.
O Brasil será o anfitrião da COP30, em 2025, em Belém.