Nova York está em constante mudança. A cada ida à capital do mundo, você encontrará um novo restaurante e bar “do momento”, novas tendências fashionistas e modismos culturais.
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No meio desta cidade que não para de se reinventar, existe um lugar que parece não se abalar com as influências do mundo exterior e mantém há mais de 80 anos o estilo chique e discreto tão peculiar ao mais aristocrático bairro da cidade, o Upper East Side, em Manhattan.
Conheça, na galeria de fotos, o tradicional The Carlyle, em Nova York:
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The Carlyle (Divulgação) The Carlyle é um hotel com atmosfera bastante rara na hotelaria de hoje. Basta entrar no lobby para perceber que se está num ambiente de extremo bom gosto e refinamento, sem aquela ostentação tão comum aos dias atuais. Por vezes, fica difícil lembrar que você está num hotel. Talvez pelos ambientes acolhedores e nada corporativos, ou pelo fato de ele ser um dos dois únicos hotéis na cidade que funcionam no modelo de co-op. O hotel possui 41 residências, e tem entre seus moradores grandes nomes do mundo corporativo. É comum ver ali aquela elegante nova-iorquina voltando do seu jogging matinal acompanhada de seu cachorro de estimação, o New York Times enrolado debaixo do braço e uma sacola com frutas e o suco orgânico da deli da esquina, subindo em elevadores com decoração original dos anos 30 controlados por ascensoristas com luvas brancas que estão ali 24 horas por dia, 7 dias por semana. Ou os muitos — e famosos — hóspedes habituais que agem como se estivessem numa extensão das suas casas.
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É o caso do famoso restaurateur Michael Chow, fundador e dono dos restaurantes que carregam seu nome, os Mr. Chow, que sentou ao meu lado no sofá do lobby numa manhã e, entre olhares, eu o lembrei da visita que havia feito à casa dele, em Beverlly Hills, quando pensávamos em trazer o restaurante para o Brasil. Ele ficou surpreso em me ver ali, e disse que aquele era seu endereço em NY há muitos e muitos anos… Conhecendo o Mr. Chow, posso atestar que ele sabe o que é bom.
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Location, location, location… Uma das máximas do capitalismo é outro ponto forte do Carlyle. Estrategicamente localizado na esquina da Madison Avenue com a 76th Street, o hotel fica a um quarteirão do Central Park e a poucas quadras de alguns dos melhores restaurantes e museus da cidade, sem falar nas grifes de moda que se enfileiram pela Madison. Tudo isso sem aquela aglomeração de Midtown, ou o estilo alternativo do SoHo. Caminhando pelas calçadas da região, cruzei e cumprimentei uns três ou quatro membros da nossa prestigiosa lista FORBES dos bilionários brasileiros, que passeavam tranquilamente olhando as vitrines.
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O edifício de 35 andares, inaugurado em 1930, é um marco na paisagem do Upper East Side. Projetado pelo escritório de arquitetura Bien & Prince, ele carrega forte influência art déco, percebida da fachada a detalhes dos ambientes internos, que tiveram Dorothy Draper como primeira decoradora. Mesmo após as reformas ao longo de sua história, o Carlyle permanece fiel ao estilo que surgiu na França, conhecido por suas linhas retas e formas geométricas.
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O hotel possui 190 acomodações, sendo 69 suítes, nenhuma igual a outra — nem em tamanho, nem em formato, menos ainda em decoração. Como algumas unidades foram recompradas de seus donos anteriores e reincorporadas ao hotel, é possível você ficar hospedado numa suíte supermoderna com decoração em estilo asiático e mobiliário noir. Tudo do mais absoluto bom gosto e qualidade. Algo comum em muitas dessas suítes é um detalhe até então inédito em hotéis: pianos nos quartos. Vinte unidades abrigam modelos de meia cauda das marcas Steinway ou Baldwin. Os banheiros das suítes também se destacam: a maioria foi reformada e recebeu revestimentos nobres, como mármore Nero Marquina e Thassos.
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A mais luxuosa das suítes é a Empire. Com 241 metros quadrados, a unidade ocupa metade de dois andares, o 28º e o 29º. A acomodação possui três quartos (dois com cama king size), closet, escritório com sofá-cama, quatro banheiros, lavabo e cozinha. Os hóspedes da Empire também desfrutam de uma coleção de arte — com pinturas de Dines Carlsen e Saul Berman, e fotografias de Ilse Bing e Berenice Abbott —, além da incrível vista para o Central Park e para o horizonte de Nova York. A vista da sala de estar no 2º andar da suíte é talvez a mais bela que já vi do Central Park. Você pode ficar ali um dia inteiro, que não cansam os olhos. Talvez seja por isso que o ator George Clooney morou nela por dois meses quando estava gravando um dos seus filmes — informação não confirmada pelo hotel, que não fala de seus hóspedes, mas amplamente divulgada na imprensa especializada em cinema.
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O empreendimento tem 121 apartamentos que mergulham no estilo Luís XVI, com móveis de cores suaves e grande destaque para os tecidos. As paredes são adornadas com obras de diferentes estilos, como aquarelas do americano John James Audubon e gravuras do italiano Giovanni Piranesi.
Revestidos em mármore, os banheiros dessas unidades contam com banheira de hidromassagem. Outro conforto dos apartamentos são os jogos de cama da grife francesa Yves Delorme. Alguns recebem a deferência de terem suas iniciais bordadas nas fronhas dos travesseiros. Confesso que me sentia especial ao chegar à noite no quarto e ver a cama pristinamente arrumada, e os travesseiros estampando o AC em dourado.
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As opções gastronômicas de The Carlyle acompanham a sofisticação do empreendimento. Um exemplo é seu restaurante homônimo, famoso pelo Dover sole e pela lagosta à Thermidor. Um arranjo de flores de quase dois metros impacta os visitantes no salão de jantar. A decoração, com móveis em tons neutros e paredes revestidas de veludo e mármore, é incrivelmente aconchegante. Sentei uma manhã às 9:30 horas para tomar café, e, com o notebook e dois celulares, fiquei ali após o breakfast, entre espressi, e-mails e ligações, até uma da tarde, sem perceber o tempo passar, tamanho o conforto e acolhimento do ambiente. Pinturas do francês Pierre-Joseph Redouté completam a atmosfera requintada. Para refeições rápidas no fim da manhã, um almoço leve ou um chá da tarde, a opção é o The Gallery, espécie de living room do restaurante The Carlyle.
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Outra preciosidade do hotel é o Café Carlyle, inaugurado em 1955. O local, que nos leva a uma viagem à era de ouro dos cabarés nova-iorquinos, e que por muitos anos abrigou os shows de Bobby Short, recebe com frequência grandes nomes da música, como John Pizzarelli, Judy Collins e Steve Tyrell. O diretor Woody Allen aparece uma vez por semana para tocar clarineta com a jazz band Eddy Davis New Orleans. Com capacidade para receber até 90 pessoas, o Café Carlyle destaca-se por seu ambiente intimista e pelos murais pintados pelo ilustrador francês Marcel Vertès.
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Se tem uma coisa que você ainda não fez em NY, e precisa fazer imediatamente, assim que estiver lá, é sentar para um cocktail com música ao vivo no Bemelmans Bar. O estabelecimento leva este nome em homenagem a Ludwig Bemelmans, escritor e ilustrador cujo trabalho mais famoso é a série de livros infantis Madeline. São dele os desenhos pintados pelas paredes do bar, retratando as quatro estações do ano com o Central Park como pano de fundo. Na decoração, destaca-se o teto coberto de folhas de ouro 24 quilates. Mas o charme do Bemelmans vai além. Astros como Bono, Mariah Carey, Liza Minelli, Cyndi Lauper e Billy Joel já apareceram por lá, sem avisar, apenas para “dar uma palhinha”. O bar também foi a escolha de Tom Cruise para um “tea party” de sua filha Suri. Um gin & tonic, num fim de tarde, com piano ao vivo, naquele ambiente, vale cada centavo da passagem de ida e volta e da hospedagem.
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Durante a estadia no Carlyle, encontre espaço na agenda para visitar o spa The Sisley-Paris, no terceiro andar. Em seus tratamentos, ele utiliza produtos da prestigiada marca francesa que dá nome ao estabelecimento. O espaço possui quatro salas de massagem, uma confortável área de descanso, além de suíte especial para casais e vestiários, cada um com uma sauna. A academia oferece uma variedade de aparelhos da marca Technogym, com treinadores in loco.
O hotel é uma luxuosa opção para festas e eventos corporativos. Os espaços Versailles e Trianon somam 350 metros quadrados e oferecem serviços personalizados, como arranjos florais do badalado designer Olivier Giugni, que tem no currículo a decoração de festas para Michelle Obama e Angela Merkel. The Carlyle faz parte da rede Rosewood, que administra 11 hotéis e sete resorts espalhados por 11 países.
Meu caso de amor com a cidade é antigo, bem antigo, mas nunca é tarde demais para redescobrir uma joia como o Carlyle.
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O endereço da discrição
Harry Truman foi o primeiro presidente dos EUA a se hospedar no hotel The Carlyle, em 1948. Desde então, todos os líderes norte-americanos já passaram por lá. John F. Kennedy era habitué desde os anos 1950, quando estava no Senado. Ao tornar-se presidente, a “Kennedy duplex” foi mantida vazia, para o caso de o hóspede ilustre aparecer de surpresa em Nova York. Após o assassinato do marido, Jacqueline Kennedy morou no hotel com seus filhos por quase um ano.
A princesa Diana era outra personalidade que se sentia em casa no hotel, como Michael Jackson e Steve Jobs. A lista de habitués famosos é extensa: George Clooney, Roger Federer, Tom Cruise, Al Pacino, Leonardo de Caprio, Mick Jagger, Carla Bruni e Nicolas Sarkozy. Fácil entender por que eles passam despercebidos no hotel: hóspedes e moradores não querem que fofocas e paparazzi tirem seu sossego.
Às vezes eles entram pela garagem, onde um elevador os espera para levar até o andar de suas suítes. Quem sempre sabe que alguma dessas celebridades está no hotel — mesmo sem confirmar nenhuma — é o simpático general manager da propriedade, o italiano Giovanni Beretta. Casado com uma carioca, ele conta numa agradável e longa conversa — em excelente português com “sotaque carioca”, que usa propositalmente para mostrar que é “do Rio” — que um dos segredos do sucesso do Carlyle junto às celebridades é o sigilo e discrição com que são tratadas. “Nós fazemos de tudo para
que se sintam em casa, e que ninguém os importune.”O hotel também é endereço de grandes nomes do mundo corporativo. Moram lá o bilionário Barry Diller, presidente da Expedia, e Brad Grey, CEO da Paramount Pictures.
The Carlyle é um hotel com atmosfera bastante rara na hotelaria de hoje. Basta entrar no lobby para perceber que se está num ambiente de extremo bom gosto e refinamento, sem aquela ostentação tão comum aos dias atuais. Por vezes, fica difícil lembrar que você está num hotel. Talvez pelos ambientes acolhedores e nada corporativos, ou pelo fato de ele ser um dos dois únicos hotéis na cidade que funcionam no modelo de co-op. O hotel possui 41 residências, e tem entre seus moradores grandes nomes do mundo corporativo. É comum ver ali aquela elegante nova-iorquina voltando do seu jogging matinal acompanhada de seu cachorro de estimação, o New York Times enrolado debaixo do braço e uma sacola com frutas e o suco orgânico da deli da esquina, subindo em elevadores com decoração original dos anos 30 controlados por ascensoristas com luvas brancas que estão ali 24 horas por dia, 7 dias por semana. Ou os muitos — e famosos — hóspedes habituais que agem como se estivessem numa extensão das suas casas.