Quanto custa o Carnaval? E o sonho de desfilar com um figurino exuberante de tirar o fôlego?
Dados da Statista estimam que em 2020 o os setores de turismo e serviços devem movimentar R$ 7,99 bilhões. Durante a folia, a cidade do Rio de Janeiro chega a investir R$ 70 milhões entre recursos públicos e privados, para garantir a festa a 7 milhões de foliões (5,5 milhões de locais e 1,5 milhão de turistas). Enquanto os bloquinhos de rua garantem a diversão em diversos pontos do país de graça, um camarote para acompanhar todos os dias de desfile na cidade de São Paulo pode ultrapassar o valor de R$ 10.000. Tem para todos os gostos – e bolsos.
No mundo dos bailes de galas e desfiles das escolas de samba não é diferente. De figurinos DIY (faça você mesmo) ao sonho de vestir peças feitas por grandes nomes da moda e do Carnaval, personalidades e membros de escolas de samba do Brasil todo chegam a desembolsar o equivalente ao valor de um carro (do mais básico ao mais luxuoso) pela fantasia dos sonhos.
Onde o carnaval começa
É lei. Uma semana antes dos grupos especiais do Rio e São Paulo desfilarem, o abre alas do calendário oficial dos sambódromos brasileiros acontece em Vitória, no Espírito Santo. A festa que têm ganhado fôlego e proporções conta com 14 agremiações e Flávio Rafalski, estilista e destaque de escola de samba que divide seu tempo entre desfilar, produzir figurinos para concursos de beleza e garantir fantasias luxuosas para o Carnaval capixaba.
Rafalski começou sua aventura pelas fantasias carnavalescas por acaso. Após fazer sua própria vestimenta e ganhar todos os prêmios da categoria, o estilista caiu nas graças dos destaques da festa. “No ano seguinte, em 2013, fiz 20 figurinos. As coisas aconteceram naturalmente e, quando me dei conta, estava vestindo rainhas de bateria, musas e reis”, diz o estilista. Rafalski acredita que seu grande diferencial está na atenção ao detalhe e a cada pessoa que encomenda seu trabalho. “Eu crio uma boneca de cada cliente para fazer as provas. Essa relação de confiança, de conhecer a cliente, entender o biotipo, respeitar os cortes que enaltecem ela e a deixam confortável no momento de brilhar é essencial”. Diz o estilista que completa: “tenho clientes fora do país que confiam tanto no meu trabalho que chegam no Brasil uma semana antes do desfile apenas para a prova final”.
Sobre o mercado das fantasias de luxo, Rafalski ressalta que apesar das oscilações econômicas do país o negócio não é afetado. “Algo que passeia pela beleza, sonho e realização não tem preço. O céu é o limite.”, comenta o estilista que produz peças de R$ 15 mil a R$ 70 mil.
Paixão de fevereiro
No eixo Rio-São Paulo, o amor de carnaval dos grandes destaques dos desfiles das agremiações são as peças produzidas por Henrique Filho. Sem formação superior e em um atelier que funciona em um casarão no Rio de Janeiro o estilista vestiu nomes como Luma Oliveira, Adriane Galisteu, Juliana Paes, Sabrina Sato e Cris Vianna.
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De acordo com informações dadas por Filho à imprensa, suas fantasias custam em média R$ 65 mil reais –partem dos R$ 10.000 e podem chegar a R$ 80 mil.
O desafio de vestir cabeças na terra dos cabelos ao vento de Marisa Monte
Graciella Starling está na cabeça das mais elegantes da festa. Desde de muito nova a chapeleira de formação publicitária tem apreço chapéus. “Eu não sabia de onde vinha esse gosto. “Eu tinha 18 anos e andava de chapéu. As pessoas achavam muito diferente. Em pesquisas, descobri que minha tataravó era escocesa nascida na cidade onde a Mary Stuart, rainha da Escócia, morou antes de pedir exílio para a inglaterra: Stirling. A cidade está em meu sobrenome e os chapéus da aristocracia escocesa em meu gosto pessoal”, diz a chapeleira, cujo sobrenome é muito parecido com a cidade escocesa.
Graciella faz parte do seleto grupo de chapeleiros brasileiros –apenas três profissionais no país são reconhecidos pela Associação de Chapeleiros da Inglaterra, país referência na arte de fazer chapéus. Sobre o ofício peculiar, Graciella diz que seu grande desafio é vestir a cabeça das brasileiras: “fiquei em duvida se aqui seria o local certo para isso [chapelaria{ porque a brasileira não usa chapéu. “Fazer o chapéu é uma arte, colocar ele na cabeça da brasileira é outra arte”, diz a chapeleira.”
As barreiras foram quebradas com o Carnaval. A festa é o advento para as mulheres brasileiras vestirem algo na cabeça. Para além da chapelaria voltada para noivas, a folia de fevereiro é o momento que as peças de Graciella são exibidas em festas e desfiles.
Consagrada entre os grandes nomes, Graciella vestiu personalidades como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Sabrina Sato, Luíza Brunet, Marina Ruy Barbosa, Donata Meirelles e Ana Furtado.
As peças da marca Graciella Starling para venda e locação variam entre R$ 1.200 e R$ 4.800. A linha Premium Exclusive chapéus e cabeças feitas sob medida e encomenda, parte de R$ 15 mil. “O Carnaval faz parte do meu DNA. Eu sou brasileira e minha parte é transformar isso em algo elegante que foge do nicho da fantasia”, diz Graciella
DYI
Diante da dificuldade em encontrar fantasias de qualidade, Vanessa Rodrigues, destaque de chão da Vila Maria em São Paulo, passou a levar materiais diferenciados para o atelier de um amigo e acompanhar o processo de confecção de sua fantasia.
Agora, com seu próprio atelier, Vanessa produz suas fantasias de carnaval e atende rainhas e musas de escolas de samba. O diferencial da artista, contadora de formação, é desfilar e saber do suporte que quem veste seu figurino precisa. “É um trabalho de consultoria completo. Às vezes vamos até a concentração e dispersão para ajudar a tirar o peso e oferecer um chinelo e um roupão para a cliente. Também fazemos costeiros desmontáveis que podem ser colocados na horas do desfile ou das fotos para que as musas, rainhas e destaques não entrem cansadas na avenida”.
Vanessa produz fantasias para terceiros de até R$ 18 mil. No ano de 2019, a destaque da Vila Maria desfilou em um figurino com 400 penas de faisão — o modelo foi avaliado em R$ 30 mil. Neste ano, sua fantasia que chega a R$ 20 mil conta a história da arquitetura chinesa.
Veja, na galeria de imagens a seguir, peças de carnaval que custam entre R$ 4.000 e R$ 80 mil:
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Raphael Dias/GettyImages Juliana Paes com fantasia de Henrique Filho durante desfile do Rio de Janeiro em 2019
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Buda Mendes/GettyImages Sabrina Sato com fantasia de Henrique Filho durante desfile do Rio de Janeiro em 2019
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Buda Mendes/GettyImages Adriane Galisteu com fantasia de Henrique Filho durante desfile do Rio de Janeiro em 2011
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Roberto Filho/GettyImages Cris Vianna com fantasia de Henrique Filho durante desfile do Rio de Janeiro em 2015
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GettyImages Sabrina Sato com fantasia de Henrique Filho durante desfile de São Paulo em 2014
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Andre Farta Marina Ruy Barbosa com headcouture Graciella Starling para o Baile da Vogue 2018
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Wagner Meier/GettyImages Nathalia Dill com headcouture Graciella Starling para o Baile da Vogue 2020
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Divulgação Graciella Starling Ivete Sangalo com headcouture Graciella Starling para o Baile da Vogue 2015
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Divulgação Graciella Starling Nicole Pinheiro com headcouture Graciella Starling para o Baile da Vogue 2018
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Reprodução Instagram Mama Castilho com headcouture Graciella Starling para o Baile da Vogue 2019
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Augusto Tovar Flávio Rafalski com fantasia de confecção própria durante desfile das agremiações de Vitória, Espírito Santo, em 2020
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Augusto Tovar Fantasia “Na Regência da Maestrina” de Flávio Rafalski para o desfile das agremiações de Vitória, Espírito Santo, em 2020
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Augusto Tovar Fantasia “Tempos de Infância” de Flávio Rafalski para o desfile das agremiações de Vitória, Espírito Santo, em 2020
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Augusto Tovar Fantasia “Deusa da Liberdade” de Flávio Rafalski para o desfile das agremiações de Vitória, Espírito Santo, em 2020
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Divulgação Vanessa Rodrigues Vanessa Rodrigues com fantasia de confecção própria para ensaio técnico em 2020
Juliana Paes com fantasia de Henrique Filho durante desfile do Rio de Janeiro em 2019
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