A região da Lombardia e a cidade de Milão foram o epicentro da Covid-19 após o vírus se propagar para além da China. Como a cidade foi alvo de grande quantidade de investimento estrangeiro nas últimas duas décadas, a região se tornou a capital econômica e de negócios da Itália e muitas viagens de trabalho conectam a cidade ao resto do mundo. Por conta disso, o impacto da pandemia foi grande.
Após Milão recuperar e encontrar maneiras de controlar a disseminação do novo coronavírus, houve uma preocupação em reerguer a economia. Utilizando-se do título de uma das cidades líderes em tecnologia na Itália, a Semana do Vinho em Milão irá se beneficiar da evolução digital para apresentar o primeiro evento internacional de vinho desde a quarentena global imposta pela pandemia de Covid-19.
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Semana de Vinho de Milão
Federico Gordini, fundador da Semana do Vinho de Milão, decidiu em março que, embora a região da Lombardia parecesse um dos lugares mais atingidos pelo novo coronavírus, ele tinha a responsabilidade de encontrar uma maneira de reerguer a economia depois da crise. Embora tenha menos de 40 anos, Gordini já tem uma longa lista de realizações que incluem ser presidente do Comitê de Exposições de Milão em 2006, ser fundador do maior festival gastronômico de Milão, a Semana de Comida de Milão, iniciada em 2009, e estruturar um dos eventos de vinho de maior sucesso em Milão, chamado Open Bottles, que o levou a iniciar a Semana de Vinho. Ao longo do caminho, ele ganhou prêmios por um empreendedorismo com o objetivo de transformar a cidade, além de capital da moda, design e, nos últimos tempos, finanças e negócios, no centro da comida e do vinho.
A pandemia forçou Gordini a cancelar a Semana de Comida de Milão, que seria realizada em maio, mas ele estava determinado a continuar o planejamento da Semana de Vinho de Milão, que vai acontecer entre 3 e 11 de outubro. Enquanto isso, o fundador testemunhava pequenos produtores italianos, que dependiam 90% de suas vendas em restaurantes, lutando pela vida de seus negócios. Frederico entendeu que alguém precisava ter iniciativa para que a indústria de alimentos e vinhos encontrasse uma maneira de superar a crise.
Neste ano, o festival contará com grandes chefs italianos em uma série de demonstrações de harmonização de alimentos e vinhos para servir de inspiração para uma cozinha perto da bela Piazza del Duomo.
Como a Semana do Vinho de Milão quer dar mais foco às experiências que conectam os consumidores, em vez de ser uma feira de vinhos com apenas um monte de stands, haverá a montagem de pequenas representações do vinho ao redor do mundo nos bairros mais populares de Milão: um bairro se concentrará nos vinhos Franciacorta, enquanto outro terá foco nos vinhos Prosecco, por exemplo, e cada um terá bares e restaurantes com base em tais áreas de vinhos. Assim, as regiões se tornarão um consorzio (associação) de vinhos específico. Ao final do festival, a programação ainda permite que esses mesmos consumidores vão de ônibus à região da vinícola Franciacorta (uma hora de distância), ou de trem para Roma (uma hora e 30 minutos), ou percorrer de trem todo o caminho leste até Veneza, rica em vinhos de Veneto (duas horas e 30 minutos).
Para o comércio de vinho e mídia, haverá uma série de aulas e degustações da bebida, além de seminários que se concentrarão não apenas em conselhos, orientações e oportunidades de networking, mas também falarão sobre explorar oportunidades em um mundo pós-pandemia durante, respeitando as medidas dos governos para evitar a propagação do vírus.
Como a Semana de Vinho de Milão tem o objetivo de ser um evento internacional, a estrutura digital foi aperfeiçoada para suportar a transmissão do festival ao vivo em dez cidades diferentes ao redor do mundo: Nova York, São Francisco, Miami, Toronto, Hong Kong, Xangai , Pequim, Moscou, Munique e Londres. O festival irá protagonizar degustação e conexão entre cidades internacionais pela internet.
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Sobre a tragédia do coronavírus, Gordini diz que essa “grande tempestade está exigindo mentes mais abertas em relação à tecnologia” entre os fabricantes italianos de vinho. Antes, a tecnologia era vista com desconfiança por muitos produtores tradicionais, no entanto, agora eles estão percebendo que podem vender vinhos online e aumentar as vendas com degustações virtuais. Mas ele enfatiza que “a tecnologia não pode substituir tudo”, porque será importante para a edição de 2021 da Semana do Vinho de Milão a presença de pessoas de todo o mundo, como na edição de 2019, que contou com mais de 300 mil participantes nos 300 eventos realizados.
A intenção não é ser apenas um evento para vinhos italianos, mas que fabricantes internacionais mostrem suas produções. A crise da Covid-19 fez com que os comerciantes investissem na comunicação digital, uma vez que ela se tornou uma ferramenta vital e continuará sendo no mundo do vinho.
Capital do vinho na Itália
Gordini tem uma grande responsabilidade em ser presidente do Grupo de Jovens Empresários do Confcommercio da Lombardia e da Associação Zona Tortona Savona, grupos que investem no empreendedorismo entre jovens e na construção de uma forte infraestrutura de transporte, tecnologia e assistência local do governo na região da Lombardia. Ele observa que Milão “se transformou nos últimos dez anos”, especialmente após um grande fluxo de investimentos devido aos Jogos Olímpicos de Inverno “Milano Cortina”, evento programado para 2026.
Parte do investimento permitiu que ele aproveitasse o fato de a cidade estar em no meio da Europa, pois ela não é um lugar conhecida por apenas um tipo de culinária ou de vinho, como outras cidades italianas, mas possui grande variedade de gastronomia. Gordini defende que, como a cidade é tida como centro da excelência em moda e design, o próximo passo é torná-la o centro de vinhos e alimentos.
“A ideia de como será o mercado de vinhos nos próximos 20 anos será construída agora; toda crise é uma oportunidade de reconstrução”, afirma Gordini. Para ele, “o mundo do vinho precisa do sinal de Milão.” Este pode ser o momento em que ele, com a ousadia da Semana do Vinho de Milão, encontre uma maneira de reunir o mundo internacional do vinho em um caminho mais moderno que oferece uma forte conexão com o consumidor final e um equilíbrio entre vida profissional e pessoal –com o auxílio da tecnologia– para melhorar a conexão humana, mas não substituir o contato entre as pessoas.
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