Vai longe o primeiro coquetel mixado por Alfred Cointreau aos 10 anos de idade – uma margarita ensinada por sua avó, ocasião na qual esqueceu de colocar o gelo. Hoje, aos 33 anos, ele ocupa o cargo de heritage manager da marca Cointreau (em 1990, as empresas familiares francesas Rémy Martin e Cointreau se fundiram e deram origem à Rémy Cointreau).
Alfred conversou com a Forbes por videoconferência de sua casa em Angers, a 300 km de Paris. Vejo em seu braço a tatuagem de seu “coquetel favorito”: justamente a margarita. “É a combinação de dois mundos, das culturas europeia e mexicana – e o sal, que amplia os sabores”, explica o representante da sexta geração da família Cointreau.
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Seu papel é manter e difundir o legado da destilaria fundada em 1849 por Edouard Cointreau. De sua geração, ele é o único que escolheu seguir os passos da família: “Os mais velhos sempre nos encorajam a conhecer outras indústrias e descobrir do que realmente gostamos. Se quisermos nos juntar ao negócio da família, isso tem que ser uma escolha pessoal. Meu pai, por exemplo, se interessou a vida inteira por carros vintage e fez da sua paixão o seu trabalho. Já o meu avô ia à destilaria ao menos uma vez por semana até os 90 anos. Ele era apaixonado por isso”.
Alfred seguiu os passos do avô. Quando chegou à empresa, em 2010, passou por todos os setores – inclusive na destilaria, onde diz amar estar “pela atmosfera e pelo cheiro das laranjas”. O licor triple sec, que tem sua fórmula original de 1875, por exemplo, é composto por variações de laranjas importadas do Brasil, Espanha, Gana, Senegal e Tunísia. Alfred conta que quem mantém a receita viva é a master distiller Carole Quinton, no cargo desde 2016.
“Mesmo depois de quase dois séculos, continuamos sendo atuais. Cointreau é uma bebida versátil. Na França é mais tomado como um aperitivo, no Japão é utilizado em receitas e nos Estados Unidos faz parte de muitos coquetéis, mais de 350”, comenta.
Em tempos pré-pandemia, o trabalho de Alfred incluía muitas viagens, nas quais difundia seu conhecimento em bares e para os bartenders: “Eu gosto das conexões humanas. Fui ao Brasil quatro anos atrás e realmente gostei muito da sua cultura”.
De Angers, berço da família e da Maison Cointreau, o jovem compartilha seus lugares preferidos no mundo para – quem sabe, em breve – saborear um bom drinque. E dá a receita do Lucien Gaudin, um coquetel clássico de 1930 para fazer em casa.
RECEITA CLÁSSICA
Lucien Gaudin
O coquetel de 1930 leva o nome de um esgrimista francês que ganhou medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1924 (Paris) e 1928 (Amsterdã). Segundo Alfred, é um “twist do Negroni”.
50 ml de gim
20 ml de Campari
20 ml de Cointreau
20 ml de vermute seco
Mexer os ingredientes com gelo e coar.
Servir em taça para martíni.
MEUS BARES PREFERIDOS
Copper Bay, Paris
Licoreria Limantour, Cidade do México
Le Calbar, Paris
Reportagem publicada na edição 78, lançada em junho de 2020
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