Um passaporte não é apenas uma necessidade para quem tira férias; tem a ver com a liberdade do indivíduo, seu direito de viver e trabalhar em outros lugares e, em muitos casos, um estilo de vida melhor.
O recém-atualizado Henley Passport Index destaca como o poder do passaporte dos Estados Unidos e do Reino Unido vem diminuindo ano a ano e até que ponto o valor dos passaportes emitidos pelos países da Ásia-Pacífico aumentou. O Brasil permanece na 19ª posição do ranking, ao lado de Argentina e Hong Kong, com passaporte que dá acesso a 170 países.
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A pandemia mostrou que um passaporte fraco não é exclusivo de países menos avançados e que gestões ruins e resultados eleitorais podem mudar o poder de um passaporte em um curto período de tempo. Isso foi evidenciado em 2020, quando os norte-americanos começaram a comprar um segundo passaporte e os britânicos, em solicitar um segundo passaporte da União Europeia após o Brexit.
À medida que mais pessoas estão aptas a trabalhar de qualquer lugar, a pandemia de Covid-19 mostra que um segundo passaporte oferece a possibilidade de manter a liberdade de viajar para qualquer lugar. Inicialmente, esse era o valor dos passaportes norte-americanos e britânicos. Curiosamente, o passaporte mais poderoso do mundo em 2021 é o japonês. O Japão é um dos cerca de 50 países do mundo que não permite que uma pessoa tenha mais de uma nacionalidade.
Declínio dos Estados Unidos e ascensão dos países da Ásia-Pacífco
O Henley Index tem sido utilizado nos últimos 16 anos. De forma geral, os países da União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos eram os países com passaportes mais poderosos que permitiam aos seus cidadãos acesso livre a vários locais ao redor do mundo. Agora, há uma tendência de que os países da Ásia-Pacífico (13 países da região) se tornem os mais poderosos em termos de passaporte.
Nos últimos sete anos, os Estados Unidos caíram do primeiro ao sétimo lugar no ranking de passaportes mais valiosos. O poder do passaporte britânico vem diminuindo a cada ano e esse é o terceiro ano consecutivo em que o Japão ocupa a primeira posição, seja empatado com Singapura ou sozinho.
No curto prazo, o índice mostra que os desafios associados à Covid-19 também não serão benéficos aos EUA e ao Reino Unido. Embora ambos estejam em sétimo lugar na lista com acesso a 185 países, durante a pandemia, Estados Unidos e Reino Unido têm acesso a apenas 75 e 70 no Reino Unido, respectivamente.
À medida que os países da Ásia-Pacífico se recuperam mais rapidamente da pandemia, o índice prevê que esses passaportes continuarão a ser os mais poderosos no curto prazo também.
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Passaportes fracos são um problema para todos
A Covid-19 evidenciou que o valor de um passaporte não está relacionado apenas à influência econômica de uma nação. Se isso fosse verdade, cidadãos de países menos avançados com falta de liberdade social ou baixo desenvolvimento econômico teriam passaportes pouco valorizados.
O que fará com que o passaporte de um país perca posições na lista será falha de gestão de risco, prontidão de saúde e monitoramento e detecção. “Em outras palavras, a imobilidade global não é mais apenas uma situação difícil para os cidadãos de países menos avançados.”
Como aponta o Henley Index, a Covid-19 criou milhões de nômades digitais capazes de viajar de qualquer lugar. Greg Lindsay, diretor de pesquisa aplicada na NewCities, diz que “o termo nômade digital descreve efetivamente qualquer pessoa com a possibilidade de trabalhar em qualquer lugar. Além disso, milhares, senão milhões, estão buscando arbitragem pandêmica nas escolhas de destinos. A evidência é clara, incluindo um número recorde de americanos que buscaram uma cidadania secundária em 2020 e britânicos correndo para garantir o acesso à União Europeia antes do Brexit.
Informações contidas nos passaportes
Durante uma pandemia global, o poder do passaporte é ainda mais evidenciado. Atualmente, muitos contêm dados biométricos que detalham características e medidas pessoais.
Em alguns casos, os passaportes físicos não são mais necessários para passar pelas fronteiras e as pessoas podem passar pelos pontos de controle ao terem partes do corpo escaneadas, como olhos ou impressões digitais. A Eurostar começou a escanear rostos de passageiros em junho de 2020, a Emirates usa escaneamento de íris para check-in no aeroporto de Dubai, o aeroporto de Daxing em Pequim usa varreduras faciais como passaporte padrão e os aeroportos Charles de Gaulles e Orly em Paris estão planejando usar dados biométricos até 2024 para a Olimpíada de Paris.
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Alguns especialistas acreditam que os passaportes incluirão informações de saúde, permitindo uma “viagem segura” por terras estrangeiras, com as pessoas mais saudáveis passando livremente pelas fronteiras. Armand Arton, CEO da Arton Capital, acredita que as informações médicas presentes nos passaportes ajudariam a controlar a propagação de doenças, poderiam sinalizar o status de imunização, permitir o rastreamento e monitoramento da Covid-19 em tempo real e permitir restrições imediatas. Mas as questões de proteção de dados e liberdades civis trazem obstáculos à implementação de novas políticas.
Existem outros índices que calculam o poder dos passaportes com base em outros critérios. O Passaport Index da Arton Capital considera 193 membros das Nações Unidas e seis territórios: Taiwan, Macau, Hong Kong, Kosovo, Território Palestino e o Vaticano. Em 2021, esse índice coloca a Alemanha no topo da lista.
Os passaportes mais poderosos do mundo
Todos os anos, o Henley Passport Index coleta dados da International Air Travel Association (IATA) e analisa 199 passaportes e 227 destinos de viagem. O estudo analisa em quais países uma pessoa pode entrar sem a necessidade de visto. Conforme relatado pela “CNN”, ele é atualizado em tempo real ao longo do ano, seguindo as alterações na política de vistos. As restrições temporárias de viagem causadas pela Covid-19 não foram consideradas.
Veja na galeria a seguir os passaporte mais poderosos do mundo (e o Brasil) e os piores documentos, que dão acesso a menos de 40 países:
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Reprodução/Forbes 1º. Japão
191 destinos
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Getty Images 2º. Singapura
190 destinos
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Getty Images 3º. Coreia do Sul e Alemanha
189 destinos
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Getty Images 4º. Itália, Finlândia, Espanha e Luxemburgo
188 destinos
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Getty Images 5º. Dinamarca e Áustria
187 destinos
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Getty Images 6º. Suécia, França, Portugal, Holanda e Irlanda
186 destinos
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7º. Suíça, Estados Unidos, Reino Unido, Noruega, Bélgica, Nova Zelândia
185 destinos
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Getty Images 8º. Grécia, Malta, República Checa, Austrália
184 destinos
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Getty Images 9º. Canadá
183 destinos
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Getty Images 10º. Hungria
181 destinos
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Reprodução/Forbes 19º. Brasil, Argentina, Honk Kong
170 destinos
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Getty Images 103ª. Coreia do Norte
39 destinos
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Getty Images 104º. Líbia e Nepal
38 destinos
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Getty Images 105º. Território Palestino
37 destinos
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Getty Images 106º. Somália e Iêmen
33 destinos
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Getty Images 107º. Paquistão
32 destinos
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Getty Images 108º. Síria
29 destinos
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Getty Images 109º. Iraque
28 destinos
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Getty Images 110º. Afeganistão
26 destinos
1º. Japão
191 destinos
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