Com a temporada de 2021 da Fórmula 1 em andamento e o lançamento da nova F1 Fragrances Race Collection de cinco aromas unissex inspirados no campeonato de automobilismo mais prestiado do mundo, embalados em um frasco que imita as linhas aerodinâmicas do chassi do carro da categoria, conversei com Parag Vidyarthi, diretor da empresa britânica Designer Parfums, sobre comandar a criação do primeiro perfume da F1.
Forbes: Por que você decidiu lançar três categorias diferentes do primeiro perfume da F1? A edição de colecionador, de luxo, envolta em exoesqueletos de metal impressos em 3D e concebidos pelo visionário designer industrial galês Ross Lovegrove, a coleção intermediária com exoesqueleto de resina e a Race Coleção, a mais acessível?
Parag Vidyarthi: À medida que você entende mais sobre o processo e sobre os custos envolvidos na fabricação, isso permite determinar qual deve ser o preço de varejo. Mas para a Fórmula 1, eu realmente queria trabalhar com materiais como titânio. Achei importante trazer materiais da própria F1 para o projeto, e eles demandam valores finais mais altos, porque não são baratos. Ao mesmo tempo, precisamos produzir algo que também seja acessível, porque não queremos vender apenas 20 peças. Esse é um grande motivo pelo qual a Fórmula 1 está se movendo para as fragrâncias: para ampliar o apelo da marca e atrair fãs de várias maneiras diferentes.
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F: Quando foi que a F1 o abordou pela primeira vez?
PV: Temos conversado com eles há muitos anos, mas começamos esse processo por volta de 2016, que foi quando realmente percebemos que eles estavam interessados em um parceiro de fragrância. Não sei se éramos os únicos ou se falavam com outras pessoas, mas acho que gostaram do Dilesh Mehta, o dono da nossa empresa, de que somos uma empresa privada e do fato de não termos um portfólio enorme de marcas com as quais a Fórmula 1 ficaria perdida. Acho que o que é bom para eles é ter um parceiro que está comprometido com a marca. Para nós, a Fórmula 1 é extremamente importante e estamos realmente tentando desenvolver produtos que estejam à sua altura.
F: Por que você decidiu criar cinco fragrâncias diferentes?
PV: Quando se está criando uma fragrância para uma marca global, é muito difícil encontrar uma que funcione em todos os países. Então tentamos combinar os territórios em que a Fórmula 1 tem uma forte base de fãs com os que a perfumaria é popular. Para ser sincero, poderíamos ter criado 20 fragrâncias, mas sentimos que com cinco, chegamos a um ponto em que tínhamos uma boa mistura de fragrâncias, em que pelo menos uma funcionaria muito bem em cada lugar. O primeiro foi criado para a Europa, o segundo para a América Latina, o terceiro para o Oriente Médio, o quarto para a América do Norte (um dos maiores mercados de fragrâncias) e o quinto foi desenvolvido como uma espécie de fragrância global, que teria apelo em todos os lugares – mas era mais adequado para a Rússia.
F: Vocês pediram aos perfumistas contratados, Emilie Coppermann, Alexandra Carlin, Aliénor Massenet, Louise Turner, Fabrice Pellegrin e Pierre Gueros da Symrise, Firmenich e Givaudan, que eles se concentrassem em um mercado específico?
PV: Pedimos a cada uma das casas de fragrâncias que fizeram parte deste processo que criassem cinco fragrâncias, uma das quais funcionasse em cada um desses territórios ou olfativamente fosse adaptada a ele. Não olhamos quem era o perfumista ou a empresa. Avaliamos cada fragrância por seus próprios méritos, em vez de escolher um perfumista ou uma casa de fragrâncias específicas para trabalhar. Foi quase uma degustação às cegas. Queríamos ser justos com todas elas.
Para nós, era mais importante encontrar o melhor produto do que necessariamente trabalhar com uma casa de fragrâncias ou perfumista em particular. No final, acabamos ficando com três das melhores casas de fragrâncias e perfumistas mestres no projeto.
F: Como você fez uma linha coerente de fragrâncias se os perfumistas não mantinham contato uns com os outros?
PV: Conhecíamos a história de cada fragrância e onde queríamos que ela se encaixasse. E também conhecíamos o território e quais características olfativas combinavam com ele – então o processo se concentrou em encontrar uma fragrância que fosse tão bonita e adequada para cada um. Cada perfumista abordou isso de uma forma diferente, com sua própria história da Fórmula 1 e porque ela é uma marca importante.
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F: Como foi trabalhar com Ross Lovegrove?
PV: Trabalhar com Ross foi realmente inspirador. Ele foi muito aberto. Acho que ambos queríamos fazer algo diferente, não queríamos seguir o que todas as outras marcas estavam fazendo – e muito rapidamente a conversa mudou para a impressão 3D. Ao andar pelo estúdio dele, há muitas peças de arte e, enquanto ele falava desse processo conosco e nos contava o que estava fazendo com a impressão 3D, fiquei muito animado pensando nos materiais que poderiam ser usados. Acho que foi quando ficamos muito entusiasmados, ao perceber qual poderia ser o futuro desse projeto.
Ele me explicou que, na perfumaria, existe um processo de desenvolvimento que consome prazos de seis a nove meses. Com impressão 3D, esse tempo se reduz a dias. Desde que o designer mude o programa de computador que vai para a impressora 3D, é possível mudar o seu design quase imediatamente. Ser capaz de fazer algo assim é quase revolucionário no mundo das fragrâncias. Isso apenas abre todo um novo conjunto de possibilidades em termos do que podemos fazer com design em um projeto.
Você pode imprimir um ou quatro; é feito sob encomenda. Podemos produzir outros acabamentos, mas vai depender da demanda e do feedback que recebermos. Vamos decidir à medida que avançamos. A melhor coisa é que podemos criar novos designs – é só pedir ao Ross para criar outro design totalmente diferente.
F: Qual foi o custo de fabricação das fragrâncias de luxo e premium?
PV: Para as fragrâncias de luxo, os perfumistas recebiam um orçamento quase três ou quatro vezes maior do que as fragrâncias da Engineered Collection. As fragrâncias que vêm do mundo da alta perfumaria têm ingredientes mais caros, são mais poderosos e são um pouco mais incomuns, por isso não têm um apelo tão amplo. Não poderíamos cobrar US$ 10 mil por uma fragrância e usar matérias-primas baratas. Deve haver uma certa qualidade.
Mesmo na faixa de preço de US$ 250, comparando com marcas como Creed, Penhaligon’s ou Tom Ford com esses tipos de fragrâncias bastante distintas, estamos mirando em um mercado muito mais abrangente – então, em termos de cheiro, precisa ser um pouco mais comercial. Pelo preço que estamos vendendo, elas são ótimas fragrâncias, à altura de qualquer outra marca renomada de perfumaria por aí.
F: O que justifica o alto preço de US$ 10 mil dos perfumes de luxo da edição de colecionador?
PV: Por US$ 10 mil, você está pagando por uma obra de arte que é inspirada na Fórmula 1, com uma grande fragrância e projetado por Ross Lovegrove. Existem apenas 20 peças de cada design, então acho que é um item bem exclusivo – e é daí que vem esse preço. Por US$ 250, você está pagando pela fragrância porque está obtendo uma fragrância de alta qualidade naquela faixa de preço e, além disso, você está obtendo um incrível exoesqueleto de resina impressa em 3D que nunca foi feito nem visto antes.
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F: Os clientes que comprarem as edições de colecionador receberão todas as cinco fragrâncias?
PV: Para a edição de luxo, eles receberão as cinco. Para a edição regular, eles escolherão uma, que será pré-embalada, pronto para compra.
F: Que tipo de consumidor esses perfumes atraem?
PV: Recebemos um ótimo feedback de todos. O que acho muito legal é que talvez alguém não goste de todas as cinco fragrâncias, mas todos podem ser capazes de encontrar uma, duas ou até três delas que eles usariam e comprariam. Portanto, parece que entre as cinco, temos um bom espectro de fragrâncias que agradaria a todos.
Também não dissemos se era masculino ou feminino, então criamos algumas fragrâncias que são mais masculinas do que outras – mas na verdade muitas mulheres estão muito felizes em usá-las. Acho que é uma tendência atual dentro da perfumaria.
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