Não é todo mundo que resolve estudar vinhos ao experimentar um beaujolais. Mas foi exatamente uma versão natural (um Morgon 2007) desse tipo de vinho francês, frutado e fresco, elaborado a partir de uvas tintas Gamay, que fez Rodrigo Malizia, um dos sócios da importadora Cellar Vinhos, buscar aprender mais sobre o infinito mundo da vitivinicultura há cerca de dez anos.
De executivo do mercado financeiro com passagens por banco Modal, entre outros, ele se tornou winehunter. Em 2019, ao lado do ex-sócio da XP Investimentos Julio Capua, comprou a Cellar do empresário Amauri de Faria e, com uma estratégia que mescla muito marketing digital e cuidadosa curadoria de rótulos, vem tendo sucesso na empreitada. “Depois de ter viajado e estudado, comecei a ser procurado por importadores e amigos para ajudar a comprar. Vi que podia haver um negócio”, conta Malizia sobre o que deu o “start” ao projeto. “Começou no boca a boca. Nossa ideia no início era fazer marketplace para outras importadoras, a Adega Malizia.” No entanto, apareceu a oportunidade de adquirir a Cellar, uma importadora de duas décadas que funcionava em um esquema diferente do que é hoje. Em vez do e-commerce e marketing com foco no Instagram atuais, de Faria tinha um showroom pequeno e fazia vendas para um grupo exclusivo e fechado. “O embrião era ser uma consultoria e curadoria. Fomos para a importação por necessidade: para ajudar as pessoas a beberem o que querem pagando valor justo. Temos custo-benefício melhor, pois o valor que entregamos é o filtro”, afirma Malizia.
Em pouco tempo, o negócio de ofertar vinhos de alta gama, não exatamente conhecidos do público, fazendo bastante propaganda via redes sociais, deu frutos. “Quadruplicamos no primeiro ano e temos meta de triplicar neste ano. Temos suporte e geração de conteúdo grande”, diz. O grande foco é a França, mas a Cellar já começa a diversificar com produtores italianos, espanhóis e portugueses.
Hoje, a Cellar, que tem uma série de investidores nos bastidores (muitos saídos do mercado financeiro, como Fernando Vasconcellos, também ex-XP), conta com um grupo de especialistas que ajuda os “winelovers” a acharem suas caras-metades etílicas no site – ao lado de Malizia, vêm Julia Frischtak, Fernando Kwitko e Eduardo Araujo. Mas Malizia quer transformar a importadora em algo mais. “Para manter o corpo a corpo, precisamos transformar o site para fazer consultoria com inteligência artificial, algo que esperamos ter em três a quatro anos.” O empresário do vinho sabe, porém, que, para crescer ainda mais, talvez precise sair um pouco dos clientes que gastam em média R$ 1.500 no site. “Vamos ter que sair do AAA, mas sempre com elegância.”
Reportagem publicada na edição 87, lançada em maio de 2021.
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