Ao longo do século 21, o uísque escocês single malt consolidou seu status entre os investimentos de luxo mais reverenciados do mundo. A Dalmore foi fundamental nesse processo. Repetidas vezes, a histórica produtora das Terras Altas bateu recordes de preços de garrafas de uísque individuais. Esta semana, ela parece estar pronta para estabelecer um novo padrão de referência quando uma coleção ímpar for leiloada na Sotheby’s de Hong Kong. A Dalmore Decades No. 6 – conjunto de seis uísques que remonta a 1951 – deve render mais de R$ 3,74 milhões (US$ 680 mil) quando o martelo for batido.
É consenso que esta é uma época particularmente auspiciosa para a destilaria de Alness, que tem 180 anos. Além do leilão iminente, a marca acaba de lançar um novo envase em edição limitada de 30 anos. Será o primeiro de uma série contínua de alocações anuais de altíssimo padrão.
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A destilaria também acaba de iniciar uma colaboração de quatro anos com o V&A Dundee, primeiro museu da Escócia dedicado ao design. O objetivo da parceria é dar ainda mais destaque à energia criativa que permeia esse espaço – e ajudar a financiá-lo: a Dalmore está direcionando 15% da renda proveniente da venda da Decades ao V&A, o qual precisa arrecadar no mínimo R$ 7,42 milhões (US$ 1,35 milhão) por ano apenas para manter as luzes acesas.
Para dar o pontapé inicial na parceria, o V&A Dundee e a Dalmore coproduziram um filme de arte intitulado “Decades In The Making”. O sugestivo curta-metragem coloca em foco dois criadores visionários: Kengo Kuma, o arquiteto mundialmente famoso que está por trás do V&A Dundee (bem como do Estádio Nacional dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020), e o mestre destilador Richard Paterson, que, no ano passado, completou 50 anos de trabalho com a Dalmore.
Apelidado de “The Nose” (“O Nariz”) devido à sua abordagem sensorial sempre carismática e quase sobrenatural do single malt, Paterson revelou a Decades No. 6 pela primeira vez em um encontro especial no V&A Dundee no final do mês passado. A reação foi previsivelmente empolgada, com elogios especiais aos tons terrosos e vegetais da expressão de 1967, bem como à bomba de rancio carregada de couro que é o 1980. O lançamento do 2000, que passou um tempo em barris de Matusalem especiais da adega de xerez Gonzalez Byass, em Jerez, Espanha, é notável por ser o primeiro uísque escocês produzido no novo milênio: foi destilado à 00h01 de 1º de janeiro de 2000.
Obras de arte por dentro e por fora, as seis garrafas têm, cada uma, tampa folheada a prata desenhada individualmente, bem como um pedestal de exposição espelhado com iluminação que forma um halo. Elas serão apresentadas ao mundo por meio de um leilão global na Sotheby’s de Hong Kong em 8 de outubro, às 11h (horário local).
Embora a coleção Dalmore Decades No. 6 seja única, agora ela é acompanhada pela No. 5 Collection, que é ligeiramente mais acessível e contém cinco safras do período entre 1967 e 2000 selecionadas por Paterson. Há 15 conjuntos disponíveis globalmente a partir de R$ 1,5 milhões (US$ 272 mil). A No. 4 Collection contém quatro expressões que vão de 1979 a 2000. Há 25 conjuntos disponíveis por R$ 748 mil (US$ 136 mil) cada em lojas seletas do Reino Unido, França, Canadá e Holanda.
Embora esses tipos de líquidos sejam aspiracionais – para dizer o mínimo –, parte da genialidade de Paterson é sua habilidade de desenvolver um estilo da casa coerente e constante. Isso significa que, independentemente de você estar servindo uísque de uma garrafa de Trinitas 64 anos, que custa R$ 1,37 milhão (US$ 250 mil), ou de uma garrafa do básico Dalmore 12, que sai por R$ 330 (US$ 60), é garantido que será um malte equilibrado e com rica complexidade. Embora a influência do xerez seja comum aqui, não se trata das “bombas de xerez” habituais. São líquidos que muitas vezes combinam frutas escuras com pimenta e creme de caramelo. Quando se trata de um Dalmore, nunca é uma única nota, mas é sempre um uísque único.
Brad Japhe
Brad Japhe é um jornalista freelancer especializado em comidas, bebidas e viagens. Faz serviços extras como consultor de cerveja e destilados, promovendo encontros mensais de harmonização / jantares educativos em Los Angeles e Nova York e fazendo a curadoria de cardápios de bebidas para festivais e restaurantes. Ele prefere uísque escocês a bourbon, IPAs a Lagers e o In-n-Out ao Shake Shack. Sua raça de cachorro favorita é, sem dúvida, o husky siberiano, e ele sofre de um amor irracional e não correspondido pelo New York Knicks. Dê uma trolada nele no Instagram: @Journeys_with_Japhe
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