Os leilões de vinhos, historicamente, eram concentrados em Londres. Hoje em dia, com a mudança global, espalhou-se por Nova Iorque, Paris, Chicago, Califórnia, Beverly Hills, Londres e Hong Kong, adicionando aos eventos presenciais os online também.
O mercado gera milhões e milhões de dólares, fortunas que mudam de mãos e que beneficiam aqueles que estão no lugar certo com o montante certo para investir. Sim, investir, pois, vinho é sempre investimento. Seja ele para revender ou para compartilhar em momentos importantes (que eu considero todos, afinal, podem sempre ser o último).
Nós seres humanos, a maioria, temos a equivocada percepção de que a vida dura pra sempre. Quando ficamos doentes nos prometemos que faremos diferente e, de repente estamos nos repetindo. Veja bem, não é Carpe Diem gastar tudo e beber tudo, mas, ter a consciência do valor dos momentos. Por isso mencionei que todos os momentos são importantes, quando se trata de investir em vinhos para compartilhar na alegria e na tristeza.
Falemos logo da venda mais épica até hoje. Março, 2019, Hong Kong, US$ 29,8 milhões. Borgonha e Bordeaux no topo da lista, como sempre. Duas regiões que tem retorno garantido, mas, cada vez mais difíceis, pois a internet deixou tudo mais explícito e está pior do que a corrida ao ouro.
Uma prova disso é o documentário Sour Grapes, 2016, Netflix. Um bilionário francês, enófilo, contatou o FBI para desmascarar Rudy Kurniawam.
Indonésio, veio para os Estados Unidos e em 2001 se mudou para o subúrbio de Los Angeles e desenvolveu uma obsessão por vinhos californianos. Com o dinheiro da família, supostamente, ele virou sua atenção para Borgonha.
Suas festas eram frequentadas por hollywoodianos, banqueiros e os titãs do mundo tech. Ele esbanjava ter muito dinheiro e abria ícones da história do vinho como 1920 Petrus, 1945 Romanée-Conti, 1947 Château Lafleur. Em poucos anos estava vendendo milhões para os americanos mais ricos e “entendidos” de vinho.
Um dos maiores casos de fraude, um gênio em absoluto. Pena que usou a genialidade para o mal e não para o bem, que desperdício.
Por falar em Borgonha, a Sotheby’s vai fazer O leilão de DRC, Domaine de la Romanée-Conti, amanhã (2), em Beaune no coração da Borgonha. Uma coleção privada que inclui algumas das raridades extremas de magnums e matusaléns. Todos os vinhos adquiridos direto do Domaine, espetacular garantia de qualidade.
Safras entre 1998 e 2011, inclusa 2000 e 2010, duas épicas, com pré-venda estimada entre US$ 797mil e US$ 1,05 milhão. O elefante branco é a matusalém, equivalente a oito garrafas de 750 ml, safra 2000. O vinho desse formato tem uma longevidade muitíssimo maior que o formato normal. Pode-se dizer que este DRC está jovem para ser bebido e que vai começar a atingir seu momentum em pelo menos dez anos.
Mês passado foi vendida uma matusalém de DRC 2002 por US$ 398 mil em Hong Kong. Tudo que acontece lá, atinge recorde de preço. Realmente outros valores, parâmetros e riquezas.
A Zachys vai ter o primeiro leilão presencial dos últimos dois anos em NY. Um, no Zuma, e o outro, depois, no Bernardin. A seleção de brancos, estes que considero elixires e os maiores estimulantes sensoriais e gustativos: Coche-Dury, Domaine Leflaive, Raveneau, DRC. Tem também Rousseau, Roumier, mais DRC e Dujac. Esses só pra começar. Eu tive a oportunidade de tomar Georges Jayer (tem que ser o pai, tudo antes do vintage 2011) no restaurante Lucia, em Carmel na Califórnia, com meu marido e, tem uma caixa de 1999 Echezeaux nesse leilão. Um sonho!
As casas de leilão mais de confiança são a Sotheby’s, a Christie’s e a Acker Merrall, fora as online. A Vinovest, por exemplo, é uma empresa de investimentos em vinhos e pode ser um começo para quem quer entrar nesse mercado.
Infelizmente, a lei da demanda e procura impossibilita muitos dessa experiência, a de degustar o que a natureza e o homem, quando focados no melhor de si para o bem, conseguem fazer.
Que nós seres humanos e a natureza continuemos no nosso caminho de evolução para produzir mais beleza e magia!
Tchim-tchim.
Carolina Schoof Centola é empreendedora do mundo do vinho plus sommelière, especializada na região de Champagne. Em Milão, foi a primeira mulher a participar do primeiro grupo de PRs do Armani Privé.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.