Nome mais conhecido da alta gastronomia brasileira, Alex Atala lança, em 15 de dezembro, uma linha de pratos prontos em parceria com a empresa de refeições corporativas Sapore. Enquanto no D.O.M., restaurante mais premiado do chef, um cliente não gasta menos de R$ 640 (valor do menu degustação sem bebidas em dezembro de 2021), os congelados da Sapore inbox por Alex Atala chegam aos supermercados e empórios com preço sugerido a partir de R$ 29.
“Faço questão que essas refeições sejam baratas. Fazer caro para pouca gente foi o que fiz a vida inteira, e quero inverter essa lógica”, diz Atala. “Cheguei a um momento da minha carreira em que posso subir os desafios. Comida boa não precisa ser cara. Precisa de ingredientes bons, procedimentos bons, métodos bons, processos bons.” Um exemplo: seus congelados levam em conta o aquecimento em casa para calcular o ponto final dos alimentos.
No Dalva e Dito, outro restaurante do chef em São Paulo, os valores do cardápio já não são os do D.O.M. – o estrogonofe do Dalva e Dito, por exemplo, custa R$ 83. Mas os pratos para supermercado estão em outro patamar. Em termos de escala também.
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Hoje Atala atende cerca de 60 pessoas por dia no D.O.M. e outras 100 no Dalva e Dito. Já a Sapore serve diariamente 1,3 milhão de refeições em mais de 1.100 restaurantes corporativos no Brasil. No novo projeto, o chef calcula que produzirá 1.000 refeições diárias. Mas Daniel Mendez, presidente da multinacional, prevê ir além. “Sou bem mais ousado que isso”, diz. “A Sapore tem logística, operações funcionando e tecnologia para garantir grande quantidade padronizada.”
Atala e Mendez já vinham conversando sobre caminhos para uma atuação conjunta havia quatro anos. Na pandemia, a parceria deslanchou. “Trabalhei 30 anos para trazer pessoas para dentro de quatro paredes e, durante a pandemia, entendi que não tenho mais que esperar elas virem, eu tenho que ir a elas”, diz Atala. Mendez também viu seu negócio se transformar: “O que já iria acontecer mais dia, menos dia se acelerou”.
Mesmo antes do desenvolvimento da linha com o chef, a Sapore vinha manobrando em novos territórios. Se parte dos funcionários dos clientes estava em casa, a empresa foi para lá também: desde junho de 2020, entrou nos home offices (e em outros momentos da vida do consumidor) com refeições prontas comercializadas via aplicativos de entrega e supermercados. Seu faturamento bruto, que foi de R$ 2 bilhões em 2019 para R$ 1,7 bilhão em 2020, tinha previsão de fechar 2021 em torno de R$ 2 bilhões novamente.
O lançamento da Sapore inbox por Alex Atala acontece inicialmente no varejo de São Paulo, mas a ideia é expandir para outras regiões e canais, inclusive os restaurantes corporativos mantidos pela Sapore.
São seis opções de pratos congelados com sabores da culinária brasileira: frango com quiabo acompanhado de farofa de alho e arroz de brócolis; ragu de rabada com mandioca assada e arroz branco; filé de peixe com alcaparras, purê de banana e arroz 11 grãos; picadinho de filé guarnecido com farofa de alho e arroz branco; carne cozida acompanhada de purê de batata, brócolis e couve-flor no vapor; e estrogonofe vegano de grão-de-bico com arroz branco e batata palha.
No futuro, o plano é comercializá-los em outros países – a Sapore já atua no México e na Colômbia. “O Atala é muito conhecido no exterior”, diz Mendez. “A gente vai fazer um primeiro trabalho aqui, depois levar a experiência da nossa gastronomia para fora do Brasil.”
Eventos
Atala e Sapore se unem também para atender eventos, a começar pelos camarotes do Carnaval carioca. Ambos trazem bagagem no setor: a Sapore foi responsável pela alimentação das Olimpíadas do Rio, além dos festivais Lollapalooza e dos campeonatos de hipismo DTC Tour, e recentemente firmou parceria com o Beto Carrero World; Atala já atuou no XP Experience, na Fórmula 1, no Carnaval no Rio e na House of Progress, da Audi.