Voar de helicóptero significa fazer em menos de 10 minutos um trajeto que levaria mais de uma hora por via terrestre. E não apenas com rapidez, a quase 300 km/h, mas com conforto. Esse é o lema da Agusta, divisão de aeronaves de luxo da italiana Leonardo SpA, que preza pela rapidez e elegância.
Com presença em 150 países e atuante também nas áreas de defesa, segurança e aeroespacial, a multinacional é hoje um dos principais players do segmento mundial de helicópteros e detém 40% do market share civil global, especialmente no ramo da personalização.
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Nos centros da companhia na Itália, os clientes, que vão de altos executivos a sheiks do Oriente Médio e estilistas de grifes de luxo, podem escolher os mínimos detalhes da sua nova aquisição, em um processo que leva até 18 meses para ser finalizado. É possível decidir desde o material do interior da aeronave (entre couro, corino, fibra de carbono e madeira, em diferentes cores), além de acessórios e opções de entretenimento, como TVs e tablets.
“Eles gostam mesmo é de se sentir confortáveis, em um ambiente aconchegante. Somos conhecidos pelo design italiano e pela tecnologia, como a soundproof, que permite conversar tranquilamente e sem fone de ouvido durante a viagem”, explica Rubens Cortelazzo, head da divisão de vendas no Brasil.
Os valores, a depender do tamanho da aeronave, partem de € 3,8 milhões (R$ 24,4 milhões). Mas não há limites quando o assunto é customização. Entre os pedidos mais inusitados que os executivos da empresa no Brasil já presenciaram, está uma piscina dentro do helicóptero (o que foi impossível atender) e bancos feitos de diamantes. Outra personalização emblemática foi feita para um dos presidentes da Ferrari, que pediu que o interior da aeronave reproduzisse um dos carros da montadora. “Conseguimos fazer tudo no gosto do cliente, mas sempre prezando pela segurança”, ressalta Cortelazzo.
Entre a variação de modelos da Agusta, o mais caro (e dos mais inovadores) é o AW609, com um valor médio de € 25 milhões (mais de R$ 160 milhões). Novidade no mercado mundial, ainda não disponível no Brasil, a aeronave é a primeira do tipo tiltrotor (com hélices que funcionam tanto na vertical como na horizontal) a ter foco na operação civil, e não na militar. Entre suas novidades, está a possibilidade de transporte por longas distâncias, como em um avião, com a praticidade do helicóptero.
MERCADO AQUECIDO
O mercado de helicópteros atingiu a marca de US$ 50,42 bilhões (R$ 288 bilhões) em 2020 e espera-se que ultrapasse os US$ 69 bilhões (mais de R$ 394 bilhões) até 2028, com uma taxa de crescimento de 4% ao ano, segundo projeções da consultoria Fortune Business Insights.
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Um dos principais motivos da expansão é o setor civil. No Brasil, onde a Leonardo atua desde a década de 1990, a tendência já é observada há tempos: o segmento comercial VIP é o mais importante da companhia, seguido do público (governos e polícias) e do offshore.
Mesmo com os efeitos da pandemia, os executivos nacionais da Leonardo descrevem 2020 como “magnífico” e ressaltam que o mercado de luxo internacional tem se mostrado bastante promissor. “Tivemos um resultado tão bom quanto 2012, fechando 2020 com vendas expressivas e um crescimento de 5% nos últimos quatro anos”, afirma o head da divisão de vendas. Neste período, a divisão de helicópteros foi responsável por 30% da receita geral da multinacional, com faturamento de € 4 bilhões (R$ 25,7 bilhões).
Por aqui, um dos motivos que explicam a maior busca por esse tipo de produto de luxo é a dimensão continental brasileira e a dificuldade de mobilidade terrestre. Não à toa, São Paulo é a cidade com a maior frota de helicópteros do mundo: segundo dados da Abraphe (Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero), a capital paulista ultrapassa megalópoles como Nova York e Tóquio, com um pouso a cada 45 segundos na cidade.
Para Eduardo Affonso, CEO da divisão de helicópteros no Brasil, a preferência tem muito a ver com praticidade: “Hoje se vê uma necessidade muito grande desse tipo de aeronave no Brasil inteiro. Para um empresário, ela representa um transporte com muito mais rapidez e segurança”.
Para atender a demanda cada vez maior, a empresa teve que investir em infraestrutura. Gastou recentemente R$ 60 milhões em um novo centro de manutenção em Itapevi (SP), com seis mil metros quadrados de área construída. A importância da expansão, segundo Affonso, é apoiar a frota crescente de aeronaves no país, que hoje conta com 200 unidades em operação.
“A novidade significa um novo momento para nós, uma mudança muito grande para fomentar novos negócios e deixar o mercado brasileiro bem amparado. Não dá para comprar um produto de luxo, multimilionário, e não ter suporte de reparo e garantia”, conta o CEO. Além da oficina, o centro ainda conta com treinamentos para pilotos e técnicos e estoques de peças e materiais para suprir as máquinas e outras unidades de manutenção pela América Latina.
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