Nos últimos anos, a Europa passa por um sério problema: o envelhecimento sem freio de sua população. Com menos nascimentos e uma expectativa de vida cada vez maior, a perspectiva é de que até 2050 um terço da população do continente terá mais de 65 anos, acima dos 20% atuais, enxerga a Comissão Europeia. Projeções atuais também apontam que a população da UE atingirá seu pico em 2040, com 526 milhões de habitantes – hoje esse número é de 447 milhões -, para depois ter uma queda de 30 milhões até o final do século.
Galeria de fotos:
Mas nem é preciso olhar para o futuro para ver a crise demográfica. Atualmente, segundo dados de 2021 da Statista, a Europa já lidera a proporção da população idosa com 19%, seguida pela América do Norte (com 17%) e a Oceania (13%). Entre os países que envelhecem mais rápido está a Itália, com uma população em encolhimento constante desde 2014 – segundo o presidente da Instituição Nacional de Estatística da Itália (Istat), Giancarlo Blangiardo, a perda acumulada em quase uma década é de 1,36 milhão de habitantes.
Leia também:
- Como ser pago para viajar o mundo? Eis o segredo
- Como ter casa na Europa? Imóveis de € 1 e visto de nômades digitais são opções
- Quer ser um nômade digital? Para morar em Bali, o visto sai por US$ 142 mil
O país da dolce vita é a segunda nação mais velha do mundo, atrás somente do Japão. Por lá, as pessoas com mais de 65 anos somam de 4,2% a 23,8% do total da população, enquanto a faixa etária abaixo dos 15 anos diminuiu de 34,2% para 12,7% – uma proporção de 187,9 idosos para cada 100 jovens. E uma idade média de 46 anos.
Este cenário de crise já acendeu o alerta da Itália, mas ela não está sozinha. A preocupação é tanta que certas nações europeias, em um esforço de atrair novos moradores (especialmente famílias com filhos), estão dispostas a pagar milhares de euros por isso. Sim, pagar às pessoas para se mudarem para suas cidades, em sua maioria antigas, isoladas e com pouquíssimos habitantes, para dar um gás na economia local e criar comunidades que se perpetuem por mais tempo, além de revitalizar imóveis abandonados.
Os incentivos para morar na Europa, da Irlanda à Grécia, podem chegar a € 84.000 por pessoa (aproximadamente R$ 440 mil), em programas governamentais com orçamentos de até € 45 milhões. É claro que existem pegadinhas, com cada destino tendo suas próprias regras e condições para dar tanto dinheiro para novos moradores. Mas a intenção é clara, em uma corrida contra o tempo.
É seu sonho morar na Europa? Veja a seguir 12 iniciativas de países do continente que podem te ajudar a realizá-lo – te pagando por isso, inclusive
-
Getty Images Irlanda
Em junho, a Irlanda anunciou que pagará até € 84.000 (cerca de R$ 440 mil) às pessoas que se mudarem para uma das 30 ilhas remotas do país. O programa governamental “Nossas Ilhas Vivas” visava revitalizar as propriedades abandonadas que adornam as paisagens das ilhas. Os aspirantes a moradores precisam comprar e possuir uma residência, desde que tenha sido construída antes de 1993 e permanecido vaga por pelo menos dois anos. O dinheiro recebido só pode ser usado em trabalhos de construção, para melhorias estruturais e reformas.
-
Getty Images Albinen, Suíça
Nos Alpes Suíços, a cidade de Albinen, com menos de 250 residentes, disse que pagaria até € 50.000 (R$ 273.755) para famílias se mudarem para lá. Ao total, seriam 25.000 francos suíços (R$ 138.520) para adultos com menos de 45 anos e 10.000 francos suíços (R$ 55.410) por criança.
O subsídio foi aberto primeiro para cidadãos suíços ou estrangeiros qualificados que viveram na Suíça por tempo suficiente para obter uma residência ‘autorização C’. Os candidatos também deveriam morar em uma casa no valor de pelo menos 200.000 francos suíços (R$ 1.095.023) e se comprometer a morar em Albinen por 10 anos.
-
Getty Images Ponga, Espanha
Nas montanhas do norte da Espanha, a cidade de Ponga ofereceu até € 3.000 (R$ 16.425) para famílias com filhos e até € 2.000 (R$ 10.950) para solteiros ou casais sem filhos. Quem aumentasse a população receberia um adicional de € 3.500 (R$ 19.162) por cada bebê nascido na aldeia.
Para aproveitar a oferta, as pessoas deveriam concordar em morar lá por pelo menos cinco anos, em um esforço de impulsionar a economia local.
-
Getty Images Rúbia, Espanha
A vila de Rúbia, com 1.400 residentes na região noroeste da Galiza, a duas horas e meia de carro de Santiago de Compostela, anunciou o pagamento de até € 150 (R$ 820) por mês aos novos moradores – de preferência famílias. O subsídio esperava aumentar o número de alunos nas escolas locais.
-
Anúncio publicitário -
Getty Images Antikythera, Grécia
A Igreja Ortodoxa Grega fez um plano de pagar às famílias para se mudarem para a Ilha de Antikythera, na região sul do país. Os novos residentes receberiam uma casa e um terreno, além da quantia de € 500 (R$ 2,6 mil) mensalmente durante os primeiros três anos.
-
Getty Images Santo Stefano di Sessanio, Itália
Na região de Abruzzo, a vila de Santo Stefano di Sessanio ofereceu até € 44.000 (R$ 236 mil) em subsídios para quem topar se mudar e trabalhar por lá. A oferta inclui uma bolsa de até € 8.000 por ano durante 36 meses – um total de € 24.000 – e, para quem deseja abrir um negócio, uma cota única de € 20.000. Como se isso não fosse suficiente, a cidade também disponibiliza um lugar para morar com um valor de aluguel “simbólico”, ou seja, muito barato.
Entre os requisitos, os candidatos precisam ter pelo menos 18 anos, mas não mais que 40, serem residentes da Itália ou da União Europeia (ou ter a capacidade de se tornar um), em um lugar com mais de 2.000 habitantes.
-
Getty Images Presicce, Itália
Presicce, uma pequena e charmosa vila conhecida como a “cidade do ouro verde”, anunciou que pagaria até € 30.000 (cerca de R$ 160 mil) às pessoas para comprar uma casa e se mudar para lá.
-
Getty Images Calábria, Itália
A ensolarada região da Calábria, no sudoeste da Itália, ofereceu até € 28.000 (R$ 153.303) para pessoas dispostas a se mudar para um vilarejo com menos de 2.000 residentes.
-
Getty Images Sardenha, Itália
A ilha mediterrânea da Sardenha se preparou para pagar às pessoas € 15.000 cada (aproximadamente R$ 80.500) para se mudarem para lá. Para atrair novos moradores em um esforço de combater a diminuição da população, o governo sardenho reuniu um orçamento de € 45 milhões (R$ 230 milhões) – o suficiente para subsidiar 3.000 doações.
Para ser elegível, você deve se mudar para uma cidade da Sardenha com uma população de menos de 3.000 habitantes. O dinheiro também deve ir para a reforma de uma casa. É preciso morar lá em tempo integral (ou seja, não são permitidas casas de férias). Dentro de 18 meses, é preciso registrar a Sardenha como sua residência permanente.
-
Getty Images Locana, Itália
Na região de Piemonte, a cidade alpina de Locana ofereceu pagar até € 9.000 (cerca de R$ 48 mil) em três anos para famílias que topassem se mudar e residir em meio aos picos nevados e vales verdes, desde que tivessem pelo menos um filho e um salário mínimo anual de € 6.000 (R$ 32.000)
-
Getty Images Candela, Itália
No sul do país, na Puglia, a pequena cidade de Candela tem cerca de 2.700 habitantes e é uma das mais seguras da Itália. A vila ofereceu € 800 (R$ 4,2 mil) para solteiros, € 1,3 mil (R$ 7 mil) para casais e € 2 mil (R$ 10.700 mil) para famílias, assim que se mudassem. Para serem elegíveis, os recém-chegados tinham de alugar uma propriedade, além de garantir um emprego com um rendimento mínimo de € 7,5 mil (R$ 40.200 mil) por ano.
-
Getty Images Mântua, Itália
Na região da Lombardia, Mântua pretende atrair novos residentes com incentivos em dinheiro a partir de setembro de 2023. O município de 49 mil habitantes pagará € 150 (R$ 800) para quem se mudar para a cidade por pelo menos um ano. Há um total de € 400.000 (R$ 2,1 milhões) disponíveis em subsídios do governo, com metade do valor alocado este ano e a outra em 2024. A quantia seria suficiente para financiar 100 candidaturas, segundo o conselho.
Irlanda
Em junho, a Irlanda anunciou que pagará até € 84.000 (cerca de R$ 440 mil) às pessoas que se mudarem para uma das 30 ilhas remotas do país. O programa governamental “Nossas Ilhas Vivas” visava revitalizar as propriedades abandonadas que adornam as paisagens das ilhas. Os aspirantes a moradores precisam comprar e possuir uma residência, desde que tenha sido construída antes de 1993 e permanecido vaga por pelo menos dois anos. O dinheiro recebido só pode ser usado em trabalhos de construção, para melhorias estruturais e reformas.
Leia também: