Minha vida foi ligada à arte desde cedo, através do ambiente na casa de meus pais e o universo intelectual que eles nutriam, mas principalmente pela minha relação com meu avô, diretor da Escola de Belas Artes da Universidade de Pernambuco. Ele me levava em suas visitas regulares aos ateliês dos artistas. Foi uma experiência cultural extraordinária para a menina curiosa que eu era. Hoje, olhando para trás, meu avô querido devia estar desenhando ou prevendo o futuro da neta.
Pesquisas recentes da Mental Health Foundation na Inglaterra indicam que maior o contato com a arte mais a visão sobre a vida se amplia. Como galerias e museus são espaços curatoriais que privilegiam a observação e o silencio, eles nos induzem automaticamente à reflexão, diz o estudo. Esta atmosfera propicia a nos desconectarmos dos problemas, estimulando a conexão com nossos sentimentos. Por outro lado, a arte nos conecta com outras visões do mundo, alargando a mente, acrescenta a pesquisa.
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Frequentemente, a arte é comparada a produto de luxo, na verdade, estudos comprovam que o cérebro a encara como mais um instrumento para o exercício de meditação, fundamental para o bem-estar. Estimular a autoconfiança, nos tornando mais proativos e resilientes, está entre outros benefícios que a arte promove, segundo a fundação inglesa, que fez outra descoberta salutar envolvendo a arte, ela alivia a tensão, o stress e a depressão. Em 2019, um ano 2 antes da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou a convivência com a arte entre os fatores de redução de doenças mentais, solidão e até envelhecimento.
Segundo Susan Magsamen, coautora de “Your Brain on Art: How the Arts Transform Us”, ainda não publicado no Brasil e na lista de livros bestsellers de 2023 do jornal The New York Times: “Fala-se muito nos benefícios da meditação, porém poucos sabem que a arte também potencializa mudanças positivas na mente. Nosso cérebro é dotado de cem bilhões de neurônios prontos para serem conectados, quanto maior o convívio com a arte maior a conexão das sinapses com os órgãos sensoriais. Grande parte dessas conexões se desenvolvem durante a infância trazendo benefícios para a vida toda. Nunca é tarde para usufruirmos de experiências estéticas, elas auxiliam o desenvolvimento de um cérebro mais resistente e a entendermos com mais clareza a complexidade das emoções humanas”.
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Para nossa galeria, 2023 foi um ano de muito trabalho, mas pleno de realizações e, como enfatiza a escritora, também de maior entendimento das complexas emoções humanas. Em dezembro rememoramos o falecimento precoce de Carlito Carvalhosa e recebemos a triste notícia da morte de outro grande artista brasileiro, o pernambucano José Claudio, grande amigo, a quem serei eternamente grata por ter me colocado nesse rumo. No mais, organizamos uma infinidade de exposições em nossos três endereços e em museus, e nossos artistas participaram de diversas ações institucionais, aqui e no exterior.
Sem dúvida, a mais inusitada delas envolveu a obra “Observatório Meta Oiko” (2023) de Artur Lescher (foto em destaque). A convite das curadoras Patricia Amorim e Graziela Martini do Instituto Artium de Cultura, Lescher foi selecionado para expor na terceira edição de”Forever Is Now”. Reunindo artistas de quatorze países, o evento encerrou em novembro e aconteceu no sítio arqueológico de Gizé, no Egito, próximo às pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, construídas há cerca de 4.500 anos!
Um Feliz Ano Novo para todos é o que deseja a equipe da Galeria Nara Roesler! Saravá 2024!
Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) [email protected]
Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.
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