Cidades com a acessibilidade a serviços próximos ao local de residência é fundamental para garantir uma boa qualidade de vida. Todos desejam poder acessar, em uma curta distância, serviços como médicos, escolas, academias, locais de trabalho, parques e supermercados — e, melhor ainda, se isso puder ser feito a pé ou de bicicleta.
Recentemente, foi publicada uma pesquisa sobre “cidades de 15 minutos” na revista Nature Cities, desenvolvida pelos Laboratórios de Ciência da Computação da Sony (Sony CSL) em Roma. O estudo identifica as melhores cidades que se enquadram nesse conceito, além de oferecer uma ferramenta para que os usuários possam verificar como suas cidades se posicionam globalmente. Essa ferramenta utiliza dados de código aberto e analisa 10.000 cidades ao redor do mundo.
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Paris: Um Exemplo de Cidade de 15 Minutos
O conceito de cidade de 15 minutos surgiu na década de 1960, mas ganhou notoriedade nas políticas urbanas a partir de 2016, impulsionado pelo trabalho do cientista francês-colombiano Carlos Moreno. Na França, essa abordagem é conhecida como “la ville du quart d’heure”. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, adotou esse conceito para implementar políticas públicas que vão desde a criação de ciclovias até a remoção de faixas exclusivas para veículos ao longo das margens do rio Sena. Hidalgo utilizou essa ideia como parte de sua campanha eleitoral em 2014, mas ela ganhou um novo impulso global durante os lockdowns da pandemia.
Matteo Bruno, autor principal do estudo, explica que essa pode ser uma das razões pelas quais Paris se destaca na nova pesquisa. Apesar de ser uma das maiores cidades do mundo, Paris se caracteriza por uma infraestrutura que facilita o deslocamento, com uma “porção considerável da cidade” acessível dentro da marca de 15 minutos.
Cidades Europeias em Destaque
O mapa apresentado no estudo mostra as áreas classificadas como “cidades de 15 minutos”, coloridas em azul, enquanto aquelas que não se enquadram no conceito aparecem em vermelho. A densidade populacional desempenha um papel crucial: em áreas com alta concentração de habitantes, há uma maior disponibilidade de serviços acessíveis em distâncias menores. Nesse sentido, cidades como Milão e Barcelona se destacam por sua compactação.
Os pesquisadores observam que as cidades europeias tendem a se sair melhor nesse quesito, pois foram planejadas antes da popularização do uso de automóveis, obrigando a criação de uma infraestrutura que atendesse à proximidade dos serviços, especialmente em seus centros urbanos.
Por outro lado, o estudo revela que grandes cidades nos Estados Unidos, como Atlanta e Los Angeles, estão muito distantes do ideal de uma cidade de 15 minutos. Em contrapartida, diversas áreas de Nova York, São Francisco e Milwaukee se adequam a essa regra, com Manhattan se destacando como uma das partes mais densas do país, oferecendo fácil acesso a uma variedade de serviços.
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Considerações Finais
É importante ressaltar que o conceito de cidade de 15 minutos não deve ser o único critério na escolha de um local para viver. Embora muitas cidades europeias possam oferecer uma ampla gama de amenidades, esses dados não consideram que muitos residentes vivem em apartamentos e não têm acesso a espaços ao ar livre, um fator que pode impactar significativamente a qualidade de vida.
Os planejadores urbanos e potenciais moradores devem levar em conta outros aspectos que contribuem para uma cidade ideal, como igualdade, qualidade do transporte público, tráfego reduzido e a eficácia dos serviços de saúde e educação.