O ator de Hollywood Tom Holland lançou recentemente a Bero, uma marca de cerveja sem álcool que se posiciona na vanguarda de um movimento crescente em prol do consumo consciente. Embora a indústria pareça atualmente dominada por bebidas apoiadas por celebridades, ele não é o primeiro a seguir esse caminho, mas está entre os primeiros a se dedicar exclusivamente a uma marca de cerveja sem álcool – uma decisão que pode redefinir percepções sobre sobriedade e bem-estar na cultura popular.
O mercado global de cerveja sem álcool está crescendo rapidamente, avaliado em US$ 21,9 bilhões (R$ 131,6 bilhões) em 2024 e projetado para alcançar US$ 31,9 bilhões (R$ 191,9 bilhões) até 2028, segundo a The Business Research Company. A entrada de Holland nesse segmento, alinhada a mudanças culturais e eventos como o Janeiro Seco, destaca a importância de seu pioneirismo.
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“O status de celebridade dele já é suficiente para chamar atenção e despertar curiosidade sobre a marca”, afirma Kyra Taurman, diretora criativa executiva da empresa de inteligência de mercado Gradient, por e-mail. “Ser a primeira celebridade nesse espaço dá a ele a oportunidade de se posicionar como líder no mercado de cerveja sem álcool.”
A conexão pessoal de Holland com a marca fortalece sua relevância. Após compartilhar publicamente sua decisão de parar de beber, a transparência do ator agrega credibilidade à Bero. Diferentemente de empreendimentos de celebridades que parecem desconectados do estilo de vida de seus donos, a Bero reflete os valores do próprio ator. Taurman destaca a importância da autenticidade no mercado de bebidas sem álcool: “Sobriedade é um tema sério demais para superficialidade ou falta de sinceridade. Tom lançou uma marca que se alinha ao estilo de vida dele, tornando a Bero mais acessível e confiável.”
Essa coerência contrasta com outras iniciativas de celebridades no setor de bebidas alcoólicas que enfrentaram críticas por contradições aparentes. Taurman menciona o recente lançamento de uma marca de spritz alcoólico por Jennifer Lopez, que gerou ceticismo devido ao compromisso previamente declarado dela com a sobriedade. Ao basear a Bero em suas próprias experiências, Tom Holland evita esses problemas e constrói confiança com os consumidores, especialmente entre os mais jovens.
O lançamento da Bero aproveita a mudança geracional nos hábitos de consumo de bebidas, especialmente entre a Geração Z. Esse grupo, que consome 20% menos álcool do que os millennials em média, prioriza a saúde mental e o bem-estar. Um relatório da World Finance revela que 86% dos consumidores da Geração Z consideram sua saúde mental tão importante quanto a física ao avaliar o consumo de álcool. Essa mudança criou uma demanda crescente por alternativas sem álcool que permitam rituais sociais sem comprometer a saúde.
“A Geração Z busca conexões genuínas”, diz Taurman. “Eles estão se conectando por meio de adaptógenos sem álcool, spritzes e misturas em vez de lamentar a tequila da noite anterior. As bebidas sem álcool são uma maneira de manter o ritual social vivo sem comprometer a reputação ou a saúde.” A Bero se posiciona dentro desses valores, apresentando-se como uma opção cotidiana, e não apenas como substituto para ocasiões especiais.
Para manter o impulso, a Bero precisará inovar e se diferenciar no competitivo mercado de bebidas sem álcool. Taurman sugere que colaborações além do setor tradicional de bebidas podem ajudar a atrair novos públicos. “Parcerias com marcas de tecnologia, moda ou bem-estar podem gerar interesse e atrair novos consumidores”, explica ela. O design das embalagens também representa uma oportunidade. Rótulos chamativos que contam uma história podem incentivar os consumidores a escolherem a Bero em vez de marcas mais estabelecidas, como a Heineken.
Envolver os consumidores por meio de experiências imersivas poderia ainda fortalecer a presença da marca. Taurman sugere laboratórios de bebidas personalizáveis em eventos como feiras gastronômicas ou campi universitários, onde os consumidores poderiam criar suas próprias bebidas sem álcool. “Esse tipo de experiência deixa uma impressão duradoura”, diz ela. Essas estratégias ajudariam a consolidar a Bero como parte da cultura de consumo cotidiano, além dos impulsos sazonais, como o Dry January.
A entrada de Tom Holland no mercado de cervejas sem álcool acontece no momento em que o movimento sober-curious ganha força, amplificado por endossos de celebridades. No entanto, manter o interesse exigirá compromisso com a inovação e alinhamento com os valores dos consumidores mais jovens.
Taurman prevê que essa tendência continuará, com mais figuras de destaque entrando nesse espaço: “Misturar consumidores sober-curious com produtos de estilo de vida endossados por celebridades apenas ampliará a participação de mercado das bebidas sem álcool.”